O caso ganhou repercussão nacional e internacional, enaltecendo o instinto da cadela e levantando debate na imprensa sobre a necessidade de se adotar restrições aos ferozes pitbulls. Irmão mais velho de Lucas, Leandro tinha 13 anos na época do episódio, que aconteceu no dia 23 de fevereiro de 20 anos atrás. Ele e outros parentes tentaram impedir o ataque e tirar os animais de cima do irmão, sem sucesso.
– Empurramos, agredimos os animais, demos pancadas, acho que até facadas, mas nada. Me lembro até de ter colocado a mão na boca dos cachorros, mas não conseguimos separá-los. Eles só saíram de cima do Lucas quando a Catita os tirou. Tudo deve ter durado uns 30 segundos, mas parecia uma eternidade, pelo nervosismo. É como se fossem umas duas horas – relembra o Leandro, hoje com 33 anos, dono de uma oficina de automóveis na cidade.
Atualmente, Lucas é mecânico e trabalha em uma concessionária de veículos, em Campos, e tem poucas sequelas físicas do caso. As referências ao ataque se limitam a duas cicatrizes. Ele garante que não gosta de falar sobre o episódio, mas adota um tom comedido ao dar-se conta que ele completará 20 anos em breve.
– Agradeço muito, primeiramente, a Deus. E, depois, à Catita, que me salvou – conclui.
Catita foi condecorada com medalha e apareceu em programas como do Gugu e do Faustão. A medalha foi dada pela Sociedade Internacional Protetora dos Animais. Na mesma solenidade, Lucas recebeu um diploma de amigo da entidade.
O ataque dos pitbulls levou o então governador do Rio, Anthony Garotinho, a sancionar, em abril daquele ano, a lei estadual 3.205/99, que determinava o fim da importação, da comercialização e da criação de todos os cães da raça pitbull, que deveriam ser esterilizados por seus donos. A norma, proposta pelo deputado estadual Carlos Minc, determinava ainda que os animais, para serem conduzidos em via pública, deveriam usar enforcador e focinheira, e estar na companhia de um adulto.
Catita, por outro lado, fez tanto sucesso que o colunista Luís Fernando Veríssimo a lançou candidata a presidente da República. Em sua coluna, Luís Fernando Veríssimo “lançou” Catita candidata à presidência, para a disputa de 2002. Catita morreu há 17 anos, em 25 de fevereiro de 2002.