Nomeada no início deste ano no comando da secretaria de Turismo de Campos, Patrícia Cordeiro tem experiência na área de Comunicação e de Turismo. É jornalista por formação e turismóloga. Já atuou em várias áreas do Legislativo Municipal, também do executivo, foi Secretária de Cultura, esteve à frente de secretarias importantes nas cidades de Silva Jardim, Nova Friburgo. No governo Wladimir Garotinho assume a função de subsecretária de turismo desde o início da gestão e agora secretária. Na entrevista, Patrícia destaca ações, planejamento da pasta e fala de sua expectativa para 2024.
A secretaria de Turismo foi criada no governo Wladimir, no entanto, apesar de estar à frente da subsecretaria à época, sua nomeação só se deu no início deste ano. Outro secretário foi nomeado quando da criação da secretaria. Isso te afetou de alguma maneira pessoal ou profissionalmente ou politicamente?
São 25 anos de atuação. Os atos administrativos são contínuos, sempre. Pelo menos deveriam ser. Já os atos políticos nem sempre são contínuos e, ao contrário da percepção, eu fiquei no mesmo lugar que eu estava. Eu já estava subsecretária, não teve uma grande mudança em nível de cargo e de status. Outra observação importante nesse contexto que acho que responde à sua pergunta é o estilo do prefeito Wladimir. E eu aprendo muito com ele. Primeiro, a criação da secretaria que é um processo natural, um movimento natural no Brasil. Depois do Ministério do Turismo ter dividido o Brasil em regiões e regionalizado o turismo, incluindo essas regiões no mapa de turismo do Brasil, uma das formas mais fáceis de você acessar os instrumentos do mapa de turismo são os municípios que possuem uma unidade gestora, e Wladimir quer sempre estar na frente, isso é muito interessante. Outra característica dele que tem tudo a ver com esse contexto é a característica de tentar tudo pelo diálogo, eu já entendi isso dele. Às vezes a gente fala assim “ah, podia ter jogado a toalha, podia ter chutado o balde”, não, o estilo dele não é esse, ele tenta resolver tudo pelo diálogo e dessa forma que se deu essa pacificação, aquela tentativa de pacificação. Então, para quem é do grupo, entendeu perfeitamente. Esse era o movimento: que os atos administrativos fossem contínuos. Essa é sempre a esperança da gente, mas os atos políticos nem sempre.
Mas, houve diálogo, por exemplo, com Hans Muylaert? Porque alguns setores privados de Campos tiveram alguns pequenos desentendimentos, talvez com o governo, na pasta e na gestão.
Houve diálogo e houve incompatibilidade. Natural, podia ter sido com uma pessoa do grupo, podia ter sido com uma pessoa que não era do grupo, mas houve sim, quando o Hans chegou, com a equipe que chegou, eu tava lá e claro que a minha obrigação era passar administrativamente tudo que a gente estava fazendo e me colocar a disposição para dar continuidade. No decorrer, teve compatibilidade e incompatibilidade, teve momento que eu achei que a minha não-interferência seria mais útil do que a minha interferência. Mas é natural.
A criação da Secretaria de Turismo, e você passar a ser a segunda a ocupar o cargo na Prefeitura de Campos dos Goytacazes. Isso responde de que maneira para as necessidades do setor?
Eu acho que foi uma atitude de muita maturidade na gestão entender a importância, a força motriz que tem o turismo e que precisa de uma unidade gestora autônoma e independente, e eu acho que todo prefeito que entende essa característica do Turismo deveria ter ou estar em processo de consolidar essas unidades gestoras. Então, de primeira a gente consegue acessar muito melhor, de uma forma muito mais consistente, políticas públicas de turismo.
Muitos campistas não conhecem as belezas naturais da cidade. Essa seria uma oportunidade da pasta trabalhar no próprio campista para que ele possa ser disseminador do turismo?
A característica de turista é: aquele que passa mais de uma noite na cidade é considerado um turista, mas o movimento turístico acontece com a gente, quando a gente vai visitar o Cais da Lapa, quando a gente vai visitar o Imbé, Morro Itaoca e igrejas e sim, eu entendo que é uma atribuição importante do setor público e é uma preocupação nossa oportunizar e fomentar esse movimento interno, para que a gente esteja pronto para receber o turista. E como fazer: tem um monte de mecanismos, a propaganda é importantíssima, a divulgação. Um eixo muito importante que o turismo tem desenvolvido é o turismo pedagógico, é esse turismo que é desenvolvido junto com a educação e o turismo faz linhas muito tênues com vários setores da gestão. A gente tem um projeto que faz parte do começo da revitalização do centro, que vai caminhar toda a orla, encontrar com o projeto Retrofit, mas é todo um conceito onde a gente sabe que ali em frente à Receita Federal era o ponto final da linha de Bonde, e que o primeiro poste a ter energia foi aceso naquela avenida. O poste foi encontrado quando a receita fez obra e ele foi encontrado nos escombros. Ele foi na linha da iluminação que tava inaugurando a iluminação pública na América Latina, e isso é importantíssimo. Então, a gente tem um projeto de revitalizar aquele canteiro junto com toda a permissão da Receita Federal e o poste vai sim ser um lugar bem iluminado, a gente vai reacender essa história!
Entre as ações da pasta da Secretaria de Turismo, tem algum programa de guias profissionais? Existe um projeto para poder tornar o cidadão campista um guia?
A gente tem um projeto de qualificação em todo trade. Tem uma parte nesse projeto que inclusive foi uma solicitação da primeira dama Tassiana que a gente formasse, depois de um dia de limpeza da Lagoa com as escolas dali. Ela falou “por que a gente não implementa uma escola de condutor nessas localidades, nas escolas do Imbé, Lagoa de Cima, Farol, ali no entorno do Itaoca e começa a ensinar essas crianças a serem condutores?” Esse projeto já existe, de forma insipiente com a guarda mirim, mas é importante sim que tome corpo, que consolide e dentro do planejamento que foi passado pro prefeito Wladimir, esse é um projeto que já está aprovado e a gente agora, a partir de Fevereiro, implementa durante a volta às aulas.
As pessoas têm reclamado dos acessos. Na Lagoa de Cima, por exemplo, é recorrente circular vídeo na rede social por conta da questão do acesso, o alto fluxo de veículos, a má sinalização e tudo mais, como é que vocês trabalham esse ponto?
Todos os setores do Governo trabalham de forma integrada e essa é uma preocupação de todos nós. Muita coisa já foi feita, mas muita coisa a gente não tem condições de fazer, como por exemplo, as pessoas falam da melhoria do acesso, como se a gente pudesse aumentar o acesso. A gente não pode, estamos falando de uma região de Proteção Ambiental, e aí entra a parte que eu acho que afeta realmente ao turismo que é essa preocupação com campanhas de conscientização e com o desenvolvimento do conceito de turismo sustentável, porque às vezes a gente tem a falsa ideia de que turismo sustentável é um turismo de nicho, e não é. A gente precisa desenvolver no turista, no trade, a compreensão de que turismo sustentável é um olhar consciente, e isso a gente pode e tem que desenvolver em qualquer ambiente que a gente tiver fazendo turismo, não só em Lagoa de Cima pela questão ambiental, mas em todos os lugares. Turismo, Agricultura, Secretaria de Obra, o Prefeito cobrando e a gente estudando todas as possibilidades, porque se tem um desafio do Turismo, é implementar o movimento turístico minimizando o prejuízo ambiental e maximizando os pontos positivos que é o fomento da economia, o intercâmbio cultural, o entretenimento, o senso de pertencimento… Isso é um desafio muito grande, porque onde tem intervenção humana é impossível não ter agressões à natureza, aí a gente tenta fazer da forma mais sustentável possível, e é uma preocupação grande.
Algum projeto para um calendário turístico em Campos?
Sim, um calendário pensado de forma inteligente para atrair as pessoas pra cidade, e tendo aqui o turista, a gente tem o evento e várias outras coisas para mostrar. Nesta semana entregamos toda a programação de 2024, e dentro dessa programação tem a proposta desse calendário, com os apontamentos que ele fez de datas importantes e de eventos. Todos os eventos acontecem em diversas partes do município, mas o Cais da Lapa a gente prevê um evento temático a cada mês. Há dois anos, ano passado a gente não fez, mas ano retrasado, 2022, a gente fez o Lual Do Cais, por exemplo, que foi no dia dos namorados. A gente vai consolidar essa data.
O que será efetivado no Turismo até o final de 2024?
Todo o possível. O Horto já é uma realidade, o Morro do Itaóca já é uma realidade, o ordenamento dos espaços, a consolidação do calendário no Cais, a qualificação do trade, o relacionamento com trade já é uma realidade, então acho que muita coisa vai poder ser implementada, sim.