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Mulheres protestam e cobram maior presença do Estado no combate à violência

Vítima de tentativa de feminicídio relata marcas físicas e emocionais e denuncia falta de apoio governamental

Estado do RJ
Por Redação
8 de dezembro de 2025 - 8h19

Vítima de violência se junta a outras mulheres para protesto
no Rio de Janeiro (Foto: Agência Brasil)

A tentativa de feminicídio sofrida em 6 de fevereiro de 2017 ainda deixa profundas marcas em Evelyn Lucy Alves da Luz, 44 anos, agente de educação infantil do município do Rio de Janeiro. Os disparos feitos pelo ex-marido, diante da filha que tinha apenas seis anos, moldaram uma história de dor que ela carrega até hoje — e que levou para a manifestação contra o feminicídio realizada neste domingo (7), na Praia de Copacabana.

“Ele disparou na frente da nossa filha. Ela viu tudo. Esse crime se torna ainda mais cruel porque ele tirou dela qualquer sensação de segurança”, contou Evelyn, entre lágrimas. Segundo ela, a menina ainda não consegue falar sobre o episódio e enfrenta traumas profundos.

O ataque ocorreu em frente à casa onde Evelyn morava, em Vila Isabel. Era sábado de carnaval quando o ex-marido devolveu a filha após um encontro determinado pela Justiça. Dez minutos depois, retornou armado e efetuou três disparos. Dois atingiram o abdômen da vítima — que perdeu o baço, parte do fígado e o ovário esquerdo — e um atingiu seu rosto. Ela passou 21 dias hospitalizada, 11 deles no CTI.

“Carrego essas marcas no corpo e na alma. Poderia ter virado estatística, mas estou aqui porque sobrevivi”, disse.

Entre as mulheres que encontrou na militância, Evelyn construiu uma rede de apoio fundamental para sua recuperação emocional. “Recebi muito amor de coletivos e amigas, como a Vanderlea Aguiar, do Movimento Emancipa, que esteve comigo desde o início”, afirmou.

O Estado, no entanto, segundo ela, foi ausente. “Não recebi qualquer tipo de assistência psicológica, financeira ou institucional. Tive que me reerguer sozinha. Uma mulher que sobrevive a uma violência dessa magnitude não tem suporte para reconstruir a própria vida”, denunciou.

Durante uma pesquisa na internet, Evelyn descobriu recentemente que o agressor, que chegou a ser preso, está solto desde 2024 — sem que tenha sido informada oficialmente. O choque reforçou a decisão de participar do ato “Na Rua por Mulheres Vivas!”.

“Estou aqui por mim, pelas que já se foram e por todas que querem viver livres”, declarou.

A manifestação reuniu mulheres de diferentes movimentos sociais, que pediram mais políticas públicas, maior presença do Estado e ações efetivas contra a violência de gênero no Rio de Janeiro.

Fonte: Agência Brasil