A Nefrologia é responsável pelo diagnóstico e tratamento de diversas condições relacionadas ao funcionamento dos rins. Esta é a especialidade da médica Lílian Barreto que atua em Campos dos Goytacazes. Com uma carreira consolidada, ela se formou em Medicina pela UNIG (Universidade Iguaçu), em 2003 e fez residência médica em Nefrologia na Santa Casa de Belo Horizonte. Possui mestrado em Psicanálise e pós-graduação em Nutrologia e Medicina do Trabalho, ambas pela Universidade Veiga de Almeida.
A médica explica que sua paixão pela Nefrologia ainda surgiu durante a graduação, quando se aprofundou nos estudos sobre o funcionamento dos rins. A Nefrologia é a especialidade responsável pelo diagnóstico e manejo clínico de todas as desordens renais, além de lidar com terapias renais substitutivas (diálise), além do transplante renal.
“Os rins são órgãos essenciais no equilíbrio do corpo, com funções que vão além da filtração do sangue, como a produção de hormônios e a regulação de eletrólitos”, explica Lílian Barreto. Entre os problemas mais comuns da especialidade, ela destaca a nefrolitíase, as glomerulopatias, as infecções urinárias, e a doença renal crônica, que ganha destaque por representar um grande problema de saúde pública.
Estima-se que de 7,2 a 28% da população mundial apresenta alguma disfunção renal, em especial nos indivíduos acima dos 75 anos. “Quando extrapolamos os dados para a realidade nacional, nos deparamos com um número alarmante de casos, que ultrapassa a casa dos 10 milhões”, frisa.
Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, entre 2009 e 2020, mais de 81 mil óbitos no Brasil foram atribuídos à doença renal crônica. “Essa estimativa deve-se ao aumento da expectativa de vida, ao processo de urbanização acelerado, as disparidades socioeconômicas e raciais, atrelados ao número crescente de pacientes portadores de hipertensão arterial e diabetes”, afirma.
A Dra. Lílian enfatiza, ainda, que a doença renal crônica tem um curso insidioso e como poucos sintomas, tornando o diagnóstico precoce mais complicado. Exigindo dessa forma, grande grau de suspeição por parte do médico assistente, seja ele: geriatra, clínico geral, endocrinologista ou cardiologista. “Sendo assim, medidas de rastreio, com a dosagem sérica da creatinina e a análise do exame de urina, em especial na população de maior risco de desenvolver a doença são tão importantes, são eles: hipertensos, diabéticos, maiores que 60 anos, obesos, tabagistas, etilistas e pacientes com história familiar de doença renal crônica. Quanto mais cedo detectarmos o problema, maiores são as chances de controlá-lo e evitar complicações futuras”, comenta.
Com relação à abordagem terapêutica, esta varia conforme a gravidade da disfunção renal, indo desde mudanças comportamentais, como o controle da alimentação, do peso e a prática de exercícios físicos, até intervenções medicamentosas e tratamentos mais complexos, como a diálise e o transplante renal.
Existem dois tipos de diálise: hemodiálise e diálise peritoneal, que pode ser realizada no domicílio do paciente. “É importante lembrar que o transplante renal, apesar de ser uma solução eficaz para muitos pacientes, oferecendo inclusive uma melhor qualidade de vida, não representa a cura. O paciente continua precisando de acompanhamento médico constante”, enfatiza. A Dra. Lilian complementa: “Costumo dizer que a doença renal crônica, por sua apresentação clínica oligossintomática, mas muito representativa em especial no âmbito social e familiar, se apresenta de forma traiçoeira. Sendo assim, a nossa única arma no manejo ainda é a prevenção. Finalizo, ratificando que, em especial para aqueles pacientes pertencentes ao grupo de risco, um diagnóstico precoce realizado de forma simples, com a dosagem da creatinina no sangue, aliado a hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular, serão as peças fundamentais capazes de mudar o curso de vida desse paciente”.