O grande número de assaltos nos arredores do Colégio Estadual Constantino Fernandes, no Parque Jóquei Clube, vem amedrontando estudantes, professores e funcionários. Com o intuito de cobrar uma providência do poder público, na manhã desta sexta-feira (17) eles se organizaram em uma manifestação pacífica em frente à unidade e pediram a volta do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), da Polícia Militar; e da ronda escolar, da Guarda Civil Municipal (GCM) e também a contração de porteiros, já que, desde o ano passado, os servidores que desempenhavam essa função foram dispensados. Os manifestantes ainda solicitaram a implantação de redutores de velocidade na Rua Júlio Barcelos, em frente ao Colégio. Segundo eles, inúmeros acidentes já foram registrados no local devido à falta de quebra-molas, inclusive deixando vítimas gravemente feridas.
O protesto começou por volta das 10h da manhã, quando os estudantes levantaram cartazes a fim de chamar a atenção das autoridades para o problema. De acordo com o diretor titular da instituição, Fernando Vasconcellos, a ocorrência de assaltos foi agravada nos últimos meses, principalmente após a dispensa dos porteiros terceirizados do estado. Ele conta que, semanalmente, os estudantes são assaltados em frente à escola e nas ruas adjacentes, o que vem tirando a paz principalmente dos pais desses jovens.
“Fizemos uma pesquisa e percebemos que, em cada sala, de três a oito alunos já tiveram seus celulares roubados aqui no bairro. Essa estatística é assustadora e, por isso, decidimos nos manifestar. Muitos pais estão com receio de deixarem os seus filhos virem para a escola porque prezam pela segurança deles. Nós também prezamos, mas não podemos abdicar da educação em prol do medo”, afirmou o diretor. Ele acrescentou que os assaltos acontecem, sobretudo, no terceiro turno, na parte da noite, quando os estabelecimentos comerciais da área já fecharam as portas.
O professor de história, Romualdo Braga, disse que os constantes assaltos na área já viraram motivo de piada entre os alunos. “Eles brincam uns com os outros sobre quem será o próximo a ser assaltado. Isso é preocupante demais e as autoridades precisam abrir os outros para essa questão. Além de sobrecarregarmos outros funcionários para ficarem na portaria e vigiarem a saída dos estudantes, todos acabam ficando em risco. A ronda escolar da Guarda, que antes era frequente, agora já não passa por aqui. O mesmo vale para o Proeis, que realizava um trabalho muito importante para a segurança nas escolas e que hoje não existe mais. Estamos de mãos atadas e o mínimo que podemos fazer é pedir ajuda”, declarou o professor.
Maria Isabel Pessanha, de 56 anos, é mãe de uma aluna e funcionária do Colégio Estadual. De acordo com ela, os assaltantes atuam em bicicletas, motocicletas e até mesmo em carros, o que deixa os alunos e funcionários apreensivos. “Eles não sabem quem pode sacar uma arma e assalta-los. Nós orientamos para que todos saiam juntos, para inibir a ação dos bandidos, mas essa não é a solução definitiva para o problema. A Polícia e a Guarda precisam estar presentes”, disse. A mãe Valéria Nunes, de 49 anos, mesmo morando no bairro, leva e busca a filha todos os dias. “Ela já foi assaltada uma vez quando ia para casa junto com um colega. Então trazê-la e busca-la foi a medida que eu encontrei para que ela chegue na escola e à casa em segurança”, contou.
Redutores de Velocidade
Outra questão levantada pelos estudantes e funcionários do Colégio Estadual Constantino Fernandes e pelos moradores do Jóquei Clube é a falta de quebra-molas na Rua Júlio Barcelos, em frente á unidade escolar. Há três anos e três meses, o lanterneiro Valdemilson Alves dos Santos, de 58 anos, foi atropelado por um veículo em alta velocidade quando atravessava a rua da escola às 10h da manhã. Ele sofreu traumatismo craniano que ocasionou a perda do movimento das pernas e prejudicou a fala. Após seis meses internado “entre a vida e a morte”, ele passou a ser cuidado pela irmã, Vera Lúcia Alves, proprietária de uma lanchonete na Rua Júlio Barcelos.
De acordo com Vera, Valdemilson foi apenas uma das vítimas de acidentes no local. Ela e outros moradores já solicitaram ao Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) a instalação de um quebra-molas na via pública, mas, até o momento, o pedido não foi atendido. “Não entendemos o porquê da demora para atender um pedido tão simples. A única coisa que pedimos é um redutor de velocidade para impedir que outras pessoas também se machuquem”, declarou.
Sempre respeitando o princípio do contraditório, a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via entrou em contato por e-mail com a Superintendência de Comunicação Social da Prefeitura de Campos a fim de questionar a Guarda Civil Municipal e o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) a respeito da interrupção do programa Ronda Escolar e da falta de redutores de velocidade em frente ao Colégio. O jornal aguarda a resposta dos órgãos competentes para incluí-la na reportagem.