A queda de cabelo é um sintoma extremamente comum no consultório dos dermatologistas, seja nos homens ou nas mulheres de diferentes faixas-etárias. Porém, antes de se desesperar com os fios caindo durante o banho ou ao pentear os cabelos, a primeira coisa que é preciso ser feita é a caracterização do caso para de fato comprovar se está havendo uma queda excessiva. Saiba antes de tudo, que cortar o cabelo a fim de renová-lo e fazer com que os fios cresçam mais rápido é um mito e somente um profissional especializado é capaz de diagnosticar e indicar o melhor tratamento para a solução do problema.
A dermatologista, Dra. Ana Maria Pellegrini, detalha como funciona o processo de produção e posterior desprendimento dos fios do couro cabeludo. Segundo ela, existe um tipo de queda de cabelo que é comum e que não é preciso se assustar. “É habitual o paciente começar a prestar atenção no desprendimento dos fios e achar que está com alopecia, quando na verdade aquilo se trata de uma queda normal. Todos nós possuímos um ciclo capilar e este inclui uma fase de crescimento, de produção do fio em que o folículo está em alta atividade, outra intermediária e a final. A primeira é chamada de anágena, a intermediária é a catágena, em que há um freio nessa produção dos fios, e a última que é o período de queda chamamos de telógena. Temos entre 10% e 12% dos folículos em telógena. Logo, todos perdemos de 100 a 150 fios por dia. Isso é normal. O cabelo cai porque o folículo entrou em telógena e se desprende. É um processo fisiológico. Existe também um tempo de vida do crescimento do cabelo que varia de pessoa para pessoa. Vamos supor que há um crescimento de cabelo de 1 cm por mês. Em dois anos, você vai ter 24 cm de haste. Quando chegar na fase final, o cabelo vai cair, se desprender”, explica.
A médica ressalta que somente um especialista vai caracterizar se a queda é uma pseudo queda ou se trata de um desprendimento além do esperado. “Pois existem momentos em que a causa mais comum da queda de cabelo é o aumento de percentual de folículo em fase telógena e aí a pessoa tem uma percepção de desprendimento maior. Quando isso ocorre? Em quadros de anemia, problemas hormonais, principalmente alterações da tireoide, pacientes que interrompem o anticoncepcional, aqueles que têm quadros infecciosos importantes, como dengue, chikungunya e agora a Covid-19. Então, o que chamamos de eflúvio telógeno é a causa mais comum de queda de cabelo diagnosticada no consultório médico, mas é também uma queda autolimitada. Se o paciente não fizer nada, ela vai durar quatro meses em média e depois acaba”, comenta.
A Dra. Ana Pellegrini chama atenção para um hábito maléfico: a automedicação, que na maioria das vezes é o principal fator de adiamento do diagnóstico, fazendo com que casos mais graves e importantes de serem confirmados acabando sendo mascarados por vitaminas e shampoos encontrados em farmácias. “Para tratar, o paciente primeiro deve ir ao médico para que este consiga através da história clínica e de exames determinar a causa. Muitas vezes, nós utilizamos a tricoscopia, chamada de terceiro olho do dermatologista. É usado um aparelho, o dermatoscópio, que vai aumentar em várias vezes a região para conseguirmos visualizar as caracteristicas daquele couro cabeludo e fazer um diagnóstico diferencial em várias situações, por exemplo, se tem uma descamação, se é psoríase ou uma dermatite seborreica, problemas no couro cabeludo ou se o paciente possui alguma doença imunológica que não tem cura. Uma coisa muito comum no consultório é a calvice, tanto masculina, quanto feminina. A gente pode tratá-la bloqueando o estímulo de testosterona. O ideal é que o paciente comece esse tratamento o mais cedo possível. Se tem história familiar de calvice, é necessário buscar ajuda. A medicina também estuda vários medicamentos que podem ajudar, por isso é fundamental o diagnóstico correto”, diz.
Quando o assunto é a prevenção da queda de cabelo, a dermatologista pontua que a queda fisiológica de 100 a 150 fios por dia vai acontecer, pois é algo natural do processo de produção e desprendimento. “Mas a queda maior, você pode prevenir mantendo o estado metabólico e nutricional do organismo equilibrado, colorindo o prato com alimentos saudáveis e principalmente ingerindo proteína. Uma das maiores causas de queda de cabelo são as dietas para emagrecimento. Quando o paciente começa a fazer uma reeducação muito restritiva, o cabelo não é visto como algo importante. Logo, o corpo vai economizar a energia da produção dos fios e repassá-la para a atividade de outros órgãos”, completa Dra. Ana Pellegrini.