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Pesquisa mostra conexões entre narcotráfico e crimes ambientais no Brasil

Periferia das cidades e interior dos estados convivem com novas dinâmicas de quadrilhas

Geral
Por Redação
19 de junho de 2023 - 13h33
Ação contra criminalidade mais complexa (Foto: Agencia Brasil)

Comunidades da floresta no Brasil, periferias rurais e regiões do interior do país estão cada vez mais ligadas ao crime organizado, não podendo mais se diferenciar a violência urbana da rural. Foi o que concluiu o estudo “Além da floresta: crimes socioambientais nas periferias”, divulgado nesta segunda-feira (19) pela Rede de Observatórios da Segurança. A pesquisa reuniu profissionais do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. 

O estudo mostra o processo de dominação de territórios no Norte e Nordeste por facções criminosas do Sudeste. O que inclui tanto as áreas de fronteiras, quanto as cidades pequenas, centros urbanos, quilombos e aldeias indígenas. Nos últimos anos, houve crescimento e diversificação de atividades ilegais. Há conflitos entre grupos rivais, tráfico de drogas e exploração ilegal da floresta.

A pesquisa reúne dados da Lei de Acesso à Informação e das secretarias de segurança pública da Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Mapeia tanto crimes cometidos contra populações tradicionais, como quilombolas e indígenas, quanto os crimes ambientais (grilagem, exploração ilegal de madeira e garimpo ilegal).

Guerra às drogas

Os pesquisadores indicam que as autoridades insistem em um modo único de ação: o de segurança pública baseado na guerra às drogas. O que produz o mesmo cenário de racismo e encarceramento da juventude negra. 

“É necessário fugir do modelo bélico do combate às drogas e ilegalidades, estabelecendo contenções ao tipo de desenvolvimento que destrói a vida na floresta. Temos que fortalecer os órgãos de prevenção da destruição e incluir no centro do diálogo organizações indígenas, rurais e ribeirinhas”, defende Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança.

Pará

O Pará é uma região emblemática das novas configurações do crime no país. Lideradas por facções do Rio de Janeiro e São Paulo, as redes do narcotráfico chegaram em diferentes municípios do interior. Altamira, Marabá, Parauapebas, Jacareacanga, e Floresta do Araguaia, dentre outras, se tornaram rotas importantes de drogas e exploração de madeira, contrabando de manganês e cassiterita, grilagem de terras e avanço do garimpo ilegal. 

Comunidades tradicionais do estado sofrem com a violência das atividades ilegais. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Pará mostram aumento contínuo dos crimes contra povos indígenas e quilombolas. 

Por estado

No Ceará, a pesquisa critica a forma como o estado produz os dados, disponibilizando informações genéricas de crimes ambientais, não sendo possível analisar tipos criminais, grupos atingidos ou perfil das vítimas. 

No Maranhão, os maiores problemas são as violações aos biomas e exploração dos territórios de comunidades tradicionais.

Em Pernambuco, crimes socioambientais cresceram nos últimos dois anos, passando de 800 casos por ano para uma média de mais de mil. As principais ocorrências referem-se a incêndios florestais e maus tratos contra animais. 

No Rio, destaque para a exploração das milícias e redes do tráfico de animais silvestres. Os casos de crimes ambientais em seis anos (4.783) são sete vezes maiores do que a segunda colocada, Maricá, com 684 registros. Duque de Caxias, em terceiro, aparece com 613 casos. 

E em São Paulo, o destaque é a expansão da degradação de territórios verdes ligados ao tráfico de animais e construções imobiliárias. Nos últimos seis anos, foram 34.772 ocorrências. Crimes contra animais, florestas e pichações concentraram 56,70% dos registros

Com informações da Agência Brasil.