

Em infindável discussão nos órgãos de comunicação do Brasil e nas casas legislativas, onde o governo busca mostrar que trilha o caminho da prosperidade, enquanto a oposição adverte sobre o contrário, um dado é significativo e ajuda separar a realidade da fantasia: 30,3% das famílias brasileiras estão endividadas e não têm como pagar as dívidas com juros tão altos.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), feita pela Confederação Nacional de Bens Serviços e Turismo, a população brasileira amarga recorde de endividamento, tendo como dado inquestionável tratar-se de recorde dos últimos 15 anos
Entretanto, cabe lembrar que a pesquisa começou a ser elaborada em 2010, o que significa dizer que não é sabido se o gigantesco percentual de inadimplentes é “apenas” de 15 anos, ou antes – visto que a pesquisa não era realizada.
Ora, com as famílias brasileiras precisando usar um terço de seu orçamento para dívidas – que só aumenta face aos juros – estamos diante de uma tragédia que suga os salários do trabalhador sem que o governo traga ao menos uma sugestão. E ainda mais grave, a curva está subindo, visto que 49% está inadimplente há mais de 90 dias.
Não há expectativa de reversão porque o efeito cumulativo do juro, mais os encargos adicionais, faz crescer o problema. A renegociação é hostil ao devedor e, no fim das contas, o orçamento doméstico só faz minguar.
É o Brasil que vivemos.


Até semana passada o presidente Lula da Silva evitava falar abertamente se pretendia disputar a reeleição no ano que vem. Avançava e recuava, seguindo o termômetro político de cada momento. Contudo, em recente visita à Indonésia, declarou à imprensa que vai disputar o pleito de 2026.
Talvez por isso Lula não tenha, de fato, apostado em nenhum nome nesses três anos. Testou aqui e ali – ‘tipo’ Gleisi Hoffmann & Cia – não mostrou entusiasmo por ninguém – agora afastou Boulos – e segurou a vaga para ele mesmo. Em suma: não investiu, pra valer, em nenhuma figura do PT. Não é uma afirmação, mas faz todo sentido.
Numa análise fria, não há motivos que embasem a decisão otimista. Ao contrário, a economia está empacada, os juros altos e inflação apontando para cima. Desigualdade social, seguidas derrotas no Congresso e taxa de emprego insatisfatória. Neste particular, cabe observar não haver aumento de oferta, mas sim um contingente considerável de pessoas que desistiram de buscar emprego e foram para a informalidade. Logo, ficam fora das estatísticas.
Dezessete anos no Planalto
Para uma fatia de estudiosos e economistas, à luz dos números, a realidade é amarga: nos últimos 23 anos, o PT governou 17: Três mandatos de Lula – contando este, que completa 3 anos daqui a 2 meses – mais os dois de Dilma, que somaram 6 por causa do impeachment.
Há, ainda, os analistas que consideram Lula3 o pior de todos, visto que não consegue o básico: conter as despesas públicas. Ao contrário, o Brasil está gastando mais e o ajuste fiscal vira ficção. O arcabouço fiscal de Haddad não disse a que veio e a desigualdade no País aumenta.
Bolsonaro em queda
Na outra face da moeda, a ‘novidade’ que pode estar impulsionando Lula é que nos últimos 3 meses, a partir do julgamento de Bolsonaro (que assumiu posição ridícula) somado à prisão domiciliar, no radar da sucessão a luz do capitão só vem se apagando. O ex-presidente está desanimado, perde holofote e não traz nenhum entusiasmo a seus seguidores. Num olhar à frente, não há nada que indique reversão desse quadro desfavorável.
Tarcísio – Por assim dizer, sobram Eduardo Bolsonaro (sem comentário), Michele e Tarcísio de Freitas – este sim um nome que pode ombrear com Lula, mas que precisa decidir entre uma reeleição tranquila, no 1º turno, para governador de São Paulo e as incertezas de chegar ao Planalto.
OPINIÃO DO ESTADÃO
Em editorial publicado semana passada, o Estadão se posicionou sobre o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ter mandado investigar os autores das ‘ameaças’ ao também ministro Flávio Dino nas redes sociais.
Enfatizando que o STF “não é bedel das redes”, foi direto ao ponto logo nas primeiras linhas: “O Supremo Tribunal Federal (STF) está cada vez mais à vontade no papel de zelador absoluto da democracia brasileira, ainda que isso implique sacrificar garantias constitucionais elementares, como a liberdade de expressão.”
No mínimo, cabe reflexão. Afinal, O Estado de S. Paulo é um dos mais importantes jornais do Brasil e da América Latina, com 150 anos de circulação.