O IBGE divulgou, no final de agosto, as Estimativas da População 2025, apontando que Campos tem atualmente 519.259 habitantes. O número representa pequena variação em relação à estimativa de 2024, que foi de 519.011. Em anos anteriores, os dados também seguiram a trajetória de crescimento: 511.168 em 2020 e 514.643 em 2021. Em 2022 e 2023 não houve divulgação de estimativas, pois o período foi dedicado à realização do Censo Demográfico, que contou 483.540 moradores.
Em nota enviada à reportagem, o Instituto reforça que não é correto comparar diretamente o resultado do Censo com as estimativas. O levantamento do Censo tem caráter presencial e detalhado, com recenseadores em todos os domicílios. Já as estimativas anuais são calculadas com base em projeções nacionais, registros de nascimentos e óbitos e ajustes matemáticos, por meio do método AiBi. O objetivo, segundo o Instituto, é atualizar os dados no intervalo entre um Censo e outro e apontar o futuro.
O IBGE destaca ainda que as estimativas são compatíveis apenas entre anos consecutivos, já que utilizam a mesma base metodológica. “Elas incorporam, além de dados censitários, informações sobre crescimento populacional e alterações de limites territoriais. Por isso, comparações diretas com o resultado do Censo não são adequadas”, informou o órgão.
O debate em torno dos números é antigo em Campos. O prefeito Wladimir Garotinho contestou judicialmente o resultado do Censo de 2022, que apontou população menor do que a esperada, e questionou a redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) determinada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O IBGE, no entanto, afirmou que não comenta contestações judiciais.
Especialista afirma que métodos são adequados
Para o demógrafo e professor da UFF, Gustavo Givisiez, os métodos utilizados pelo IBGE são adequados para municípios de grande porte, como Campos. “O modelo tende a ser até mais preciso em cidades grandes, onde o crescimento é mais estável e previsível. Em municípios pequenos, qualquer variação migratória ou mudança econômica tem impacto muito maior. Por isso, nesses locais, a margem de erro pode ser mais significativa”, explicou.
Ele lembra ainda que o Censo e as estimativas cumprem papéis complementares. “O Censo capta mudanças estruturais e é a base para calibrar todas as projeções. Já as estimativas, de menor custo e aplicadas anualmente, são fundamentais para o repasse de recursos e planejamento. O desafio é que a diferença metodológica pode gerar disputas políticas e judiciais, como já vimos em diversos municípios”, acrescentou Givisiez.
Prefeitura aponta limitações
O diretor de Indicadores Econômicos e Sociais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Inovação, Ranulfo Vidigal, apontou uma defasagem nos cálculos. “O contingente de domicílios informados pela concessionária de água, bem como o cadastro de consumidores de energia elétrica, nos permite admitir que ainda exista diferença entre a estimativa do IBGE e o real tamanho da população de Campos. Apesar disso, reconhecemos o processo de desaceleração populacional, oriundo da redução do tamanho médio das famílias e pela menor taxa de natalidade, que é um fenômeno internacional”, disse.