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Crise política dos últimos 10 anos é a maior em 4 décadas

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
12 de março de 2024 - 9h29

A crise político-sócio-institucional pela qual passa o país é avassaladora na medida em que trava o desenvolvimento e impede que políticas públicas em favor da população sejam colocadas em prática.

Por certo, não há que falar em prosperidade e melhoria de vida sem estabilidade política a qual, por sua vez, é pré-condição inafastável ao desenvolvimento. Logo, a equação é simples: como uma coisa está interligada à outra, dessa combinação depende os investimentos em infraestrutura, saúde, educação, segurança, habitação e, consequentemente, geração de emprego.

Sem entrar no mérito de quais governantes foram ou são os Gpiores ou menos-piores – o mesmo valendo para os partidos – fato é que há 10 anos o Brasil é assolado pela mais dura crise política das últimas 4 décadas.

Citando apenas algumas, entre tantas passagens, de Dilma (2014) a Lula (2023/24), passando por Michel Temer e Bolsonaro, o país vive num estado quase permanente de protestos e insegurança de toda ordem. “Fora Dilma”, “Petrolão”, e impeachment.  “Temer Golpista” e “Quadrilhão do PMDB”. O grampo exibido pela corrupta JBS desmontando a imagem de Temer. Os excessos da Lava Jato, antes festejada e depois afundada por seus próprios métodos ilegais e ‘ligações perigosas’.

Em meio a sucessivos movimentos de rua – muitos dos quais paralisando o país –, veio a prisão do ex-presidente Lula. Logo depois, a campanha de 2018 deu os primeiros sinais do que viria a ser a de 2022, marcada por acusações de lado a lado e pela narrativa de ódio disseminada pela Internet que acabaram por dividir o Brasil.

O mandato de Bolsonaro foi marcado por falas desastrosas e ataques a adversários, particularmente o PT que já havia derrotado. Ofendeu desafetos e rompeu com aliados. Parecia querer brigar com todo mundo. E brigar ‘para baixo’ – o que não é inteligente para quem ocupa a Presidência da República. De mais a mais, promoveu manifestações desnecessárias que agitaram o país.

Lula venceu o pleito e quis devolver o favor cometendo os mesmos erros. Não desceu do palanque e seguiu atacando Bolsonaro. E mais: ideias confusas sobre economia; artilharia contra a autonomia do BC; Temer “golpista”; etc. Críticas a países do ocidente; ditadura na Venezuela é “narrativa”;  “conceito de democracia é relativo”.

Após um 2023 em que o Brasil apenas ‘marcou passo’, com exagerada incursão ideológica do PT na administração federal, 2024 volta a dar sinais de que o país continua dividido. O tamanho da manifestação pró-Bolsonaro (25/02) na Av. Paulista é exemplo da empatia do ex-presidente que se contrapõe a Lula, repetidamente hostilizado em público.

Enfim, a crise dos 10 anos subsiste pela polarização desenfreada que, por ora, ainda mantém a nação entre o petismo decadente e o bolsonarismo retrógrado.

Mudar é preciso

Grande parte dos políticos brasileiros ainda se aproveita da fatia menos informada do público para furtivamente mudar o discurso com o qual convencera o eleitor para um outro que se lhe apresente mais vantajoso. É a infame ‘Lei de Gerson’, aplicada de forma vil para enganar e ‘segurar’ o voto, agora com novo discurso igualmente mentiroso.

A prática se alimenta da despolitização que ainda persiste no país, tendo em vista que as promessas de melhoria da qualidade de vida e benefícios em geral, feitas durante as campanhas e não cumpridas, logo são ‘adaptadas’ para outras, e depois outra, e mais outra, e assim sucessivamente.

Esse exemplo abjeto e prejudicial ao país – um entre tantos de má conduta, assistencialismo e populismo – não sobreveio ao acaso, mas como resultado do não surgimento de novas lideranças, mantendo-se o status-quo dos que colocam o interesse pessoal – não raro escuso – acima do que convém à população.

Bolsonaro, um deputado federal do baixo clero, só se tornou presidente graças ao sentimento antipetista que se agigantou após repetidos escândalos. Como falhou ao não estabilizar o país e apaziguar o povo, retornou Lula, hoje um político em decadência,  que parece querer impor à sociedade majoritariamente conservadora pautas esquerdistas dissociadas da vontade do povo.

Como exemplo, o próprio ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, disse em entrevista que a Corte não pode decidir pela legalização do aborto enquanto 80% da população é contra.
Não entender que o povo é afeto à família, à religiosidade e aos costumes que passam de pai para filho, é não entender o Brasil.

É preciso buscar um caminho diferente dos últimos 10 anos. Caminho que passa pela renovação dos quadros políticos.