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POLÍTICA. O que acontece nos bastidores, fica nos bastidores

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
19 de julho de 2023 - 15h48

Entre supostos fatos, versões, meias-verdades e especulações – para não citar questões que 30, 40, 50 anos depois ‘aparecem’ para desmentir situações que até então figuravam como irretocáveis – da política eleitoral à governamental, só mesmo o bastidor conhece seu cerne.  

E o bastidor é uma caixa preta perdida nas profundezas da história, determinada a levar para o túmulo os segredos que guarda. É assim em grande parte do mundo: o denso nevoeiro cuja visão é privativa para pouquíssimos olhos. E é assim no Brasil, felizmente em patamares bem menos dramáticos. 

A matéria dá ênfase a assassinatos e presunções de crimes visto que tirar a vida de alguém na esteira da política é o que de mais grave pode acontecer no exercício da referida atividade.  

Mas, deixa-se claro, o alvo não são os crimes e teorias de conspiração, mas quaisquer ocorrências oriundas do bojo político, que em número muito maior fica submerso nos bastidores e não é revelado ao público.  

Trata-se de acordos espúrios, traições, corrupção, chantagens, vantagens e um sem números de ações que, com honrosas exceções, escondem a verdadeira face da política.  

Mas, como dito, o crime de assassinato, em particular do presidente americano JFK – até por estar às portas de completar 60 anos – é exemplo emblemático do lado mais sórdido da política, cuja função básica é promover o bem estar social, coletivo e igualitário – sem nada em troca –, e não falcatruas descaradas em desfavor da população. 

Assassinato de JFK segue em mistério 60 anos depois 

 Jackie Kennedy escala a mala do carro tentando recuperar fragmentos do crânio de JFK  (Foto: Divulgação)

Como ilustração, o assassinato do presidente americano John Fitzgerald Kennedy foi o de maior repercussão, cuja avassaladora gravidade correu o mundo pelo impacto e sequelas que deixou. Por isso, não se compara a qualquer outro do século 20. 

Tido como o país mais influente do planeta, 4 presidentes americanos foram assassinados no exercício do mandato. Contudo, mesmo se incluíssemos o de Abraham Lincoln (cuja morte foi em 1865, logo, anterior ao século XX do qual se trata) não alcançaria tamanha ressonância como o de JFK. Isso, pelas inúmeras teorias criadas, versões que se seguiram ao disparo fatal e consequências em âmbito mundial. John Kennedy foi assassinado há quase 60 anos, em novembro de 1963, na cidade de Dallas, no Texas. Tinha, então, 46 anos de idade. 

Mistério – Como ‘versão oficial’ – mas questionada há seis décadas – um crime envolto sob um manto de mistério, controverso, e o mais perturbador do século passado. O ex-fuzileiro naval dos EUA, Lee Oswald, teria agido sozinho ao disparar o tiro fatal, do 6º andar de um depósito de livros, que tirou a vida do presidente americano, quando desfilava em carro aberto pelas ruas da cidade. Oswald havia morado dois anos na república soviética, no auge da guerra fria, período em que deixou clara sua adesão à causa comunista. 

Acaso ou conveniência  

Logo que preso, Oswald, ‘apresentado’ como ‘lobo solitário’, não ofereceu resistência e negou de forma veemente ter feito o disparo. Um minuto após o assassinato, Lee Oswald almoçava com o gerente do depósito de livros. O elevador estava quebrado e ninguém viu o suposto assassino desder os seis lances de escada. 

Ainda mais curioso, a operação responsável por manter o suspeito sob custódia foi ‘furada’: 48 horas depois da morte de Kennedy, Oswaldo foi assassinado nas ‘barbas’ da polícia, por um dono de uma boate em Dallas, determinado a ‘vingar’ a morte do presidente. Muito conveniente. 

Outras versões  

Calou-se, então, o suposto assassino – para muitos o bode expiatório – e tudo ficou ‘por isso mesmo’. A teoria da “bala mágica”, a que teria matado JFK, foi enfaticamente negada pela patologia forense. Oito anos depois de investigações, os patologistas concluíram que o disparo partiu da direita, por trás de um piquete. Segundo eles, a teoria do tiro de Oswald é absurda e fisicamente impossível. Concluíram que havia, no mínimo, dois atiradores. 

Conspiração 

De certo, quem não vê a política com olhos de alta desconfiança, é míope. O grande espaço aqui reservado ao assassinato de Kennedy não se dá ao acaso e nem mesmo pelo crime em si. Mas para mostrar que o projétil que ‘abriu’ a cabeça de JFK não se deu por negócios, por dinheiro, por motivo passional, pessoal, vingança, etc e etc. Foi no bojo da política. 

Há 60 anos, um dos mais notáveis presidentes do país mais importante do mundo perdeu a vida porque estava na política. Por este ou por aquele motivo, não interessa. Foi política. Vê-se, assim, que seja por pequena desavença partidária, ou no círculo dos grandes interesses governamentais, os que escolhem trilhar a carreira pública ficam expostos a todo tipo de desventura – quer por darem causa, quer como vítimas dos contrários. 

Cuba. Interesses internacionais. Inimigos dentro do próprio governo. Represália à invasão à Baia dos Porcos. A própria CIA. A guerra do Vietnã, e por aí segue. Tanto tempo depois, a história não conseguiu desvendar a motivação – seja uma ou várias – que culminou com a morte de Kennedy. Logo, o que não se determinou até hoje, vai seguir privativo dos bastidores – só eles sabem, mas não revelam.  

No Brasil… 

Se felizmente não passamos por dramas sofridos por outros países – conflitos mundiais, guerras civis ou assassinatos de presidentes – também não escapamos da política sórdida que insiste em manter o Brasil em estado de permanente crise.  

O gigante continental não se livra das pesadas âncoras que o impedem de abolir da desigualdade, a miséria e a fome – dever intrínseco da política. 

E também não fugimos das muitas ‘teorias da conspiração’. Há fortes rumores de que morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976, quando vencia sua cassação, não teria sido ao acaso, mas fruto de uma bomba no Opala em que viajava. No mesmo ano, o também ex-presidente Jango morreria de ataque cardíaco, muito embora sofresse, de fato, de problemas no coração. 

Um ano depois, o mais influente nome da direita brasileira, Carlos Lacerda – prestes a cumprir o período de cassação – morria de infarto. Tinha, apenas, 63 anos.   

Tancredo Neves, um dia antes de tomar posse, teria sido operado por causa de uma diverticulite. Mas boatos relatam possibilidade de envenenamento, principalmente porque seu mordomo ficou internado 16 dias com fortes dores na barriga, vindo a morrer um dia após Tancredo. 

Enfim, são meras especulações sem qualquer prova ou mesmo indício de veracidade. Mas, tudo sob forte nevoeiro.