Você sabe o que é instabilidade glenoumeral ou luxação recidivante do ombro? Boa parte das pessoas pode não conhecer esses termos, mas muito provavelmente você conhece alguém que sofre episódios repetidos de luxação no ombro, que desloca o ombro com facilidade. Trata-se de uma patologia, que atinge na maioria das vezes pessoas jovens e pode ser evitada em alguns casos, desde que o acompanhamento médico adequado seja feito.
Médico ortopedista pelo Hospital de Força Aérea do Galeão e especialista em cirurgia do ombro e cotovelo pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, Marcus Manhães explica como a doença ocorre: “A luxação glenoumeral acontece quando a articulação do ombro se desloca, sai do lugar. Nestes casos, o úmero (osso do braço que se estende do ombro até o cotovelo) perde o contato com a glenóide (cavidade que compõe a região da articulação com presença de cartilagem e em contato direto com a cabeça do úmero). E a partir de uma luxação glenoumeral, o paciente pode ou não desenvolver uma instabilidade”, explica o especialista. E acrescenta: “A instabilidade glenoumeral é uma doença que acomete até 2% da população em geral. Então, é um problema relativamente frequente. É uma patologia em que os pacientes têm uma facilidade de luxar o ombro. O ombro fica mais instável. E isso ocorre na imensa maioria das vezes por um evento traumático. O paciente sofre uma primeira luxação e a partir dali, começa a luxar consecutivamente esse ombro, desenvolvendo uma instabilidade”, pontua o especialista.
De todas as articulações do corpo humano, o ombro é a que tem maior amplitude de movimento e também a mais instável. “Esses dois fatores são consequência da anatomia do ombro, especialmente pela anatomia óssea. O ombro tem a cabeça do úmero muito maior do que a glenóide, que é onde ela se apoia. Então, isso faz com que o ombro seja dessa forma, com maior amplitude de movimento e ao mesmo tempo tendo a articulação mais instável”, esclarece Marcus Manhães.
O médico ortopedista prossegue ainda apontando que existem diferentes tipos de instabilidade glenoumeral: “A instabilidade anterior é a mais comum. Em 90% dos casos, o ombro luxa para frente. Existe também a posterior, que ocorre quando o ombro se desloca para trás. É um tipo raro, que acontece em menos de 10% dos pacientes. Geralmente, em pessoas que têm um diagnóstico de epilepsia, e a luxação acaba acontecendo durante uma crise convulsiva. Ela também pode acontecer após um choque elétrico, ou um acidente de automobilismo, em que o indivíduo está com o braço esticado, sofre um trauma direto no ombro, e ele sai para trás”, comenta.
O especialista ainda complementa: “Existem ainda pacientes que têm um quadro de frouxidão ligamentar. Eles acabam desenvolvendo uma instabilidade multidirecional. Nesses casos, o ombro é instável para todos os lados, devido à frouxidão dos ligamentos e da articulação”, relata.
A luxação recidivante de ombro tem os adultos jovens como público mais atingido, especialmente pessoas do sexo masculino. O ortopedista pontua que geralmente ela tem início após um evento traumático, seja durante a prática esportiva ou qualquer outro tipo de trauma que gere uma luxação. “Quanto mais jovem o paciente sofrer a primeira luxação traumática, maior é a chance dele desenvolver uma instabilidade glenoumeral. Existem estudos que mostram que pacientes que luxaram o ombro pela primeira vez antes dos 20 anos de idade, tem até 75% de chance de ter a instabilidade”, afirma o médico.
Ele conclui, pontuando que o tratamento ideal para a instabilidade glenoumeral é o cirúrgico. Mas, há a possibilidade de evitar que o paciente chegue nesse estágio, tratando a partir da primeira luxação: “A gente pode prevenir que o paciente que luxa o ombro pela primeira vez desenvolva uma instabilidade. Isso é feito com trabalho de fortalecimento muscular, fisioterapia, preferencialmente com uma equipe especializada, para fazer um trabalho direcionado. Para atletas, a gente alerta que é essencial um acompanhamento profissional, de preferência multidisciplinar, com fisioterapeuta, ortopedista e preparador físico, para deixar sempre a articulação do ombro apta a realizar a atividade que o paciente exerce”, finaliza.
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