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Região aponta direção do progresso

Ferrovia EF-118 passando pelo Porto do Açu e Campos é a principal reivindicação dos empresários a ser feita ao governo Jair Bolsonaro

Economia
Por Marcos Curvello
4 de novembro de 2018 - 0h01

Com o fim das eleições e a definição de quem conduzirá o país e o Estado do Rio pelos próximos quatro anos, a expectativa, agora, se volta aos desafios que vão se impor ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e ao governador Wilson Witzel (PSC) a partir do dia 1º de janeiro de 2019. Individual e conjuntamente, eles deverão atacar não apenas as questões de Segurança, em torno das quais se consolidaram seus programas, mas outras pouco discutidas em um pleito marcado mais pelo enfrentamento que pelo debate. Tida por analistas como o assunto mais urgente deste pleito, mas afogada por uma pauta orientada principalmente pelos costumes, a Economia é uma das principais preocupações no Norte Fluminense.

Assolada nos últimos anos pela crise da indústria do petróleo, a região gera um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 68 bilhões, dos quais R$ 31 bilhões têm origem na indústria, segundo estudo da Firjan. Trata-se do segundo maior polo industrial do Estado, com duas mil empresas, atrás apenas da capital. Este ano, o Norte Fluminense — que compreende nove municípios, o maior dos quais é Campos — ensaiou uma recuperação: foram 5 mil vagas criadas na agropecuária e indústria de transformação. Mas, para que o desenvolvimento aconteça a longo prazo, é preciso “atrair investimentos para gerar emprego e renda”, afirma o presidente regional da Firjan, Fernando Aguiar.

Para que isso aconteça, a União e o Estado têm papel essencial, seja na criação de um ambiente propício à aplicação de capital, seja na criação de políticas públicas pensadas em função das potencialidades regionais e na retomada de projetos de infraestrutura, que as permitam se desenvolver. O Norte Fluminense abriga algumas iniciativas importantes, como o Porto do Açu, em São João da Barra, e o Complexo Logístico Farol-Barra do Furado. O primeiro foi citado por Witzel, que prometeu apoio ao projeto de construção da Ferrovia Transoceânica, que deve ligar o empreendimento ao Porto de Ilo, na costa peruana. Também foi lembrado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), em entrevista concedida à jornalista Leda Nagle, em 14 de setembro de 2018, e veiculada no Youtube no dia seguinte.

“(O Porto do Açu) pode ser o canal de comunicação do comércio do Brasil com o mundo. Tem tudo. Está pronto lá. Sabe por que não avança? Porque eles não têm como escoar a produção, fazer chegar até lá, porque não tem uma ferrovia que ligue a capital, o Rio de Janeiro, até lá”, afirmou Flávio, filho de Jair Bolsonaro, creditando a situação à “falta de vontade política”.

(Foto: Silvana Rust)

EF-118

Além da Ferrovia Transoceânica, cujo memorando de entendimentos foi assinado pelos governos do Brasil e da China em maio de 2015, mas pouco avançou desde então, há a outro projeto que pode ajudar a conectar definitivamente o Norte Fluminense à malha econômica nacional: a Estrada de Ferro 118 (EF-118).

Pensada para ligar Nova Iguaçu, na Região Metropolitana do Rio, a Cariacica, no Espírito Santo, passando pelo Porto do Açu, onde teve seu lançamento em novembro de 2017, a ferrovia terá 577 quilômetros de trilhos, dos quais 374 quilômetros serão construídos do zero, numa Parceria Público Privada (PPP).

Para Fernando Aguiar, a EF-118 e o Porto do Açu constituem “um casamento perfeito”.

“Além do Porto do Açu que pode elevar o volume de movimentação de cargas gerais e graneis, a ferrovia pode viabilizar o escoamento de produção de alguns produtos da região e também do estado do Espírito Santo. A possibilidade de exportação de grãos pelo Açu também pode ser altamente viável. Por outro lado, contar com mais um modal de transporte, nos dá segurança para agir em emergências, como a greve dos caminhoneiros”, diz.

Porém, de acordo com o presidente regional da Firjan, embora as expectativas em torno da ferrovia sejam grandes, ainda não é possível avaliar quando ela entrará em operação. “Em julho deste ano, o governo federal incluiu a ferrovia no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) mas não há prazo definido. Muitos estudos foram e continuam a ser feitos, mas ainda não há uma data divulgada”.

Processos que poderão ser adiantados com a atuação tanto do novo governador quanto do novo presidente.