“Mulher: seu corpo, sua vida”. Esse é o tema da campanha do Ministério da Saúde em 2024 para conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero, em alusão ao Outubro Rosa. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais frequente em mulheres, após o de pele. Para o Brasil, foram estimados 73,6 mil novos casos em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. O Ministério da Saúde afirma que cerca de 30% dos casos podem ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis.
O câncer do colo do útero, por sua vez, é o segundo tipo mais comum entre as mulheres no mundo, depois do câncer de mama, e a principal causa de morte por câncer entre mulheres em muitos países. No Brasil, é o terceiro tumor mais incidente na população feminina com 17 mil novos casos por ano.
Em todo o Estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 2023 e 2025 foram detectados 10.290 casos de câncer de mama. A incidência da doença é de 71 casos para cada cem mil mulheres. Os dados são da médica mastologista Maria Nagime.
De acordo com a médica, a idade de maior incidência é a partir dos 50 anos, mas a partir dos 40 já se pode realizar o rastreamento do câncer de mama para as mulheres de risco habitual (sem casos de câncer de mama na família) com exame físico anual e mamografia. A especialista ressalta que a doença, quando diagnosticada em fase precoce, tem um tratamento muito menos agressivo possibilitando na maioria das vezes a cirurgia conservadora.
“Ao receber um diagnóstico positivo o primeiro passo é não perder tempo. Algumas pessoas ficam paralisadas nesse primeiro momento e isso pode impactar negativamente no desfecho do tratamento. O câncer de mama quando diagnosticado em fase precoce tem um tratamento muito menos agressivo, possibilitando na maioria das vezes a cirurgia conservadora. Importante ressaltar que o auto exame deve ser feito mensalmente nas mulheres que não menstruam mais e em torno do 12º dia após a menstruação nas pacientes que menstruam regularmente “, comentou a médica.
Maria explica ainda que 30% dos tumores de mama podem ser prevenidos através da adoção de hábitos saudáveis como exercício físicos, alimentação saudável e evitando o ganho de peso, o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas. “Uma outra estratégia é o diagnóstico precoce através do exame físico das mamas por um profissional médico ou enfermeiro capacitado e mamografias anuais a partir dos 40 anos”, pontuou a médica.
Há cinco anos a pedagoga Mônica Maia descobriu um tumor em uma das mamas. O sinal de alerta foi uma espécie de mastite, com febre e sangramento no mamilo. Após exames como mamografia, sangue e biópsia a doença foi confirmada. Ela conta que, na época, estava muito fragilizada. O pai havia morrido dez dias antes dela receber o diagnóstico.
“Foi um período bem difícil, dúvidas, incertezas e receio de deixar de conviver com a família, principalmente a preocupação com meus filhos. Apesar de fragilizada, procurei me manter firme, com fé, de que tudo ficaria bem, para não desestabilizar ainda mais a família. Continuei trabalhando, até o momento da cirurgia”, contou Mônica.
Depois do susto inicial ela iniciou o tratamento, que incluiu uma mastectomia total, em razão dos três tumores na mama direita. Hoje, ela está curada, fazendo acompanhamento com oncologista e realizando exames periódicos.
“Não é fácil receber um diagnóstico de câncer, mas não é o fim. É o Início de uma nova jornada de aprendizados e vivências. A doença detectada no início tem cura e tratamento. A fé, a esperança, o pensamento positivo, juntamente com as medicações bem como os procedimentos, nos levam à cura. Um conselho que dou é que as mulheres façam exames de rotina, tenham uma alimentação saudável, façam atividade física, terapia e cuidem da saúde mental. Nossos traumas e dores interiores precisam ser tratados e bem canalizados para evitar a somatização e, consequentemente, um câncer. A saúde mental e emocional também precisam de atenção”, esclarece Mônica.