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Recorde histórico na exportação de carne bovina. Tarifaço, café e Agro

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
11 de agosto de 2025 - 17h25

Em julho o Brasil bateu  recorde em exportação de carne bovina  O volume de 276.879 mil toneladas embarcadas superou em 15,7% o total exportado na comparação com o mesmo mês do ano passado. O setor estaria soltando fogos, não fosse o duro golpe do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump.

Um dos carros-chefes do agronegócio nacional, a tarifa exorbitante de 50% faz com que o Brasil corra o risco de perder o mercado americano. Isso porque como o produto já é taxado em 26,5%, os adicionais 50% elevam a taxa para 76,5% – o que praticamente tira o produto brasileiro da mesa do americano.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, se a tarifa anunciada não for revista, o envio de carne bovina para o mercado norte-americano fica inviável. Todavia, ele ainda mantém a expectativa de que os EUA e o Brasil voltem à mesa de negociação.

Dependência relativa
É enganoso pensar que os EUA são dependentes da carne brasileira. Apesar da reconhecida qualidade do produto brasileiro – o que faz de nosso país um dos maiores fornecedores de carne bovina para a indústria global –, os norte-americanos contam com outros exportadores.

A Austrália, por exemplo, envia grande quantidade, e com uma diferença: sua carne vai direto para o consumidor final, como açougues, mercados e supermercados.

O país australiano leva vantagem sobre o Brasil em relação aos cortes selecionados, preferidos pelo varejista que atende uma fatia mais exigente entre os estadunidenses. Já a carne brasileira é direcionada majoritariamente para a indústria, em particular para produção de hambúrgueres.

Opções
Apesar dos pequenos rebanhos dos EUA e a grande demanda do povo americano por carne bovina, o país norte americano tem alternativas importantes. Além da possibilidade de aumentar o volume do que já compra da Austrália, o Canadá é outro tradicional exportador com espaço para ampliar suas vendas.

Também as carnes produzidas no Uruguai, Argentina e Paraguai  podem aumentar suas exportações – o que lhes seria muito bem vindo – ocupando o vácuo e dividindo entre eles uma parte das vendas que o Brasil deixar de realizar.

Lá e cá – Se os Estados Unidos têm lá suas alternativas, o Brasil também. Nós temos o volume, a qualidade e a logística de produção/entrega. Logo, um produto que quase todos dos mercados globais querem: uma das melhores carnes do mundo.

A maior exportação de carne do Brasil não vai para os EUA, mas para a China. Assim, vale considerar as possibilidades de aumento das exportações para um país cuja população é de 1,4 bilhão de habitantes. Registre-se, o Brasil também exporta para o Egito, Chile, Emirados Árabes Unidos e outros países potencialmente capazes de aumentar suas importações.

Café
Ainda é cedo para cravar quais, de fato, os produtos que irão permanecer no tarifaço de Trump e quais poderão escapar. Inicialmente o café estaria entre as 700 exceções. Depois, que não escapou do tarifaço de 50%. Mas pode mudar. Os EUA são os maiores consumidores de café do mundo e, ao contrário da carne, não é um produto farto e/ou fácil de ser encontrado no mercado global.

O café demora para plantar e para colher. E o Brasil é o principal fornecedor do produto para os EUA. Logo, neste item, é mais fácil o Brasil ampliar para outros mercados do que os EUA conseguirem suprir à alta demanda de sua população pela bebida.

O Agro
Em todo esse imbróglio, em que não há dúvida da excentricidade tosca do presidente americano, o Brasil tem que encontrar uma saída para o agro que, no fim das contas, é quem nos salva diante de todas as crises.

Para não ir longe, no conturbado 2015/16, em que a presidente Dilma foi cassada pelo Senado por 61 votos contra 20 – lembrando que mesmo cumpridos todos os trâmites constitucionais e, ao fim, com a chancela no STF, o PT disse tratar-se de um golpe e que Michel Temer era um golpista… nada mais que o PT sendo o PT –, o Brasil que caminhava para ampliar a recessão sem precedente, teve sua economia salva pelo agro, que livrou o Brasil da falência econômica.

Portanto, como diz o slogan, o Agro é a força que gera riqueza e desenvolvimento. O agro alimenta o brasileiro ao mesmo tempo que é o pilar central de nossa economia.