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MALAFAIA, – Mais político do que líder religioso

Comportamento acusatório do pastor da Assembleia de Deus tem sido impróprio e ofensivo

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
14 de outubro de 2024 - 16h10
Foto: Reprodução

Não é de hoje que o pastor Silas Malafaia vem extrapolando de sua condição de líder religioso – como tal é definido – para se posicionar como político sem papas na língua. Contudo, duas observações: 

1) Não obstante sua oratória invejável e capacidade de ‘prender’ a atenção do público, seja nas igrejas, nos congressos ou na televisão (nos últimos tempos, também, nos palanques eleitorais), não se enxerga aí um certo descompasso entre religião e política? Em outras palavras, a mistura de ambos é, de fato, uma boa combinação? Contudo, lembrando Fernando Pessoa, segundo o qual “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, vamos aceitar como razoável. 

2) Quando, entretanto, essa interseção exacerba até mesmo o trato entre dois políticos, o que dizer em se tratando de um pregador para com um político eleito pelo povo? Aí a coisa fica estreita. 

Pastor da Assembleia de Deus e fundador do ministério “Vitória em Cristo”, Silas Malafaia tem mais do que se excedido. Vem sendo agressivo, acusatório e usado de palavras chulas. Pelo menos, para um pastor evangélico. 

Em recente declaração, acusou o ex-presidente Bolsonaro – de quem é aliado – de ter errado “estupidamente”: “Que líder é esse? Líder toma frente, líder dá a direção” – disse.

Ainda mais contundente, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, afirmou que Bolsonaro foi “covarde”. Ora, já não é demais? Um pastor julgar e acusar e de forma agressiva. “Covarde” não deveria constar do vocabulário de quem prega a Palavra de Deus. 

“Politiqueiro” 

Na mesma entrevista de semana passada, além de se dizer “decepcionado” com Magno Malta e Marcos Feliciano – até aí, tudo bem – afirmou que o deputado mineiro Nicolas Ferreira teve “atitude de politiqueiro velho”. 

Não resta dúvida, ao definir o jovem deputado de 28 anos, que tem mostrado firmeza na defesa de seus ideais, de “politiqueiro velho”, ele, Malafaia, é que recorre a acusações que fazem parte da política dos velhos tempos dos coronéis. 

No que diz, Malafaia pode estar certo, ou errado. Mas precisa moldar suas falas e evitar palavras disformes e ofensivas. O Brasil precisa buscar civilidade e abandonar a brutalidade, a incoerência e os excessos.

Com todo respeito, da forma como em agindo, Silas Malafaia está muito mais para político que para pastor. Deveria, talvez, pensar em fazer como seu irmão, Samuel Malafaia, e entrar para o mundo político.

Ele, uma das autoridades que mais conhecem a bíblia, deveria lembrar-se de “I Coríntios 6:12 – Tudo me é permitido, mas nem tudo convém”.