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Dayane Santana: arquitetura com linhas de ateliê

Entre rigor técnico e sensibilidade artística, a arquiteta revela uma arquitetura com alma

Entrevista
Por Aloysio Balbi
1 de dezembro de 2025 - 0h01
Foto: Arquivo Pessoal

A arquiteta Dayane Santana apresenta uma visão rara: une técnica refinada, profunda escuta e sensibilidade estética em um mesmo gesto criativo. À frente de um escritório que funciona como um verdadeiro ateliê contemporâneo, ela conduz cada projeto como uma imersão — seja no estilo de vida de uma família, seja na dinâmica de um negócio — transformando necessidades em arquitetura com alma. Seu processo é meticuloso: pesquisa, referências, materiais, volumetrias e uma entrega técnica completa que garante precisão e segurança.

Especialmente reconhecida pelos interiores, ela trata cada ambiente como uma composição autoral, onde iluminação, texturas naturais, mobiliário selecionado e funcionalidade se encontram com poesia. A busca por tendências é constante, mas nunca guiada por modismos: sua arquitetura é atemporal, com toques contemporâneos que se renovam organicamente.

Atuando com força no segmento residencial — casas em condomínio e apartamentos de alto padrão — Dayane também enxerga um cenário promissor no setor comercial de Campos, no qual marcas locais têm buscado identidade e presença. Visionária, aposta na tipologia dos estúdios e observa com equilíbrio o movimento entre casas e apartamentos nos condomínios da cidade.

Sua sensibilidade também aparece no projeto do quarto dos próprios filhos, pensado sem rótulos, guiado por conforto, leveza e experiências sensoriais. E, quando olha para Campos, revela um desejo generoso: transformar a cidade por meio de espaços públicos mais humanos, inteligentes e conectados com o Rio Paraíba do Sul, um patrimônio natural que ela enxerga como potência e poesia ainda por revelar.

Como é a dinâmica do seu escritório?
O escritório funciona como um verdadeiro ateliê contemporâneo de criação, um espaço onde ideias ganham forma com profundidade, técnica e sensibilidade. Trabalhamos com um processo criativo muito organizado, que vai da imersão no estilo de vida da família ou na dinâmica de cada negócio, passa pela pesquisa de referências, definição de materiais e volumetrias, até chegar à entrega técnica completa, garantindo precisão e segurança na execução. Meu objetivo sempre foi oferecer mais que um projeto, entregar uma experiência, em que estética, funcionalidade e emoção caminham juntas.

Comércio ou residencial: qual segmento tem maior demanda hoje em Campos?
Atualmente, o segmento residencial tem sido o carro-chefe do escritório, especialmente casas em condomínio e apartamentos de alto padrão. Mas Campos vive um momento interessante para o setor comercial também, marcas locais estão buscando identidade, presença e espaços mais inteligentes. Então, embora o residencial lidere, o comercial tem crescido de forma muito saudável.

 Interiores como “prato gourmet” do escritório?
Sem dúvida! Os interiores sempre foram uma paixão e, ao mesmo tempo, o espaço onde conseguimos afinar detalhes, personalizar escolhas e criar ambientes que realmente traduzem a alma de quem habita. No meu escritório, o “arroz com feijão” ganha assinatura: iluminação pensada, materiais de alta qualidade, texturas naturais, mobiliário cuidadosamente selecionado e soluções que unem design e funcionalidade. É onde a arquitetura encontra a poesia.

 O escritório pesquisa tendências?
Sim, mas não seguimos modismos. Trabalhamos com pesquisa constante através de feiras nacionais e internacionais, fornecedores, referências culturais, comportamento e estilo de vida. Mas a tendência só entra no projeto se fizer sentido para a história daquele cliente. Acredito que boa arquitetura é atemporal, com toques contemporâneos que se renovam de forma natural, sem forçar uma estética passageira.

E sobre os quartos dos seus filhos, como resolveu o clássico “menino x menina”?
Escolhi criar um único quarto para os dois, pensado para acolher tanto a Felícia quanto o Francisco. Optei por paleta suave, mobiliário que acompanha o crescimento, iluminação quente e pontos lúdicos elegantes, nada temático, tudo muito sensorial e pensado para gerar conforto e memórias. Mais do que definir “menino” ou “menina”, priorizei criar um espaço que abraça, que estimula e que evolui junto com eles.

 Estúdios em Campos: você dobra a aposta ou é mais conservadora?
Eu dobro a aposta. Vejo um movimento claro de novas formas de morar: prático, compacto e conectado. Os estúdios atendem jovens profissionais, investidores e pessoas que buscam uma vida mais dinâmica. Com bom projeto, eles se tornam altamente funcionais e extremamente valorizados. Campos está pronta para essa tipologia com inteligência e planejamento.

Sobre condomínios, casas ou apartamentos?
Ambos possuem excelente demanda. Casas oferecem liberdade de planta, expansão e personalização. Apartamentos entregam praticidade, segurança e padronização construtiva. O que tenho percebido é que em Campos há um equilíbrio, famílias com filhos pequenos preferem casas, jovens casais e investidores têm optado por apartamentos.
O mais importante é que qualquer tipologia, com bom projeto, alcança seu máximo potencial.

 Casas de praia, de campo, sítios e chácaras: tendência?
Sim. As famílias estão buscando respiro e proximidade com a natureza. A casa de praia sempre teve protagonismo, mas a casa de campo, o sítio e a chácara ganharam força pela possibilidade de viver experiências mais silenciosas, conectadas com o verde e com a desconexão necessária do cotidiano. São projetos nos quais exploramos bastantes materiais naturais, conforto térmico, luz e integração.

Se pudesse intervir em Campos para embelezar a cidade, o que faria?
Criaria espaços públicos mais humanos com identidade, paisagismo eficiente, mobiliário urbano de qualidade e integração entre cultura, esporte e convivência. Acredito profundamente no poder da arquitetura para transformar a percepção de uma cidade, tornando-a mais acolhedora, acessível e viva. Um dos pontos que mais me chama atenção é a área ao redor do Rio Paraíba do Sul. Temos uma orla de beleza exuberante, ainda pouco explorada.