Uma história de 90 anos que se encerra. Pelo menos uma parte dela. Depois de funcionar no mesmo endereço por nove décadas, o mais antigo e tradicional bar de Campos, Ao Gato Preto, encerrou as atividades na Rua 21 de Abril, na área central. A partir de 1º de abril, será transferido para a Rua Barão do Amazonas. A despedida do local reuniu centenas de pessoas afeiçoadas ao bar. A rua foi interditada para receber o maior número de participantes. Ao som de muita música, os frequentadores beberam e se confraternizaram.
Depoimentos
“A gente está lamentando muito esse dia, tendo em vista tradição de Ao Gato Preto ser o único bar tombado pelo patrimônio histórico com seus mais 90 anos de história. A gente está de luto, mas não queremos levar a tristeza. Nesse dia, a gente quer comemorar tudo que esse bar proporcionou para todos nós” (Wellington Cordeiro – fotógrafo e presidente da AIC)
Romualdo Braga. “É uma representação na cidade de encontros e desencontros, de festividades, de etnias e de vários segmentos da cidade, no campo da música e da literatura. É difícil dizer só sobre um bar. É um ponto de encontro para mim. Ele vai mudar de lugar e é uma perda porque foi tombado pelo patrimônio histórico recentemente. A cidade vai sentir essa representação do capitalismo contra a cultura social de Campos. A gente só perde com isso” (Romualdo Braga – professor e produtor cultural).
“Tenho 70 anos e desde os 15 frequento o Gato Preto. Vinha com meus tios. É uma tristeza essa tradição acabar, saindo daqui. Espero que continue a mesma coisa, mas vai fazer a falta estar nesse endereço”(Roberto Fernandes – Beto Baixinho – cliente)
“Para mim, sempre foi bom vir aqui para conversarmos com os amigos toda sexta-feira. Muitos morreram e eu deixei de vir. Vai ficar um buraco aqui na rua. Estou triste” (Lucinha Teixeira – cliente).
“São mais de 40 anos frequentando este bar. É um dos bares mais conhecidos de Campos e fora da cidade. Pessoas de todos os níveis sociais se respeitam aqui. Nunca teve problema de relacionamento aqui. Vou continuar freqüentando no novo endereço da Barão de Amazonas, próximo ao shopping da praça central” (Tenente Cacau – cliente).
“Desde pequeno eu vinha com meus pais, parentes e irmãos. Eu fui muito tempo diretor dos Correios. Da minha sala, eu ficava apreciando o pessoal no Gato Preto. Depois do expediente, eu vinha para cá. É o único boteco tombado pelo patrimônio histórico” (Joedson Pereira – servidor aposentado).
“O bar é um ícone de Campos. O único de Campos que atende a todas as classes sociais. Sempre foi um ambiente para conversar e encontrar as pessoas. Ele não foi tombado como patrimônio imaterial à toa” (Hugo Prates – fotógrafo).