×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Ex-funcionários da UTC Engenharia em Macaé lutam há mais de três anos para receber direitos trabalhistas

Cerca de 4.000 pessoas que prestavam serviço nas unidades marítimas da Petrobras foram dispensadas em 2017

Região
Por Redação
21 de dezembro de 2020 - 14h16

A Base de Operações Offshore da UTC Engenharia em Macaé (Foto: Divulgação)

Três anos e meio anos após a demissão, um grupo de funcionários da UTC Engenharia, que atuava em Macaé, ainda reivindica parte de seus direitos trabalhistas. A UTC — investigada na Operação Lava-Jato por desvios de recursos públicos da Petrobras e pela destinação de dinheiro a campanhas eleitorais — apresentou pedido de recuperação judicial em 2017 e, de acordo com o plano apresentado pela empresa na ocasião, a dívida com os ex-colaboradores deveria ser quitada em três parcelas. De acordo com os ex-funcionários, cerca de 4.000 pessoas que prestavam serviço nas unidades marítimas da Petrobras foram dispensadas em 2017 e ainda lutam para receber o restante da verba rescisória a que têm direito.

“Do plano de recuperação judicial aprovado, a UTC pagou apenas duas parcelas. Uma de R$ 5,900 e outra de R$ 9,200. A terceira e última, que tinha data-limite de pagamento em 14 de dezembro, a empresa não pagou. Sendo assim, é uma quebra de contrato da recuperação judicial e a Justiça não fez nada. E pior, a Justiça acabou estendendo este prazo até 21 de janeiro. E com isso muitos estão passando necessidade e não terão o que comer no Natal”, relatou o supervisor elétrico Jefferson Alves, ex-funcionário da UTC Engenharia.

Jefferson conta que a Brazil Invest Aiport S.A (BIA) realizou proposta de aquisição da participação acionária da UTC Participações na Aeroportos Brasil S.A (“UPI Aeroportos Brasil”). O pagamento deveria ser feito até o dia 14 de dezembro, mas a UTC alega que o pagamento não ocorreu. Com isso, a UTC alegou que deixou de cumprir o pagamento dos ex-funcionários, compromisso assumido no plano de recuperação judicial. Em decisão de 15 de dezembro de 2020, o juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Fórum de São Paulo, Paulo Furtado de Oliveira Filho, autorizou um aditivo ao plano até o dia 15 de fevereiro de 2020.

O Grupo UTC ingressou com pedido de recuperação judicial no dia 17 de julho de 2017, na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais. O pedido foi deferido em 17 de agosto do mesmo ano. Com isso, o juízo da 2ª Vara nomeou como administrador judicial do processo a empresa Laspro Consultores e, neste complexo sistema, ainda figura o Sindicato dos Trabalhadores de Pintura Industrial e Construção Civil de Macaé e Região (Sintpicc).

Jefferson Alves explica que o pagamento é realizado da seguinte forma: a UTC repassa os valores para o Sintpicc e este encaminha aos ex-servidores. Depois o sindicato comunica à Laspro a efetuação do pagamento.

De acordo com os documentos apresentados aos credores no início do processo de recuperação judicial, a UTC devia, na época, R$ 3,4 bilhões entre dívidas trabalhistas, fiscais, empréstimos financeiros e dívidas com fornecedores.

A equipe de reportagem fez contato com a UTC Engenharia e a Laspro, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. O Jornal Terceira Via não conseguiu contato com a Brazil Invest Aiport. Ainda assim, em respeito ao princípio do contraditório, a equipe aguarda e publicará versão dos citados para este fato.