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Quando São Paulo se rebelou e pegou em armas

Movimento poderia ter resultado numa ação separatista

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
8 de julho de 2024 - 16h17

Neste 9 de julho assinala os 92 anos do movimento armado que ficou conhecido como  a “Revolução Constitucionalista de 1932”, quando São Paulo se rebelou contra o governo provisório de Getúlio Vargas que já comandava o Brasil desde a Revolução de 1930.

Foi, também, um dos momentos que o País esteve mais perto de uma guerra civil.Ocorreu que desde a ascensão de Vargas os paulistas vinham perdendo prestígio político e crescia a insatisfação com as frequentes nomeações por parte de Getúlio de interventores para todos os estados, – uma forma de enfraquecer as oligarquias estaduais e centralizar o comando através de pessoas leais ao governo federal.

Essas interventorias fizeram crescer a insatisfação das elites paulistas, frontalmente contrárias a Vargas nomear ‘forasteiros’ e militares para governar São Paulo. Exigiam que o estado fosse governado por um interventor civil e paulista.Outra questão que se mostrou intransponível foi o fato de os empresários paulistas, que então dominavam a produção de café no Brasil, terem perdido o controle sobre a política cafeeira. Getúlio federalizou a gestão da política cafeeira ao criar o Conselho Federal do Café.

Vargas tenta abrandar

Muito embora Getúlio tenha promovido reformas do interesse de São Paulo no sentido de acalmar os ânimos, bem como o anúncio da convocação de eleições para composição de uma Assembleia Constituinte, o movimento paulista não se deu por convencido.

De fato, já consideravam Vargas um ditador.Daí, com grande apoio popular manifestado por milhares de cidadãos, inclusive mulheres, que se voluntariaram para integrar o movimento que pegaria em armas para lutar por São Paulo contra o governo federal.

O levante armado eclodiu em 9 de julho de 1932, com pretensões, também, de se configurar numa ação separatista. As tropas paulistas contaram com cerca de 70 mil soldados, comandados pelo General-de-brigada Isidoro Dias Lopes.

Com aproximadamente 80 mil soldados, a resistência do governo Vargas foi liderada pelo general Pedro Aurélio de Góes Monteiro, então nomeado comandante das tropas federais que iriam combater os revoltosos. 

Rendição de SP

Cercados por terra, isolados pela Marinha e atacados por aviões, os revoltosos não tiveram condições de manter o combate e se renderam pouco menos de três meses, em 2 de outubro de 1932.

Mesmo vitorioso, Getúlio Vargas, para evitar um novo confronto no futuro, fez uma série de concessões ao estado paulista que, visto sob o ângulo político, teve várias de suas reivindicações atendidas.

O novo interventor foi o civil Armando Sales de Oliveira – do agrado dos paulistas –, as dívidas de guerra realizada por São Paulo foram assumidas pelo Banco do Brasil e o governo federal confirmou a convocação de eleição para formação a Assembleia Constituinte de 1933.