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Nos EUA, uma campanha em que ‘aliados’ precisam ser escondidos

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
5 de setembro de 2024 - 8h41

Pesquisa mostra Kamala na frente: 45% contra 41%. Mas o cenário é de incerteza                         

Se o que vem ocorrendo nos Estados Unidos não é visto como algo inusitado, praticamente inédito em sua história, então o mundo está mesmo de ponta cabeça. A começar por Donald Trump, um bufão, que percorre do ridículo ao charlatanismo como nunca se viu – nunca se imaginou – despreparado para ocupar qualquer cargo na Casa Branca, muito menos retornar à cadeira de mandatário.Impressiona que depois dos métodos chulos, das falas ininteligíveis e dos escândalos que marcaram seu desastroso mandato, o beócio tenha sido aceito para disputar novo mandato.

Ação e incerteza Por outra lado, a candidatura Trump passou a ser incerta a partir da reformulação, por parte do Promotor Especial dos EUA, Jack Smith, da ação contra ele (Trump) por interferência nas eleições de 2020 após perder para Biden.E por que a reformulação? Como explica matéria de O Globo, em recente decisão a Suprema Corte passou a conceder imunidade contra processos criminais por atos oficiais de ex-chefes de Estado. A decisão, contudo, afirma que o mesmo não se aplica para atos como pessoa física, fora das competências do cargo.

Brecha – Ocorre que um novo texto fora reformulado e, não obstante mantenha as acusações criminais contra Trump, dele fora retirado menções que pudessem ser relacionadas a atos oficiais. E aí está a ‘pegada’.  A nova redação passou a se referir ao republicano apenas como candidato político, e não como “o 45º presidente dos EUA…”Assim, o promotor busca brechas para descolar os atos tidos como criminosos do presidente da República, redirecionando-os para que recaiam sobre o candidato.Os defensores de Trump, por outro lado, tentam descaracterizar as acusações e fazem uso das ferramentas que dispõem para tentar inocentar o agora “candidato”. Para analista, as acusações vão longe, mas dificilmente conseguirão tirar Trump da disputa

Kamala Harris tem mais chances. Mas, em tese, também faria um governo ruimA ex-procuradora geral, Kamala Harris, foi fundamental na eleição de Joe Biden. A jovialidade que trouxe à chapa e a austeridade que marcou sua passagem como procuradora, ajudaram a eleger Biden. Só não ajudou mais do que o próprio Trump – o melhor cabo eleitoral contra qualquer adversário.Mas, no exercício da vice-Presidência, logo de início deixou a desejar. Falhou na questão da imigração e ficou isolada. Em parte, também, pela desconfiança dos democratas mais próximos a Biden, que temiam uma possível articulação de Harris para que Biden não concorresse a um novo mandato.Salvo por bastidores os quais não se conhece, foi omissa no governo. Se tentou alertar e buscar fazer a diferença, não foi ouvida. Biden fez um governo fraco.Sem pulso forte, sem costurar uma possível negociação entre a Rússia e a Ucrânia – na qual ajudou o país invadido com armamento bélico, Biden parecia frágil para voltar a ocupar a cadeira mais importante do mundo. De certo, só venceu mesmo a eleição passada porque o adversário é tão ruim quanto parece.

O caminho espinhoso de BidenJoe Biden tem incontáveis serviços prestados aos EUA. Mas com perfil de congressista ou vice. Já para a Presidência, são outros quinhentos. A idade não foi empecilho. Mas para mais um período, a possibilidade de estar com a saúde cognitiva comprometida seria de grande risco.

Debate – O desempenho de Biden no debate foi desastroso. Ele estava gripado. O estado gripal pode ter gerado insegurança e o nervosismo provocado a troca de nomes, os lapsos, os tropeços, etc. Mas, também, pode ter sido um sinal de saúde mental.Biden não teve como enfrentar a pressão para que desistisse. Tentou, mas foi inevitável. Pesou também os US$ 100 milhões que o partido teria que devolver porque a chapa já havia sido formada. Kamala Harris foi a solução.

Apatia – Um final melancólico. O presidente, cabisbaixo, já é passado e há de estar sentindo o afastamento cada vez maior dos aliados, amigos, etc. A própria Harris não quer sua imagem colada a Biden. Do vencedor não há que esperar muito. Resta dizer que nem Kamala, tampouco Trump, deveriam ocupar a Casa Branca.