

Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram ao menos 44 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, na madrugada desta quarta-feira (29). A cena ocorreu um dia após a megaoperação policial que resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais, e foi classificada como a mais letal da história do estado.
Os corpos, segundo apuração do g1, estavam espalhados pela área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram intensos confrontos entre forças de segurança e traficantes. Moradores relataram que ainda há mais vítimas no alto do morro.
O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que já tem conhecimento do caso e determinou a apuração imediata sobre o transporte dos corpos para a praça.
Entre os que ajudaram a remover os corpos está o ativista Raull Santiago, morador da região. “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido. É algo novo, brutal e violento num nível desconhecido”, declarou.
De acordo com informações preliminares, o motivo de os moradores levarem os corpos para a rua foi facilitar o reconhecimento por familiares. A Polícia Civil informou que o atendimento às famílias será realizado no prédio do Detran ao lado do Instituto Médico-Legal (IML), a partir das 8h. O acesso ao IML, nesse período, será restrito a policiais civis e integrantes do Ministério Público, que acompanham os exames de identificação.
Ainda segundo a corporação, necropsias sem relação com a operação serão conduzidas no IML de Niterói.
Mais cedo, seis corpos foram levados por moradores em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. O veículo chegou em alta velocidade e deixou o local logo em seguida.
A operação conjunta nas comunidades da Penha e do Alemão foi anunciada como uma das maiores ações de segurança já realizadas no Rio, mas provocou uma reação de revolta entre moradores e entidades de direitos humanos, que denunciam o alto número de mortes e a falta de transparência sobre o total de vítimas.


Governador Cláudio Castro
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, pediu nesta terça-feira (28) à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen), órgão do Ministério da Justiça, a transferência de 10 detentos presos em penitenciárias do Rio para presídios federais.
Eles teriam liderado de dentro da cadeia às ações que culminaram com o caos na cidade, determinando o bloqueio de pistas, com o sequestro de ônibus em vários pontos da cidade.
Mais cedo, Castro falou com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffman, e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre a operação realizada hoje nos Complexos do Alemão e da Penha.
A Operação Contenção resultou em 64 mortos, entre eles, quatro policiais, além de 15 policiais civis e militares feridos. Foram apreendidos 93 fuzis, além de 86 prisões de suspeitos.
Castro disse que sempre foi muito bem recebido pela ministra Gleisi e o ministro Rui Costa. “Me ofereceu ajuda do governo federal e ficamos de nos falar novamente agora à noite”.
O governador disse que antes vai conversar com o secretário de Segurança do Rio, Victor dos Santos para falar novamente com Rui Costa.
“Ficamos de nos falar mais uma vez para entender os passos de amanhã [29]. Eu não acredito que segurança se faz politizando. Então qualquer ajuda que o governo federal quiser dar dentro do que a gente necessita, será bem-vinda”.
Castro disse que não houve precipitação na ação de hoje, com a reação dos criminosos. O governador disse que a ação foi para cumprir mandados judiciais e uma investigação de mais de um ano que estava sendo planejada há 60 dias, inclusive com a presença do Ministério Público estadual. Todos os preceitos da ADPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] foram cumpridos e nós sabíamos que poderia ter reação dos criminosos da região”.
A operação ainda não terminou. Na noite de ontem, agentes do Bope trocavam tiros com criminosos na área de mata na localidade conhecida como Vacaria, no Complexo do Alemão.
A Rio Ônibus informou que 71 coletivos foram uados como barricadas em vários pontos da cidade ao longo do dia para impedir as ações das forças de segurança do Estado.
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Com informações do G1 e Agência Brasil