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“O presidente da República é omisso em muitas questões e em cima do muro em outras” — Joaquim Barbosa

Ex-ministro do STF faz uma das mais duras críticas ao governo Lula e ao Congresso

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
28 de junho de 2024 - 15h38
Foto: Reprodução

Para melhor situar o contexto geral, cabe recordar que meses após o início do mandato do presidente Lula da Silva começaram as insatisfações ante a administração federal. Até certo ponto, algo normal. O novo geralmente gera incertezas. Mas quando o ‘novo’ reedita o velho que sabidamente não deu certo, aí fica mais complicado.

Os primeiros descontentamentos vieram de figuras proeminentes do segmento econômico e que declararam voto a Lula. O ex-ministro Henrique Meirelles disse à época ser “uma ilusão acreditar que pode se repetir os erros e ter resultado diferente”. Meirelles considerou que “as tendências expressas pela nova gestão repetem o governo Dilma Rousseff.

— As mesmas pessoas que participaram ou têm linha de pensamento similar predominando. A tendência é seguir o aumento dos gastos, o uso de estatais, o controle de preços. O resultado do governo Dilma nós conhecemos, provocando a maior recessão da história do Brasil, afirmou.

Outro economista que adiantou o voto foi o ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Armínio Fraga: “Vou votar no Lula”, – reproduziu o G1 em 04 de outubro de 2022. A mesma declaração já havia sido dada e publicada pelo Estadão.

Fraga, contudo, também mostrou insatisfação com a política econômica do governo, conforme expressou, entre outras vezes, em abril de 2023, durante audiência no Congresso Nacional. Para ele, havia grande risco do país “desembocar em um grande fiasco”.

— A aritmética não fecha. Não é suficiente zerar o déficit primário porque significa que você está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros. E o juro é esse que a gente conhece”, advertiu.

Na oportunidade fez críticas ao arcabouço fiscal, que passaria a permitir o crescimento dos gastos acima do índice de preços, mas isso depende do crescimento das receitas. Fraga defendeu o teto de gastos e criticou as apostas do governo nas receitas. Destacou, também, que o ajuste necessário nos gastos públicos teria que ser bem maior do que estava sendo proposto.

Joaquim Barbosa

Numa abordagem bem mais contundente do que a usual, o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, se manifestou na semana passada e não poupou críticas ao presidente Lula da Silva e ao Congresso. Para ele, o governo federal tem sido “omisso em muitas questões, em cima do muro em outras, e conservador ‘à la carte’”, face às “questões de sociedade.

Barbosa também lamentou que “infelizmente, em inúmeras ‘questões, o País é acéfalo” e considerou, igualmente omisso, o Congresso: “Retrógrado, um horror!”, reafirmando que “o presidente da República é incapaz de liderar o País em várias áreas em que poderíamos avançar significativamente se o natural poder de liderança e persuasão conferido ao ocupante da cadeira presidencial fosse inteligentemente usado para fazer avançar certas pautas que nos colocam na ‘vanguarda do obscurantismo’”, finalizou.