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Recorde de queimadas e fumaça tóxica mostram a face do Brasil de Terceiro Mundo

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
23 de setembro de 2024 - 18h50

Em termos de crise climática o Brasil chegou aos píncaros da irresponsabilidade, do desleixo e da incompetência. Não há como enxergar um absurdo que nem mesmo cabe na palavra absurdo:  as queimadas na Amazônia atingiram recorde nos últimos 17 anos entre o final de agosto e início de setembro de 2024. 

A catástrofe ambiental sem precedente tem base em dado que também ultrapassa o estarrecedor: em menos de 9 meses de 2024, os incêndios mais que dobraram em relação ao mesmo período do ano passado. Ora, por mais que estejamos enfrentando uma estiagem severa, crescimento de 100% quando ainda faltam mais de 3 meses para o final do ano, é algo para se refletir. 

Deixa-se claro, o Brasil não é o maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa (GEE), que são os maiores vilões no que diz respeito à camada de ozônio e, consequentemente, ao aquecimento global. Os “gigantes” da crise ambiental são China e EUA, seguidos de Índia, Rússia e Japão. 

No entanto, se o Brasil não é parte da solução, é do problema. E o desmatamento figura, também, entre os responsáveis pela emissão de GEE, além de outros fatores considerados danos colaterais, mas nem por isso menos importantes. 

Logo, nossa responsabilidade é gigantesca, visto que os incêndios e a fumaça tóxica, somados às queimadas do Pantanal já atingem países vizinhos, além de mais de 10 estados brasileiros.  

Pulmão do mundo – À luz do aspecto geográfico e da grande extensão atingida, não é de todo correta a afirmação de que “a Amazônia é o pulmão do mundo” devido à sua capacidade de filtrar o ar e armazenar dióxido de carbono.  

Mas não se pode negar que é a maior floresta tropical do planeta, ocupando territórios em 9 países, além de ser o lar de povos indígenas. Responde, ainda, por influenciar nas chuvas em grande parte da América do Sul e cumpre papel relevante no combate ao aquecimento global e na preservação de centenas de espécies de animais. 

O meio ambiente hostil somado à inapetência das autoridades brasileiras (até agora não se sabe, ao certo, o que faz Marina Silva à frente da pasta), o Pantanal acumula matéria orgânica altamente    

inflamável, dando origem a uma espécie de fogo subterrâneo. Então, soma-se secas severas, mais as queimadas ilegais que o governo não combate com um mínimo de eficácia, e o resultado está aí. É necessário repetir, repetir novamente e gritar a plenos pulmões que o número de incêndios mais que duplicou em relação a 2023. Ficou claro?  

A fala do presidente   O que o presidente Lula disse semana passada, admitindo “que o Brasil não estava 100% preparado para combater incêndios e eventos climáticos extremos”, bem como que “falta aos estados estrutura de Defesa Civil, bombeiros e brigadistas”, é um discurso que cabia há 15 ou 20 anos. 

Não é que o Brasil não esteja “100% preparado”: está zero preparado. Só que ultrapassamos a fase de ‘reconhecer’. Basta enxergar. O País precisa arregaçar as mangas e atuar com contundência para mudar o quadro de devastação. E também já não cabe apontar culpados, etc. É preciso agir.