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Futebol feminino treina à espera de campeonatos

Americano consolida base, mas apoio da família ainda é fator determinante para muitas meninas continuarem em atividade

Esporte
Por Camilla Silva
10 de março de 2024 - 9h00
Foto: Silvana Rust

Em meio ao calor intenso da última semana, 26 atletas campistas se dedicaram com afinco aos treinamentos, preparando-se para enfrentar uma disputa que ainda não tem data definida. O time feminino do Americano Futebol Clube, único profissional de Campos a possuir um, começou 2024 com um forte trabalho de base, após conquistar o vice-campeonato da Copa Norte/Noroeste de Futebol Feminino no fim de 2023. Das jogadoras que integram a equipe, apenas quatro estão em idade profissional e 22 fazem parte da categoria sub-20.

As gêmeas Mycaella e Maria Clara Lemos, de 19 anos, jogam em posições diferentes, mas trilham juntas o caminho para o profissional em meio a dificuldades. “Quando veio a pandemia, parou tudo e a gente continuou trabalhando em casa, sem nenhuma estrutura, com uma garrafa pet (no lugar dos cones) e fomos evoluindo”, contou Mycaella.

Com apenas 13 anos, as também gêmeas Ana Clara e Nicolly Gomes já têm cinco anos dedicados em treinamentos em escolinhas e outros clubes em outros municípios, mas voltaram para Campos com a iniciativa do Americano.

Já Raphaely Martins e Laura Afonso, ambas com 15 anos, encontraram na iniciativa do clube a oportunidade de participar de um time profissional. A primeira, moradora de São Fidélis, vem todas as manhãs para treinar, a segunda decidiu morar na casa da irmã em Campos. Elas, assim como as outras em idade escolar, têm que conciliar a rotina de treinos com a de estudos. 

Foto: Silvana Rust

Sem data para estreia em 2024

A falta de competições é apontada como um dos fatores que  prejudicam o desenvolvimento das atletas. “A gente está buscando se preparar para o Estadual, que vai ser no final do ano. Até lá, estamos buscando outras competições pelo Estado, municipais e até fora do Rio”, afirmou o técnico do time, Guilherme Jr. Ele conta que os desafios ainda são muitos. “O trabalho de base em Campos estava muito defasado. Ainda bem que o Americano está vindo com outra mentalidade. Hoje já conseguimos segurar atletas que antes iam buscar oportunidades fora da cidade”.

O clube buscou parcerias com universidades de Campos e as jogadoras vão passar a ter acompanhamento multiprofissional. “Semana que vem, as meninas vão passar por avaliação nas faculdades que também estão abraçando a causa do futebol feminino em Campos”, contou. Além do treinador, a equipe técnica é formada pelo treinador de goleiro, assistente técnico, preparador físico e massagista. 

O treino acontece no campo do Campos Atlético Clube, localizado no Parque Leopoldina, em vez do Centro de Treinamento do Clube, situado no Parque Aeroporto. Apesar de oferecer uma localização mais acessível para muitas jogadoras, o local ainda carece de infraestrutura, especialmente para os espectadores que acompanham as atividades.

Apoio da família ainda é fator fundamental

Do lado de fora, pais e familiares acompanham as atividades realizadas no gramado. Apesar de o clube oferecer a equipe de treinamento e o local, muitas das atividades necessárias, como transporte, alimentação especial e musculação, são fornecidas e pagas por eles.

Cassia Gomes conta que as filhas gêmeas (Ana Clara e Nicolly) começaram a jogar pela influência do irmão mais velho, que sonhava em ser goleiro e também fez parte de equipes de base. “Chegou uma fase em que eu percebi que meu filho perdeu esse sonho, então eu falei: ‘com as minhas filhas não vai acontecer isso não’. Eu vou lutar até o fim com elas, porque hoje o sonho delas são os meus sonhos, eu vou sonhar junto com os meus filhos”.

Esse apoio é fundamental para muitas atletas, conforme destaca Nicolly Gomes. “A gente sempre teve o apoio da nossa mãe, mas os familiares não ligavam. Mas sempre foi a nossa mãe que nos apoiou, sempre levou a gente para treinar.”