Nesta quarta-feira (25) as prefeituras das cidades beneficiadas com royalties do petróleo referentes à Bacia de Campos recebem as verbas de compensação da Petrobras. Todos os municípios sofreram queda de repasses este mês. Campos dos Goytacazes, por exemplo, vai contar com R$40,2 milhões. O valor é 12,2% menor que o repassado em maio. São João da Barra se destaca entre os municípios com maiores quedas. Vai receber 25,5% menos que no mês passado, R$13,5 milhões.
A cidade de Macaé contará com R$71,2 milhões ( -11,2%); Quissamã com R$9,6 milhões. O município de Maricá continua sendo o maior em volume de repasses dos royalties do petróleo, com R$110,9 milhões ( -9,7%). Uma queda já esperada e anunciada, conforme antecipado nas análises referentes aos repasses de abril e maio, de acordo com o especialista Wellington Abreu:
“O fator gerador está diretamente relacionado ao pacote de tarifas impostas pelo governo americano no mercado internacional, somado à parada programada da plataforma P-53 e à forte volatilidade do preço do Brent”, explica.
O petróleo apresentou comportamentos distintos nos últimos meses:
Em março, o Brent se manteve acima dos US$ 70. Em abril, registrou mínima de US$ 59, oscilando entre US$ 60 e US$ 67. Em junho, atingiu pico de US$ 80, mas opera ao redor dos US$ 67.
Dentre os municípios impactados, São João da Barra apresentou uma das quedas mais expressivas, resultado direto da redução de produção no Campo de Frade, ocasionada pelo início das conexões (tiebacks) com o Campo de Wahoo — conforme informado em contato direto com o CEO da Prio, operadora do ativo.
No cenário global, os últimos dez dias foram marcados por fortes tensões no Oriente Médio, gerando especulações de alta com um eventual fechamento do Estreito de Ormuz. Ainda assim, o Brent segue abaixo dos US$ 70, indicando que há múltiplas variáveis geopolíticas em jogo — além daquelas que supomos com nossa vã filosofia.
“A recomendação aos gestores públicos da região, altamente dependentes dos royalties, é clara: contar com o repasse de junho para garantir equilíbrio orçamentário no segundo semestre; destinar o excedente à criação de reserva estratégica, visando situações emergenciais e investimentos sólidos; priorizar ações voltadas à infraestrutura e desenvolvimento econômico regional”, diz Wellington Abreu.
Ainda de acordo com o especialista e superintendente de Petróleo, Gás e Tecnologia de São João da Barra, Wellington Abreu, é preciso atentar sobre os gastos dos municípios beneficiados. “Mais do que nunca, o momento exige visão estratégica e responsabilidade fiscal, com foco em um horizonte inevitável: a transição energética e a preparação para um futuro pós-petróleo.”, finaliza.