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Polícia Federal investiga participação de suspeitos em atos antidemocráticos em Campos e Brasília; um bombeiro foi preso

Operação Ulysses cumpre três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão no município

Polícia
Por Redação
16 de janeiro de 2023 - 12h23
Agentes da PF em Campos dos Goytacazes (Fotos: Hellen Souza)

Desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (16), a Polícia Federal cumpre cinco mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária em Campos dos Goytacazes (RJ), durante a “Operação Ulysses”. O subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos, lotado em Guarus, é suspeito de organizar e financiar os atos terroristas no Distrito Federal, em 8 de janeiro. Júnior, que está há 33 anos na corporação, foi preso em casa.

O objetivo da Operação Ulysses é identificar a participação de pessoas envolvidas nos protestos antidemocráticos após a eleição presidencial em outubro, quando rodovias foram bloqueadas; acampamentos e atos em frente ao quartel do Exército na cidade; além de supostos crimes praticados em Brasília, quando os prédios da Praça dos Três Poderes foram vandalizados no dia 8 de janeiro. Os crimes investigados se baseiam no artigo 288 (Associação Criminosa); 359-L (Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito); e 286, parágrafo único (Incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais), todos do Código Penal.

De acordo com o delegado Wesley Amato, responsável pela operação em Campos, a Polícia Federal deverá fazer um balanço com todas as informações sobre o cumprimento dos mandados ao longo do dia. “Ainda estamos em diligências. Qualquer entrevista antes do fim das atividades policiais poderia atrapalhar as investigações”, disse. Até o fim da manhã desta segunda-feira (16), uma pessoa estava detida na Delegacia da PF, em Campos, para prestar depoimento. Outras duas estavam sendo procuradas. Segundo informações preliminares, um dos suspeitos investigados é o militar do Corpo de Bombeiros, Roberto Souza Júnior. Ele deverá ser transferido para o Grupamento Especial Prisional, em São Cristóvão, Rio de Janeiro.

Suspeitos prestaram esclarecimentos na DPF e foram liberadas

Quanto aos mandados de busca e apreensão, durante a manhã três pessoas foram ouvidas e liberadas em seguida. A PF conseguiu recolher computadores, telefones celulares e documentos nos endereços dos suspeitos. Segundo a assessoria de comunicação da PF, assim que os mandados de prisão temporária forem finalizados, os suspeitos deverão ser encaminhados para o presídio de Campos dos Goytacazes.

Dilgências são feitas em város bairros da cidade

A investigação tem o objetivo de identificar lideranças locais que bloquearam as rodovias que transpassam o município de Campos dos Goytacazes (RJ), a organização das manifestações em frente aos quartéis do Exército na cidade. Também será investigada a suposta participação dos manifestantes e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que desencadearam a depredação dos prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas ocorridas na capital federal, no domingo (8).

De acordo com assessoria da PF, durante a investigação, foi possível colher elementos de prova capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos. Além disso, com o cumprimento desta segunda-feira (16) dos mandados judiciais, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, será possível identificar eventuais outros partícipes/coautores na empreitada criminosa.

Pela manhã, a Polícia Federal informou que não divulgaria os nomes dos suspeitos envolvidos nos crimes praticados em Campos dos Goytacazes, e, supostamente, na capital federal, no dia 8 de janeiro. A PF contou com apoio de equipes de Macaé e do Rio de Janeiro. Uma diligência em Itaperuna também estava em andamento até o fim da manhã.

O nome da operação faz referência ao ex-deputado e ex-presidente da Câmara Federal, Ulysses Guimarães, responsável por apresentar a nova Constituição Federal, em 1988, após a redemocratização do país. A ditadura militar durou 21 anos no Brasil (1964-1985). Ulysses Guimarães morreu em acidente de helicóptero no mar, em Angra dos Reis, em 1992. Seu corpo nunca foi encontrado. Defensor da democracia, sempre lutou contra a ditadura. Dizia ter “ódio e nojo” de quem não defendia a democracia brasileira.

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Nota do Corpo de Bombeiros

A reportagem entrou em contato com o comando do Corpo de Bombeiros em Campos dos Goytacazes sobre o militar preso pela PF na cidade. nesta segunda-feira. A assessoria de comunicação da instituição emitiu o seguinte comunicado:

“O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) acompanha de perto a operação da Polícia Federal e segue ao dispor das autoridades para colaborar nas investigações. O militar está preso conforme decisão judicial e será conduzido, ainda nesta segunda-feira (16.01), ao Grupamento Especial Prisional da (GEP) da corporação, em São Cristóvão, onde ficará à disposição da Justiça.

O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito. Será instaurado, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do bombeiro da corporação em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos, o que é inadmissível”, afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.

Reportagem em atualização