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A seleção brasileira de futebol, a Independência do Brasil e a política – Tiago Abud

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Artigo
Por Redação
15 de setembro de 2024 - 0h01
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Tiago Abud – Articulista e Defensor Público – O futebol brasileiro, que de tempos em tempos se transfigurava na pátria de chuteiras, tinha o poder de unir o povo brasileiro em torno de um ideal único, que era a vitória na Copa do Mundo. Foi-se o seu encanto enquanto seleção, com a ressalva de talentos individuais que ainda brotam nos nossos campos. Com ele, caiu o tema que tinha a possibilidade momentânea de unir o povo brasileiro. A seleção brasileira jogou essa semana, sabia?

Lastimo mais a queda de qualidade do futebol brasileiro, que a fictícia unidade de um povo, que só existia em ideologia e na propaganda oficial, desde José Bonifácio, de importante participação na independência do Brasil.

Importante enfatizar que, enquanto nação, a união indissolúvel fica apenas no texto constitucional, porque apesar de uno, o Brasil é plural e, portanto, diverso. As diferenças substanciais entre nós precisam ser reconhecidas, para que a igualdade não seja apenas uma abstração jurídica, inatingível sob o ponto de vista prático, afastada pela própria ideia de que todos nascem iguais em oportunidades e apenas os indolentes não atingem os seus objetivos. Difícil justificar isso para o homem que peleja na enxada, sob o sol (assim como tantos outros) e jamais terá a fortuna de alguns poucos, ainda que passe a vida inteira trabalhando. Parece que falar em igualdade na hipótese apenas favorece a quem goza de uma posição privilegiada, qual a ideia de unidade, construída como arcabouço de uma nação que precisava se tornar independente do colonizador, mas que prestou para tratar diferentes como pares.

Em período eleitoral, é bom que existam lados opostos e que a unidade não seja um mantra para deixar as coisas como estão. Não somos todos iguais. Assim como há diferenças entre os políticos e as candidaturas que se apresentam. Na política, é salutar existir opostos, porque um lado só evolui à caça de vencer o outro. O que deve ser evitado, contudo, é o irracional que representa os extremos. Esses não levam ninguém a nada, ou melhor, levam exatamente ao lugar onde o catado em que se transformou a seleção brasileira chegará: ao lugar da autodestruição.

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