Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, além do período chuvoso, os escorpiões, especialmente o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), buscam abrigo em locais mais secos, o que pode resultar em um maior número de acidentes. Durante este período, eles estão em busca de refúgios, atraídos por condições mais favoráveis ao seu conforto. Dados do Hospital Ferreira Machado (HFM), referência no atendimento a casos desse tipo na região Norte Fluminense, reforçam a necessidade de atenção redobrada para evitar ocorrências.
Entre 2021 e 2024, os acidentes escorpiônicos representaram a maioria dos atendimentos relacionados a animais peçonhentos no HFM. Segundo o levantamento do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, os escorpiões foram responsáveis por 60% dos casos registrados em 2021, 45% em 2022, 65% em 2023 e 49% em 2024.
A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do HFM, Christiane Ramos, ressaltou a gravidade da situação. “Os escorpiões são os agentes mais frequentes nos atendimentos realizados no hospital. Esse aumento é especialmente observado no verão, quando as condições climáticas favorecem a atividade desses animais e, consequentemente, os acidentes”, explicou.
Os perigos do escorpião e a importância da prevenção
O escorpião-amarelo é uma espécie de alta adaptabilidade e reprodução rápida, podendo gerar cerca de 20 embriões por ciclo. Além disso, sua dieta é baseada em insetos, como baratas e grilos, o que o atrai para áreas urbanas. Mesmo sem alimentação, ele consegue sobreviver por longos períodos.
A picada do escorpião pode provocar sintomas leves, moderados ou graves, dependendo da quantidade de veneno injetado e da suscetibilidade da vítima. “As crianças são o grupo mais vulnerável, com maior risco de desenvolver envenenamento sistêmico grave. Já os adultos, em geral, apresentam quadros clínicos mais leves”, apontou Christiane.
O veneno do escorpião-amarelo age no sistema nervoso periférico e, em casos graves, pode ser fatal. Por isso, o diagnóstico rápido e o início imediato do tratamento são essenciais.
Para evitar acidentes, é fundamental adotar medidas preventivas em casa e no ambiente ao redor. Algumas ações recomendadas são: aplicar água sanitária nos ralos semanalmente, evitar o acúmulo de lixo, entulho e materiais de construção, fechar frestas e rachaduras em paredes e pisos, manter ralos de banheiro e cozinha fechados e garantir o vedamento adequado de caixas de gordura e esgoto.
Caso ocorra uma picada, é importante lavar o local com água e sabão e buscar atendimento médico imediatamente. “Não se deve aplicar substâncias caseiras, como álcool ou pomadas, pois isso pode piorar o quadro”, alertou a coordenadora.
Atendimento especializado no HFM
O Hospital Ferreira Machado integra a Rede de Soroterapia do Estado do Rio de Janeiro, sendo uma das unidades credenciadas para a administração de soros antiescorpiônicos. Entre 2021 e 2024, mais de 55% dos casos atendidos no hospital foram classificados como moderados, com nenhum registro de óbito nesse período.
“O soro é indicado nos casos moderados e graves, e o suporte às condições vitais do paciente é indispensável para o sucesso do tratamento”, comentou Christiane.
Fonte: Prefeitura de Campos