No domingo (24), completou dois anos que a Rússia invadiu a Ucrânia dando início a um conflito que reporta ao pior do século 20, quando Adolf Hitler invadiu a Tchecoslováquia sob o olhar omisso, pacífico e consentido de outras nações europeias, particularmente do primeiro-ministro inglês, Neville Chamberlain. No ano seguinte, em 1º setembro de 1939, a máquina nazista ‘tomou’ a Polônia, deflagrando a Segunda Guerra Mundial. O conflito durou seis anos e matou 100 milhões de pessoas.
O longo parágrafo acima recorda um mundo de terror e atrocidades, que 85 anos depois volta a assombrar o que se pensava ter ficado no passado. É bem verdade, a paz desejada nunca prevaleceu. A todo tempo, em algum lugar, povos se enfrentaram. Gente com medo de gente; gente matando gente.
A escalada de Vladimir Putin sobre a Ucrânia traz os piores pesadelos do ‘velho mundo’ e faz erguer no nosso século o horror sanguinário que se julgava sepultado.
A velha ambição expansionista e o desejo oculto de reviver os anos de glória da antiga União Soviética podem não ter sido os elementos centrais da invasão. Mas, difícil não supor que estiveram presentes na invasão de 24 de fevereiro de 2022. Tanto que o povo russo comemorou – acreditou que a guerra acabaria em semanas – e a popularidade de Putin cresceu.
Situação atual
Afora a devastação, o pior é não se vislumbrar luz no fim do túnel. A Ucrânia, em seu legítimo direito de defesa, acredita que Kiev e suas fronteiras serão restabelecidas, expulsando as tropas russas.
Já Putin, ao contrário, não reconhece a Ucrânia como um país na acepção da palavra e que as forças russas – belicamente muito superiores, apesar das baixas – vão continuar avançando até que objetivo seja alcançado.
É uma guerra cruel visto que a Rússia tem como assimilar as baixas e continuar conquistando a Ucrânia cidade por cidade, rua por rua, casa por casa. Um quadro de devastação e sofrimento.
A Ucrânia vem
sendo conquistada
cidade por cidade,
rua por rua,
casa por casa
Face à atualidade do texto, reproduz-se abaixo linhas publicadas nesta página, dias após a invasão:
‘As ações beligerantes do presidente russo Vladimir Putin, desencadeadas na antevéspera de ‘nosso’ carnaval, deixam um lastro de lições e revelam que o mundo é um gigantesco cenário repleto de pontas soltas.
Os “surpreendentes” ataques trouxeram à tona sentimentos como incivilidade, hipocrisia, omissão e absurda ingenuidade.
A incivilidade está no próprio movimento do mandatário russo. A hipocrisia, nos líderes governamentais e não-governamentais – os mocinhos – que fingiam não ver o que estava à espreita.
Já a omissão é mais complexa: tanto pode esconder a falta de coragem – o temor de levantar armas contra um agressor fortemente preparado para uma guerra curta ou longa, estreita ou extensa, – quanto ouvir a voz da sensatez e não dar motivos para um conflito nuclear sem precedentes.
Por último, a ingenuidade, própria dos ‘tolos’ (e tem tolo nesse palco?), que além de não enxergarem um palmo à frente da face, ignoram episódios indissociáveis da História, particularmente os que precederam a II Guerra Mundial.’