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Colégio indígena estadual de Angra dos Reis é reinaugurado

Professores indígenas da rede atendem alunos em português e em guarani mbyá, língua local

Educação
Por Redação
30 de novembro de 2024 - 8h15

Escola indígena em Angra dos Reis (Fotos: Divulgação)

Foi com danças, pinturas, artesanatos e muita tradição, que o povo indígena da aldeia Sapukai, etnia Guarani Mbyá celebrou a reforma completa pela qual o Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda passou. Agora, a unidade, que fica em Bracuí, em Angra dos Reis, na Costa Verde Fluminense, vai oferecer uma educação ainda melhor para os povos originários e terá, em 2025, com Ensino Médio Regular, uma demanda antiga da comunidade.

Contando com professores indígenas e não indígenas, chamados pelos guaranis como “juruás”, a unidade já atende cerca de 140 alunos do Ensino Fundamental e do Magistério Indígena, em aulas que acontecem em português e em guarani mbyá, língua local. A reforma da estrutura inclui um campo para atividades esportivas, salas de aula, refeitório e novos pavilhões.

A reinauguração contou com a presença da secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto e de seu corpo técnico, que visitou a unidade nesta quinta-feira (28/11), onde conversou com lideranças e com a população local, além de ver os esforços empreendidos pela Secretaria de Estado de Educação – Seeduc para tirar o projeto do papel.

“Quando cheguei à secretaria, em março de 2023, fiz uma reunião e prometi melhorias. Eu fui questionada se de fato faria tudo isso porque eles já vinham sofrendo há muito tempo. Desde aquele dia, trabalhamos para isso acontecer. Agora, com a chegada do Ensino Médio Regular, vamos garantir mais educação junto à cultura deste povo, na mesma localidade onde eles residem. Além disso, determinei que os alunos da primeira turma de professores formados pelo Magistério Indígena sejam priorizados na contratação para dar aulas nesta escola. Esta é a forma mais fiel de manter a cultura e a tradição indígena”, declarou a gestora.

Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda

Um dos primeiros a construir o antigo colégio comunitário, há cerca de 37 anos, a liderança indígena da aldeia, Lucas Benite, representando o cacique Algemiro, que estava em outro compromisso, lembrou as dificuldades para levar um pouco de educação para Sapukai e como as coisas melhoraram quando o espaço passou a ser administrado pelo Governo do Estado e avanços foram iniciados. Falando primeiro em língua guarani, Lucas repetiu sua fala em português para os demais.

“Nós fizemos tudo sem ter um engenheiro ou profissional, carregamos tijolos, areia e cimento pra cá, tudo pensando em fazer uma escola, mas na época, nem eu entendia o valor e o que era a educação diferenciada, hoje eu vejo o resultado daquele tempo. Aqui, a gente conversa em nossa língua, mas queremos que os nossos filhos e os nossos netos estudem e alcancem seus objetivos também. Nossas crianças e adolescentes têm os mesmos direitos que as da cidade. Eles precisam sonhar e precisam realizar. Por isso, estamos muito felizes com a escola. Aqui é povo Guarani”, afirmou.

Para a subsecretária de Gestão do Ensino, Joilza Rangel, professora que é descendente de indígenas e que visitou o colégio em 2021 para ver as necessidade de melhorias, este momento representa um avanço significativo na valorização dos povos originários e da educação pública.

Gestora da Seeduc

Pedro da Silva Aquiles, um dos netos do antigo cacique da aldeia de Sapukai, senhor João da Silva, que foi uma pessoa muito respeitada e querida por todos, merecendo sua foto estampada na fachada da unidade, destacou.

“Estamos muito agradecidos com a escola, com os esportes, com a direção e com os professores de fora da aldeia. Agora temos um colégio, que é importante pra nossa família. Esperamos mais de 25 anos pra ter essa escola pros nossos filhos estudarem por aqui mesmo”, declarou.

Para o diretor da unidade, professor Domingos Junior, a conquista é um marco na história de Sapukai.

“A comunidade já sofreu muito e hoje estamos virando essa página ao atender demandas de anos atrás, além do Ensino Médio Regular que vinha sendo pedido desde 2018, quando a primeira turma do Ensino Fundamental foi formada. Eles querem estudar aqui porque essa é uma escola bilíngue, diferenciada e intercultural, a escola é deles”, disse o diretor.

Além da reforma e das novidades pedagógicas, a unidade recebeu diversos equipamentos para prática esportiva, incluindo tatames e kimonos para a prática de jiu-jitsu, um incentivo ao projeto que acontece na escola em parceria com o 33º Batalhão de Polícia Militar (Angra dos Reis).