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Aluno com TEA é suspenso em colégio particular de Campos por “comportamento inadequado”

Pais do adolescente relatam ter descobrido que ele já havia assinado seis advertâncias, sem qualquer comunicado da escola aos responsáveis.

Geral
Por Yan Tavares
7 de outubro de 2025 - 19h31
Foto: Josh

Um estudante de 12 anos, com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi suspenso em um colégio particular de Campos, por “comportamento inadequado”. É a única justificativa apontada pela escola no termo de suspensão de um dia, aplicado ao aluno do 6º ano, nesta segunda-feira (6).

“Ontem nos deparamos com a surpresa de que a escola havia dado uma suspensão. Ao chegar à escola para se inteirar do assunto, a mãe foi noticiada de seis advertências, todas assinadas por ele. Ela não foi notificada de nenhuma. Suspender autista é crime. Por isso, a mãe foi à delegacia e fez um registro de ocorrência”, disse o pai do aluno, Rodrigo Marques.

A reportagem falou também com a mãe do dolescente após o incidente. “Foram seis advertências, sem que eu tivesse ciência alguma. E agora, uma suspensão sem razão alguma. Ele disse ter jogado um aviãozinho de papel na sala. Aí colocaram ‘comportamento inadequado’ na suspensão. Só que ele é autista”, destaca Monique Marques.

Imagem: Reprodução

“Tem outras mães indignadas pela situação. Só na mesma sala dele, outras crianças com TEA também já levaram suspensão. São crianças autistas levando advertências sem que os pais sequer sejam informados. O que gera indignação mesmo. É uma total falta de respeito. É uma situação muito ruim, porque sabemos o quão dificil seria para eles ter que sair da escola. Toda mudança para eles é muito dura”, complementa.

Mais queixas

O J3News conversou ainda com a mãe de outro aluno, da mesma sala, que também relata vir enfrentando dificuldades recentemente no colégio.

“Meu filho tem laudos de TEA, TDAH e TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), faz acompoanhamentos com especialistas e tem um desenvolvimento muito bom hoje em dia. Neste ano, tivemos uma dificuldade maior em relação a manter mediador, por conta de uma conduta da escola, de propor mais autonomia. Acontece que a turma dele tem vários alunos no espectro do autismo, TOD, TAG… E infelizmente, só tem uma mediadora para esse gurpo grande. O que fez com que eles se atropelassem”, comenta Sâmia. E acrescenta:

“Tive uma reunião na quinta-feira passada, voltando a pedir por mediador. Eles novamente insistiram em deixar como está. Mesmo ele já tendo perdido lancheira, casaco, estojo e caderno de atividades de lá. Ele perdeu isso tudo lá e ninguém sabe onde foi parar. A gente teve também uma questão de bullying lá, que gerou uma suspensão dele. Por ele ter brigado com uma outra criança também do espectro autista. Enfim, não tiro a razão de uma punição acontecer, caso ele perca o controle. Mas, entendo que mais mediação pudesse evitar a escalada que aconteceu. Conversando no grupo das mãe, vi que a questão está se agravando. E não estamos vendo uma sensibilidade da escola. Temos dificuldade até mesmo de contato”, conclui.

Presidente da FMIJ aciona Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e Comissão da Pessoa com Deficiência da Câmara

O J3 apurou também que o vereador reeleito Leon Gomes, atual presidente da Fundação Municipal da Infância e Juventude, se engajou no caso e já acionou órgãos competentes no município. São eles o Conselho Tutelar. o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CMPDCA) e a Comissão da Pessoa com Deficiência da Câmara.

Pude encontrar hoje com a mãe no CMPDCA, ouvir o caso e dar o encaminhamento, para que a gente pudesse ajudar à família, dentro do absurdo que foi. É uma criança autista e super dotada. Algo que aconteceu, tirou ele do eixo. Você não pode exigir dessa criança que tenha comportamento padrão. Mas a escola tem que explicar oq tá acontecendo e tirando esse adolescente do eixo. Esse tipo de coisa tem que parar de acontecer. Precisamos de conscientização sobre a causa”, declarou Leon.