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IMNE reúne pesquisadores de neuro-oncologia em Campos

O evento abordou diferentes temas a respeito dos avanços no diagnóstico do câncer com o uso de tecnologia

Especial J3
Por Ocinei Trindade
27 de outubro de 2024 - 7h01
Atualização|Mais de 100 pessoas, entre médicos, pesquisadores e estudantes participaram do encontro (Fotos: Silvana Rust)

O I Simpósio de Neuro-Oncologia do Norte Fluminense aconteceu em Campos dos Goytacazes no último dia 25. Mais de 100 pessoas entre médicos, pesquisadores e estudantes participaram do encontro. Diferentes temas a respeito dos avanços no diagnóstico do câncer com o uso de tecnologia foram abordados. A realização contou com a participação de profissionais das empresas que integram o Grupo IMNE Oncologia, pioneiro em diversas áreas da medicina na região. Palestrantes renomados apresentaram novidades em pesquisas neuro-oncológicas, além do uso de equipamentos sofisticados para cuidar de pacientes acometidos pela doença.

Grupo IMNE|Diogo Neves

Para Diogo Neves, diretor clínico do Hospital Geral Dr.Beda, o simpósio segmentado é relevante para toda a comunidade científica. “Realizamos simpósios de oncologia há vários anos, mas nunca fizemos um dedicado à neuro-oncologia, que é uma especialidade muito importante, na qual temos muitos recursos de diagnóstico. Hoje, o Grupo IMNE conta com diversos equipamentos capazes de realizar diagnósticos precisos. Temos também vários profissionais qualificados que podem proporcionar o melhor tratamento. A questão genética vem crescendo muito nas especialidades. Acredito que o que foi debatido aqui trará um grande conhecimento para a nossa comunidade médica local”, comentou.

Moderador|Arthur Borges

O Simpósio de Neuro-Oncologia foi dividido em quatro módulos diferentes. O primeiro destes debateu novidades na área e contou com a moderação do neurocirurgião Arthur Borges, atual presidente da Fundação Municipal de Saúde, em Campos dos Goytacazes. “Moderei uma mesa sobre inovações em neuro-oncologia. É fundamental entender que atualmente não é um campo isolado; trata-se de uma área multidisciplinar. Hoje, contamos com neurorradiologistas que utilizam equipamentos avançados para diagnósticos precisos, o que permite que o paciente chegue ao neurocirurgião com melhores condições para intervenção. Contamos com tecnologias como microscópios avançados e filtros aprimorados que nos permitem fazer ressecções mais precisas. Depois, o neuropatologista utiliza painéis de imuno-histoquímica para determinar com precisão a natureza da lesão, possibilitando um tratamento personalizado em colaboração com o radioterapeuta e o oncologista. Ou seja, as inovações não acontecem isoladamente; elas envolvem todas essas áreas em um trabalho conjunto”, explica Dr. Arthur.

Palestrantes|Clarissa Baldotto, Janio Nogueira, Gustavo Drumond e Fabrício Zacarias

A neurorradiologista Adriana Melo, integrante do IMNE, abordou o módulo “O que há de novo em Neuro-Oncologia” e palestrou sobre “Classificação WHO 2021 dos tumores cerebrais e implicações no diagnóstico por imagem”. “Destaco a atualização mais recente da Organização Mundial da Saúde. Um dos aspectos mais inovadores dessa classificação é o aumento da importância de dados moleculares e genéticos ao diagnóstico, além dos achados tradicionais de imagem e histopatológicos. Isso significa que a combinação de biomarcadores genéticos e características radiológicas nos permite oferecer diagnósticos mais precisos, prognósticos mais adequados e, consequentemente, um tratamento mais personalizado para cada paciente”, diz a doutora Adriana.

Oncologista|Clarissa Baldotto

A oncologista clínica Clarissa Baldotto, da Rede D’Or no Rio de Janeiro, foi uma das palestrantes. “A oncologia clínica na neuro-oncologia surgiu depois da neurocirurgia, por isso é muito importante estarmos aqui, em Campos. Temos poucos eventos desse tipo no Brasil, especialmente porque ainda há poucos oncologistas envolvidos nessa área. Nos últimos anos, tivemos um avanço significativo na biologia molecular e na genética do câncer cerebral. Por isso, é essencial envolver colegas, treiná-los e discutir essas novidades. Abordei o que há de novo em terapias alvo, que tentam atacar os defeitos genéticos que ocorrem nos tumores cerebrais, além de atualizar sobre os tratamentos que um oncologista clínico realiza quando um paciente é diagnosticado com um tumor cerebral” explicou.

Neurocirurgião|Janio Nogueira

Pesquisa e tecnologia
O neurocirurgião Janio Nogueira, graduou-se pela Faculdade de Medicina de Campos. Nas últimas décadas faz parte da Rede D’Or e do Américas Oncologia. Experiente, foi um dos palestrantes mais aguardados no Simpósio. “Falo sobre a parte de neurocirurgia em tumores cerebrais, tanto primários, do cérebro, quanto os tumores metastáticos, que se originam em outra parte do corpo e se espalham para o cérebro. O mais importante desses eventos é o que fazemos no dia a dia: ter um grupo multidisciplinar que envolve neurocirurgiões, radiologistas, oncologistas, neurologistas e todas as equipes que participam do treinamento e do tratamento. Isso é muito relevante. Na neurocirurgia, houve uma evolução significativa em termos de exames de imagem para diagnóstico e planejamento, tanto pré-operatório quanto intraoperatório. Os recursos de ressonância intraoperatória e ultrassonografia intraoperatória melhoraram consideravelmente. O mais importante nos últimos anos é a monitoração neurofisiológica intraoperatória, que foi um avanço crucial para preservarmos mais as funções dos pacientes. Além disso, o grande progresso nos últimos três ou quatro anos está no diagnóstico e na biologia molecular”, relata.

A oncologista Clarissa Baldotto comentou, ainda, sobre personalizar a medicina. “Com isso, conseguimos entender melhor o que acontece com cada paciente e com cada tipo de tumor, desenhando tratamentos específicos. Esse movimento vem ocorrendo na oncologia de maneira geral, mas na neuro-oncologia, nos últimos anos, tivemos um avanço considerável. E os profissionais precisam acompanhar esses desenvolvimentos”, afirma.

Neurorradiologista|Adriana Melo

Para a neurorradiologista Adriana Melo, a tecnologia tem revolucionado o diagnóstico de tumores cerebrais, especialmente na neurorradiologia. Ela atua no Hospital Dr. Beda, no Beda Imagem e Clínica Excelência. “Com o avanço da ressonância magnética funcional, espectroscopia e técnicas de perfusão, podemos ter a representação em imagem de forma detalhada a atividade metabólica e vascular dos tumores. Além disso, a evolução dos métodos de inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais relevante para a análise de imagens, auxiliando na detecção precoce e na caracterização dos tumores com maior precisão e rapidez”.

Radiologista e Comissão|Reinaldo Ottero

Investimentos em pesquisas
O radiologista Reinaldo Ottero é diretor do Centro de Imagens do Grupo IMNE. Ele integra a comissão científica do I Simpósio de Neuro-Oncologia em Campos. “Esse evento é importante com palestrantes renomados do Brasil, proporcionando um intercâmbio de conhecimento com a nossa região. Promovemos uma integração entre as especialidades e mostramos os avanços em tratamento e diagnóstico. Na minha área de diagnóstico por imagem, adquirimos recentemente dois novos equipamentos de ressonância magnética. Agora contamos com três máquinas de alta qualidade. Esses aparelhos oferecem métodos diagnósticos avançados, incluindo estudos vasculares e análises detalhadas de tumores. Com essa tecnologia de ponta, conseguimos proporcionar e demonstrar que é possível fazer medicina de qualidade no interior”.

Oncologista e Geneticista|Gustavo Drumond

Gustavo Drumond, oncologista e oncogeneticista do Grupo IMNE, avaliou o evento. “A oncologia, de forma geral, tem avançado bastante em diagnóstico, terapêutica e prevenção. Moderei sobre tumores cerebrais de alto grau, tratamentos cirúrgicos, radioterápicos e sistêmicos. Palestrei sobre tratamentos metastáticos para o cérebro, uma área em grande crescimento, que vem proporcionando significativos benefícios aos pacientes. Estamos na era da genômica e da genética. A tecnologia tem integrado tratamentos cada vez mais modernos”.

Neurocirurgião|Fabrício Zacarias

O neurocirurgião do Hospital Dr.Beda, Fabricio Zacarias, moderou o módulo “Tumores metastáticos para parênquima cerebral” no simpósio. “As metástases são células de tumores originários de algum órgão, que se deslocam através da corrente sanguínea, se fixam e se desenvolvem em órgãos distantes, formando novos tumores. Falamos dessas lesões que se desenvolvem secundariamente no cérebro. Dentre eles, os cânceres de pulmão e de mama são os que têm maior probabilidade de levar ao desenvolvimento de metástases cerebrais. Esse encontro é uma iniciativa importantíssima do IMNE. Hoje, o principal avanço no diagnóstico precoce dos tumores está nos exames de imagem, cada vez mais sofisticados e detalhados e também no diagnóstico genético. Este último nos mostra, entre outras coisas, características daquele tipo de tumor e ajuda a prever como ele vai se desenvolver, além de mostrar  o melhor tratamento para cada tipo de tumor”, destaca.

Oncologista|André Porto

Para o diretor clínico do OncoBeda, André Porto, a abordagem oncológica moderna tem como base conceitual a multidisciplinaridade. “O envolvimento do radiologista, do radioterapeuta e do oncologista visa minimizar o impacto de um contexto de doença extremamente grave. As metástases no sistema nervoso central, na grande maioria das vezes, são eventos de extremo comprometimento da saúde da pessoa, da vida especificamente. Alguns anos atrás, havia  sobrevida extremamente curta. Com as novas tecnologias, está se estendendo para períodos maiores, com especificação de tratamento. A integração com pesquisadores que fazemos é fundamental. Isso resulta em melhor assistência aos pacientes. Vejo isso como cenário extremamente favorável. Este deverá se repetir nos próximos anos, sobretudo pela velocidade do incremento de tecnologia que temos acompanhado”, finaliza.