A rotina em uma maternidade pode ter um ar de calmaria com aquele silêncio para não despertar os pequenos seres que acabaram de chegar ao mundo. Por outro lado, a correria presente na rotina de partos, quase que diários, é intensa. E nesse percurso que se modifica a cada dia, algumas surpresas podem aparecer. Foi o que aconteceu na Maternidade Lilia Neves, do Grupo IMNE, em Campos, no mês passado.
A obstetra Dra. Fernanda Siqueira Lima foi a responsável por mais um parto de trigêmeas. Não faz muito tempo que o Jornal Terceira Via estampou os rostinhos de outras três pequenas, que também nasceram na Lilia Neves. Na época, ela não havia feito o acompanhamento no pré-natal, mas participou da equipe que trouxe as meninas ao mundo. Em julho deste ano, mais três bebês chegaram. O nascimento de Eva, Liz e Mel movimentou a maternidade. Dessa vez, a médica foi responsável pela paciente desde o início da gestação.
“Foi um momento muito emocionante, aliás, sempre é. Uma família linda que se formou. Cada mamãe é única, cada pré-natal que a gente começa é único. E assim, quando têm esses partos inusitados de gêmeos e trigêmeos, eu fico maravilhada. Essa paciente, em particular, na primeira consulta, a mãe dela, a avó dos nenéns, só sorria e foi uma emoção enorme. Para o hospital e para a maternidade é uma sensação. A gente fica encantado e é um marco na profissão”, diz.
A especialista conta que as pequenas trigêmeas já estão em casa. A família não mora em Campos, mas sim no interior. “Uma das pequenas foi embora com a mãe desde a alta e as outras duas ficaram. Agora já está todo mundo junto. As três lindas e maravilhosas, graças a Deus. Mamãe e bebês saudáveis”, frisa Dra. Fernanda.
O mais curioso, segundo a médica, é que os pais previam a chegada somente de gêmeas. “Em uma intercorrência, durante o exame de ultrassom, tivemos mais uma surpresa: eram três”, relata.
Rotina na pandemia
A obstetra detalha como tem sido o trabalho na Maternidade Lilia Neves durante a pandemia. Algumas condutas precisaram ser alteradas em razão da contaminação pelo novo coronavírus. “A gente sempre orienta as mães desde o começo da gestação. O que mudou mesmo foi a questão das visitas. Não podemos mais deixar que elas recebam muitas pessoas no quarto. Sabemos que tem aquela curiosidade de querer conhecer o bebê, mas infelizmente, não conseguimos permitir mais esses acessos dentro do hospital. A gente pede para a mãe em estender esse cuidado em casa também. Vale lembrar que, mesmo fora da pandemia, um recém-nascido com poucos dias não tem condições de visita. Agora, então, temos que ter mais cuidado”, garante.
A maternidade recomenda apenas a entrada de um acompanhante. Além disso, todas as gestantes que dão entrada na unidade para o parto são testadas para Covid-19. “Temos que manter todas as medidas necessárias para evitar que o pior aconteça. Em resumo, o parto das trigêmeas foi um grande marco. Fico muito grata com cada bebê que vem ao mundo pelas minhas mãos. Não tem preço!”, completa Dra. Fernanda Siqueira.
Bebê com DIU
Outra surpresa foi o nascimento de um bebê com o dispositivo intrauterino (DIU), um método contraceptivo, na Lilia Neves. A obstetra especialista em alto risco, Dra. Isabela Souza Escala, tomou um susto ao receber a notícia na sala de parto, minutos antes de iniciar o procedimento. “Eu estava de plantão e essa paciente em específico entrou em trabalho de parto e optou pela cesariana. Foi uma opção dela e a encaminhamos ao centro cirúrgico para iniciar o procedimento. Como a paciente mora em outro município, o acompanhamento da gestação foi feito por outra obstetra. Tudo era uma novidade, inclusive a história do DIU, pois ela não tinha verbalizado para nenhum plantonista que tinha o dispositivo. No momento do parto, a paciente deitou, após ser anestesiada, olhou para mim e contou. Ao retirar o bebê, o DIU estava no ombro do recém-nascido, já prontinho para ser retirado. Muito tranquilo, apesar da surpresa”, cita.
Riscos
Segundo a médica, em casos como este, a conduta é muito individualizada. É preciso, antes de tudo, saber que tipo de DIU a paciente possui, se está bem posicionado ou não, onde está o saco gestacional, o tempo de gestação e ponderar a retirada ou não. “Existem riscos também nessa retirada, assim como há perigo de permanecer com o dispositivo. Temos que conversar com a paciente para ponderar qual é a melhor opção. Retirar ou não vai depender de muitas variáveis, porque às vezes a paciente gesta e o DIU já está pertinho do colo para sair ou está ali do ladinho do neném. Corremos o risco de tentar retirar e acabar induzindo um sangramento, um descolamento de placenta ou um aborto. É importante saber o que é melhor para a paciente”, completa Dra. Isabela.