A Santa Casa de Misericórdia de Campos completou 230 anos e para comemorar, um memorial, contando parte da história do hospital mais antigo da região foi aberto, na noite desta quarta-feira (28), com a presença de personalidades e autoridades ligadas à saúde pública e privada do município. A Santa Casa de Campos foi a décima a ser instalada no país, ainda no Brasil – colônia e guarda um acervo incrível, que carrega consigo parte da história da cidade, desde a antiga Vila de São Salvador.
“Não é todo mundo que faz 230 anos e nós não poderíamos deixar essa data passar em branco. Temos vários acervos e surgiu a ideia de colocar esse memorial para que as pessoas conheçam a história. Têm coisas muito lindas na história da Santa Casa e nós queremos que a população que atendemos também desfrute dessas informações”, disse o provedor da instituição, o médico Manoel Corraes Neto.
O diretor geral do hospital da Santa Casa, Cléber Glória, lembrou que, como primeiro hospital da região, a unidade também recebeu, ao longo do tempo, todas as novidades que constituíram o desenvolvimento na área da saúde.
“A história da cidade se confunde com a história da Santa Casa e vice-versa. O hospital todo foi fundado quando a cidade de Campos era uma vila e todas as inovações na área da saúde, e tudo que veio de mais importante para a saúde, surgiu na Santa Casa. Nós queremos deixar esse legado para a população de Campos e espelhar um futuro muito promissor para a instituição, com novas tecnologias, que esperamos para a saúde de Campos”, disse.
A diretora administrativa do Grupo IMNE, Marta Henriques também prestigiou o evento e pontuou o destaque da Santa Casa em todo o país.
“Eu acho de suma importância, porque foi feito um levantamento, por profissionais, para nos trazer o que foi a Santa Casa, quando ela iniciou suas atividades e o que ela é hoje. A Santa Casa é na verdade uma das instituições mais antigas do nosso país, voltada para a assistência da população mais carente e foi crescendo, se aperfeiçoando e hoje, a gente vê o trabalho de qualidade que despontou, principalmente na nossa, no município de Campos”, comentou.
O secretário de Saúde de Campos, Paulo Hirano, também enfatizou a importância da instituição que ainda é referência em assistência à população e, no início, contava com doações da sociedade.
“Sem dúvida nenhuma a Santa Casa é a mãe dos hospitais da nossa cidade. Essa comemoração dos 230 anos é um marco histórico temporal e mostra a importância dessa instituição que foi, no seu início, mantida pelas pessoas. Ela era, praticamente, tocada com as doações das pessoas que tinham esse perfil, de beneficiar a população através dos recursos e, assim, a Santa Casa perdura até hoje, se tornando uma das principais instituições em termos de avanços tecnológicos e na assistência em saúde. Esse é um marco que expressa a importância dessa instituição ao longo dos séculos”, falou o secretário.
Vitor Mussi, superintendente do Hospital Geral de Guarus (HGG) falou da parceria que a Santa Casa tem com a unidade chefiada por ele.
“A Santa Casa consegue agregar assistência, cultura e um carinho pela cidade. À frente do HGG, nós temos a Santa Casa como parceira, nos ajudamos muito e fico feliz com essa iniciativa cultural, que não deixa de ser saúde. Cultura é saúde mental e isso é muito importante para a cidade. Parabenizo a direção da Santa Casa pela iniciativa”, pontuou.
O médico Arthur Borges é diretor de um dos mais importantes hospitais públicos da região, o Hospital Ferreira Machado (HFM), e falou sobre a importância do resgate histórico do memorial.
“É uma grande felicidade quando uma instituição centenária como a Santa Casa consegue mostrar suas origens e preparar uma exposição como essa e encontrar, no passado, tudo que aconteceu e passar para o futuro. Muitas vezes nós frequentamos o hospital e não sabemos o que já aconteceu aqui, o trabalho que já foi feito e das pessoas que já passaram por aqui e foram importantes para fazer um hospital centenário, tão importante quanto a Santa Casa é para Campos”, disse o médico.
Memorial
O memorial reúne peças históricas do acervo da Santa Casa e conta parte da história da instituição, desde 1792. A exposição fica aberta para visitação até o final do ano, no segundo andar do hospital.
Uma das peças que mais chamou a atenção foi “a roda dos expostos”, que em alguns locais é chamada de roda dos excluídos. A peça original, toda em madeira, segundo a historiadora Rafaela Machado, ficava onde atualmente é a Avenida Alberto Torres. Nela, as pessoas que, por algum motivo abriam mão dos seus filhos, os colocavam em um compartimento cilíndrico, giravam uma espécie de manivela e, do outro lado, a criança era acolhida por senhoras da sociedade que recebiam uma quantia mensal para criá-la.
“Ter feito esse trabalho, me possibilitou uma série de descobertas. Olhando os arquivos, o livro de ouro me chamou a atenção e, quando abrimos, imediatamente vimos duas páginas assinadas pelo D. Pedro II, em duas das quatro visitas que ele fez à Campos e deixou doação à Santa Casa. Poder recuperar e trazer ao público essa assinatura é algo muito interessante, fazer com que as pessoas conheçam esse acervo que é tão rico e tão diversificado. Estamos falando de quadros raríssimos e documentos, também muito raros. É um presente da Santa Casa para a cidade e para a região. Lembrando que estamos falando não só do hospital mais antigo de Campos. A Santa Casa é o hospital mais antigo de toda a região, então, são 230 anos de história da Saúde Pública Brasileira”, disse a historiadora.
A roda foi instalada em 1819, em uma das janelas laterais do prédio antigo, onde atualmente fica o Central Park, no centro.
Também como parte das celebrações, foi lançada, nesta quarta, nas redes sociais e site da Santa Casa, uma websérie contando detalhes e pontos memoráveis destes 230 anos de história.