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Vacina brasileira contra a covid entra na fase final de testes clínicos

Imunizante SpiN-TEC, desenvolvido pela UFMG, mostrou segurança e menos efeitos colaterais que vacinas importadas

Saúde Pública
Por Redação
9 de outubro de 2025 - 8h16

Reprodução Agência Brasil

O Brasil está mais próximo de lançar sua primeira vacina totalmente nacional contra a covid-19. A SpiN-TEC, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), acaba de concluir os testes de segurança, que confirmaram a eficácia e baixa ocorrência de efeitos adversos. O imunizante segue agora para a fase final dos estudos clínicos, e a expectativa é que possa estar disponível à população até o início de 2027.

De acordo com o pesquisador Ricardo Gazzinelli, coordenador do CT-Vacinas, os resultados indicam que a SpiN-TEC foi capaz de induzir resposta imune em humanos, com desempenho até superior ao da vacina da Pfizer no quesito segurança. “A vacina mostrou-se imunogênica e provocou menos efeitos colaterais do que a vacina da Pfizer”, afirmou.

O imunizante utiliza uma tecnologia inovadora baseada na imunidade celular, que prepara o organismo para reconhecer e destruir apenas as células infectadas, tornando-o mais eficiente contra diferentes variantes do vírus. Essa abordagem já havia apresentado bons resultados em estudos com animais e agora se confirma nos ensaios clínicos com humanos.

O projeto recebeu investimento de R$ 140 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da RedeVírus e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A fase 1 dos testes envolveu 36 voluntários e avaliou a segurança da vacina em diferentes dosagens; a fase 2, com 320 participantes, ampliou a análise de eficácia. A próxima etapa, aguardando autorização da Anvisa, deverá incluir 5,3 mil voluntários de todas as regiões do país.

Para Gazzinelli, o avanço representa um marco para a ciência brasileira. “O Brasil tem um ecossistema de vacinas quase completo, com universidades, fábricas e distribuição pelo SUS. O que faltava era levar uma vacina idealizada aqui para os ensaios clínicos, e agora conseguimos”, destacou.

O CT-Vacinas, criado em 2016 pela UFMG em parceria com a Fiocruz-Minas e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, conta com cerca de 120 pesquisadores e trabalha também no desenvolvimento de vacinas contra malária, leishmaniose, doença de Chagas e monkeypox.

Segundo Gazzinelli, além do avanço científico, o projeto reforça a importância da soberania tecnológica. “Aprendemos o caminho para levar uma vacina à Anvisa e realizar todo o processo clínico. Vacinas realmente protegem — quanto mais pessoas vacinadas, mais segura está a população”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil