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Entre Maduro e Rebeca – Tiago Abud

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Artigo
Por Redação
11 de agosto de 2024 - 7h08

Tiago Abud – Articulista e Defensor Público – Tinha dois assuntos para tratar por aqui. O famigerado faz de contas na Venezuela e as Olimpíadas de Paris. A contestada vitória de Maduro transcende as fronteiras do vizinho, na medida em que há quem ateste a legitimidade do pleito. A Venezuela é comandada por um ditador e não pode ter apoio da comunidade internacional, uma eleição que tende a manter no poder, aquele que manipula as regras do jogo para se perpetuar. Não dá para passar pano e ser incoerente. Ditadura, de direita ou de esquerda, não é boa em lugar algum.

O outro ponto é a participação do Brasil nos Jogos Olímpicos. Sempre aquém de nossas expectativas e prenhe de possibilidades natimortas, o Brasil fica à mercê de estrelas como Rebeca Andrade. Rebeca é vida, brilho e exuberância e merece ser exaltada, mas quando a vejo no pódio, divago sobre quantas iguais a ela matamos todos os dias, quando não damos a chance da mudança na vida dos jovens brasileiros pelo esporte. Jovens pobres e periféricos, meninas e meninos, pretos e pardos em sua maioria, mas brancos também. São eles os alvos de uma omissão política excludente, que mantém a pobreza como projeto de perpetuação no poder. Lembra Maduro, por caminhos distintos. Para deixar claro: nenhum chefe do poder executivo federal no Brasil, no período posterior a redemocratização, investiu em esporte, como política pública. Comparem o nosso quadro, por exemplo, com o da Coreia do Sul e verão como é pífio o que se planta por aqui. Daí porque muito pouco se colhe.

Quando Darcy Ribeiro dizia que a crise na educação brasileira era um projeto, essa sentença se aplica ao esporte, que é meio de educar e forma de criar oportunidades sociais, notadamente para crianças e jovens pobres. Mais escolas públicas, gratuitas e de qualidade, e mais esportes para a nossa infância e juventude, ajudariam a salvar gerações e as medalhas olímpicas seriam consequência natural do investimento.

Contudo, enquanto essa realidade não vem, fico aqui a aplaudir Rebeca e a exorcizar Maduro, torcendo por dias melhores aqui e lá. Afinal, entre Rebeca e Maduro, não é nada difícil escolher.  

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