A matéria anterior, que abordou, entre outros temas da crise ambiental, a fala do presidente Lula de que o Brasil não está “100%” preparado para combater os incêndios (cem por cento até parece brincadeira), procurou-se mostrar um cenário que exige medidas ‘para ontem’, ou o País poderá ter que enfrentar, além da crise em si, o oportunismo político de algum país que, de forma transloucada, ‘entenda’ ter o direito de meter-se em nossas agruras porque “a Amazônia é de todos”. “…De todos” o caramba. Pra cima de muá? Jamé, mané!
Para muitos, talvez seja alarmismo. Mas não custa lembrar que o mundo vive um período de recrudescimento. Melhor dizendo, de truculência mesmo. Logo, se alguns desses “líderes” ditatoriais, de tendência belicosa, no futuro entender que “a Amazônia é de todos” – como absurdamente se ouve por aí – e resolver difundir algum tipo de intervencionismo, pergunta-se: o Brasil estará, de fato, preparado para assegurar sua soberania? Afinal, a Amazônia não é de todos, nem de alguns. É apenas do Brasil.
Pra cima de muá?
Jamé, mané!
Não resta dúvida, é uma hipótese absurda. Mas quantos absurdos não temos assistido? É premente que o Brasil projete e execute uma política pública de reversão da crise climática. Que cuide e exponha o tema ambiental de forma séria, prioritária e responsável, para não deixar brechas. Em outras palavras, “não dar motivo”. Afinal, nosso país de extensão continental não há que firmar-se apenas na diplomacia, mas, como última e decisiva trincheira, na capacidade de rechaçar qualquer tipo de ameaça.
O maior incêndio na Amazônia em 17 anos faz com que os ventos que deveriam trazer umidade da floresta, estejam carregando fumaça para o restante do Brasil
Situação ultrapassa o que se entende por grave
Só em agosto foi queimada uma área do tamanho da Costa Rica. Logo, não estamos a falar de coisa simples. Falta política ambiental para num primeiro momento conter os incêndios criminosos e, consequentemente, a expansão das queimadas. Só depois será possível avançar em sentido contrário, ou seja: restaurar a floresta com o plantio de milhões de mudas de árvores e atuar preventiva e ostensivamente contra novos desmatamentos.
O uso político da Amazônia – A repercussão negativa do Brasil ante os incêndios tem chamado a atenção do mundo, particularmente com a mídia europeia e americana publicando duros editoriais. E não é para menos. Afinal, as queimadas foram usadas na última eleição presidencial para angariar votos, com o PT acusando o então presidente Bolsonaro como se todo foco de incêndio fosse culpa do governo.
Que Bolsonaro deixou muito a desejar na questão ambiental, não há dúvida. Mas não pode ser 100% responsabilizado, em virtude dos focos causados pela seca. A mesma seca que atinge, agora, o governo Lula. Sejamos coerentes, se o governo passado foi o “responsável” por cada centímetro quadrado que ardeu, o que dizer do governo Lula da Silva, cujas queimadas duplicaram este ano em relação a 2023, – como já dito.
A fatalidade que vem atingindo a Amazônia foi, sim, explorada para fins eleitorais. E que não passe em branco: onde estão os artistas que gravaram vídeos político-eleitorais oportunistas, com o ‘Salve a Amazônia’?
Ué! Não tem mais queimadas? O recorde em 17 anos não merece uma nova gravação de ‘Salve a Amazônia’? De repente, como mágica, o governo Lula deixou de ter qualquer responsabilidade e joga-se tudo na conta da natureza. Que horror. É urgente que o Brasil coloque em prática uma política pública ambiental ágil e de qualidade. E que os hipócritas… recolham seus sórdidos utilitarismos e não atrapalhem.