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Anjos com asas cortadas

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Opinião
Por Redação
16 de junho de 2024 - 7h05
Foto: Silvana Rust


Elas aparecem nas telas dos televisores, computadores e celulares com os rostos desfocados e as vozes em outras rotações. Seus nomes viram iniciais. Crianças e adolescentes vítimas de estupros parecem ter o rosto emoldurado pela mesma dor. Esse é o retrato falado de um crime que ganha proporções epidêmicas e contornos de revolta diante da constatação de que os estupradores geralmente fazem parte do convívio das vítimas, muitas das vezes, o próprio pai.

Os relatos dramáticos mostram que a dinâmica desta desumanidade apresenta fatos com atos reincidentes, principalmente, quando envolvem pais, padrastos e parentes. É quando a dor e o horror, não apenas rimam, mas se unem amplificando o grito, na maior parte das vezes, silencioso.

Estamos falando de um crime que subverte o sentido humanizado do colo, gesto de amor, abrigo e proteção, passando a ser exatamente o contrário. É a mais perversa da desumanização, como alguém que salpica do chão mil cacos de vidro para uma criança engatinhar.

O J3News trata deste assunto assustador e horrendo a partir de dados revelados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e dados da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e da Juventude de Campos. São números estarrecedores, sendo relevante observar que, talvez, a maioria dos casos esteja sob o manto da subnotificação.

É preciso que todos fiquem atentos aos sinais para que esse tipo de violência, que supera os limites dos demais tipos de crimes, possa ser evitado ou interrompido.

Uma vez cometido, não é possível reverter o tempo a tempo de evitá-lo. É precioso punir com o máximo rigor os desalmados. As vítimas deste tipo de crime são anjos que tiveram suas asas cortadas e que, certamente, no curso da vida, terão dificuldades para caminhar com as próprias pernas.