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O papel dos hormônios na saúde neurológica feminina

Dra. Patrícia Peixoto fala sobre a abordagem hormonal para prevenir doenças como Alzheimer

Saúde
Por Nelson Nuffer (Estagiário)
1 de julho de 2024 - 7h02
Abordagem|Drª Patrícia destaca eficácia até para Alzheimer (Foto: Silvana Rust)

Cuidar da saúde do cérebro é sempre muito importante, principalmente à medida que envelhecemos. Estudos indicam que, em mulheres, as alterações hormonais podem ser uma das causas da maior incidência de doenças neurológicas, como Alzheimer. Por conta disso, é importante que se observe a questão hormonal, mesmo antes da menopausa. A médica especialista em endocrinologia feminina e metabologia, Dra. Patrícia Peixoto, compartilha informações sobre hormônios femininos, saúde neurológica e a importância de acompanhamento médico das alterações hormonais durante a vida da mulher.

Sobre os hormônios femininos, fala-se sobre progesterona e estrogênio, destacando o segundo quando o assunto é o cérebro. “Quando nós temos níveis de estrogênio adequados, o uso da glicose pelo cérebro se dá de uma forma eficiente. Quando esse estrogênio cai, o nosso cérebro desencadeia mecanismos que até conseguem fazer com que o cérebro mantenha-se funcional, mas são ineficazes, e fazem com que haja diminuição de volume de substância branca e uma reação autoimune a nível cerebral. São esses fatores que acabam por contribuir para que, anos lá na frente, essas pacientes possam desenvolver doença de Alzheimer”, afirma a endocrinologista.

Dra Patrícia complementa: “Por outro lado, a gente sabe que não são todas as mulheres que vão desenvolver algum tipo de doença neurológica. Então, também foi visto que aquelas mulheres que têm alterações metabólicas ligadas à glicose, em especial, resistência à insulina, pré-diabetes ou mesmo diabetes, são mulheres mais vulneráveis a terem também essas alterações a nível cerebral”, afirma.

Prevenção e tratamentos
Quando se fala em questões hormonais, um dos tratamentos indicados é a reposição hormonal. Entre os riscos e os benefícios, Dra. Patrícia explica como estudos recentes têm visto a abordagem e esclarece sobre medos comuns entre pacientes. “Ainda existe muito medo a respeito da reposição hormonal, que é, na verdade, infundado, porque é baseado num estudo muito antigo. Hoje, os estudos vêm demonstrando que a reposição hormonal, quando bem indicada e bem escolhida, vai oferecer muito mais benefícios do que riscos. Os benefícios são, principalmente, na melhora dos sintomas das pacientes, em especial dos fogachos, mas, também, das queixas como, por exemplo, névoa mental, alteração de memória, alteração de humor, irritabilidade, piora de qualidade de sono, só para citar algumas das queixas”, afirma.

De acordo com Patrícia, a reposição hormonal também exerce papel importante na prevenção da osteoporose e estudos indicam o potencial de proteção cardiovascular, embora a reposição não seja indicada especificamente para essa condição.

Sobre contraindicação, Dra. Patrícia destaca que o tratamento é contraindicado em pacientes com câncer hormônio-sensível, como o de mama ou de endométrio, ou histórico de trombose, ainda que esta não seja uma contraindicação absoluta. Algumas doenças hepáticas, sangramentos vaginais não esclarecidos, histórico de lúpus e doenças cardiovasculares agudas também devem ser observados. “Quando a paciente procura por um médico especialista, ele certamente vai avaliar esses prós e contras antes de considerar o uso da reposição. Lembrando que, a reposição aceita e recomendada por todas as sociedades seja de ginecologia ou de endocrinologia, do mundo todo, não é a manipulada. Reposições manipuladas não são indicadas por ausência de estudos que possam mostrar a segurança, assim como também não fazem parte da reposição hormonal, o uso de gestrinona e de chips hormonais”, explica a especialista.