Em um domingo (17) quente e de muitas emoções, Gabriel Casagrande confirmou a conquista do bicampeonato na Stock Car Pro Series. Pela segunda vez em três temporadas, o paranaense nascido em Francisco Beltrão atinge o Olimpo do esporte a motor nacional e novamente com uma trajetória que aliou grande performance e muita regularidade. Em casamento muito bem-sucedido com a equipe liderada por Mauro Vogel e Andreas Mattheis, o piloto de 28 anos agora é o mais novo integrante de um clube formado também por Giuliano Losacco e Rubens Barrichello, todos bicampeões da Stock Car.
Casagrande saiu do carro bastante exausto em razão do natural cansaço e do forte calor que fez na Zona Sul de São Paulo. A última etapa do campeonato para o agora bicampeão foi marcada por uma disputa bastante aguerrida com Rafael Suzuki (Pole Motorsport) na última volta da Corrida 1, para terminar em terceiro, enquanto seu principal concorrente, Daniel Serra, foi o quinto. Na segunda prova, foi conservador ao extremo para fugir das confusões, terminou em 21º, enquanto Daniel ficou longe do resultado necessário para ser campeão — era preciso vencer a prova — e terminou em 12º.
“Estou morto [risos]”, disse o novo bicampeão. “Tenho de agradecer a Deus pelo dom da vida e por ter me dado oportunidade e a capacidade de estar aqui mais uma vez fazendo isso. Amo minha família, que sempre me aguenta quando estou bravo em casa sem corridas… Agradeço aos meus patrocinadores, que fazem isso acontecer, a todos os que estão torcendo em casa. Toda a energia é muito bem-vinda. Somos bicampeões e vamos por mais”, vibrou Casagrande.
“Tentei definir na primeira corrida, cheguei até a assumir a liderança, mas o carro não aguentou até o fim. E na segunda prova sabia que tinha de marcar o Daniel. Ele teria de fazer 21 pontos. No fim das contas, é um alívio muito grande conquistar o título depois do que aconteceu ano passado. Agradeço demais ao ‘seu Mauro [Vogel], a todo o time de engenheiros e mecânicos, a todos os meus parceiros. Se estou aqui é por eles, que acreditam no nosso projeto e no nosso trabalho. Graças a Deus, deu tudo certo”, complementou.
“Estava muito mais nervoso [no primeiro título]. Dessa vez fiquei nervoso, óbvio, mas consegui controlar muito bem. Tenho de agradecer a todo mundo que trabalha comigo no preparo físico e mental. Sempre há uma cobrança interna, é natural, mas dessa vez consegui disfarçar bem o nervosismo, não afetou em nada a pilotagem. E a sensação, ah, essa é maravilhosa. O primeiro é muito especial, o segundo é uma continuação desse sucesso que atingimos. E não vamos parar por aqui”, acrescentou Gabriel.
O caminho rumo ao título de Casagrande em 2023 foi construído por três vitórias, duas poles, sete pódios, duas voltas mais rápidas e 14 presenças no grupo dos dez primeiros em uma temporada extremamente competitiva e equilibrada. Gabriel marcou um total de 308 pontos, enquanto o vice-campeão Daniel Serra (Eurofarma RC) terminou a temporada com 296. Ricardo Zonta (RCM Motorsport), vencedor da Corrida 1 deste domingo, fechou o ano em terceiro, com 280, mesma pontuação que Thiago Camilo (Ipiranga Racing), mas na frente pelo critério de desempate (maior número de vitórias). Felipe Fraga, da Blau Motorsport, concluiu o campeonato em quinto, com 265.
Ter um vice-campeão como Daniel Serra, um dos pilotos mais completos do Brasil, acaba por valorizar ainda mais a conquista de Casagrande. O tricampeão Serra ressaltou a união com a Eurofarma RC, lembrando as conquistas alcançadas de 2017 em diante.
“Estamos há sete anos juntos: sete anos lutando pelo campeonato. Fomos três vezes vice-campeões, três vezes campeões e uma vez terceiros colocados. Não perdemos o campeonato hoje, mas sim durante a temporada. Chegou um momento em que achamos que nem iríamos brigar mais pelo título, então, por esse motivo, temos de comemorar esse vice-campeonato”, afirmou o paulista de 39 anos.
E ainda que Serrinha tenha adiado o sonho do tetracampeonato para 2024, a Eurofarma RC teve muitos motivos para comemorar. A equipe liderada por Rosinei Campos, o ‘Meinha’, conquistou o título de campeã da Stock Car por equipes pela 12ª vez graças aos 497 pontos somados pela dupla de tricampeões Serra e Ricardo Maurício. A Ipiranga Racing, representada na pista por Thiago Camilo e César Ramos, foi a vice-campeã, com 470.
Quem também teve razões para festejar foi Felipe Massa, que venceu uma prova da rodada dupla pela segunda etapa consecutiva. O piloto da Lubrax Podium Stock Car Team liderou um top-3 da Corrida 2 que teve dois campeões na sequência: Marcos Gomes, em segundo, e Rubens Barrichello, na terceira posição.
As corridas — A corrida que abriu a Super Final BRB foi bastante técnica e decidida nos detalhes. Porém mesmo com vantagem confortável de 16 pontos para o vice-líder do campeonato, Gabriel Casagrande não fugiu das boas disputas, como a que travou com Rafael Suzuki na última volta e lhe valeu a terceira posição e o sétimo pódio do ano. A vitória ficou com Ricardo Zonta, a terceira dele na temporada — segunda em Interlagos — e a 11ª na Stock Car, enquanto o conterrâneo e amigo Julio Campos terminou logo atrás, marcando seu primeiro pódio no ano. Serrinha cruzou a linha de chegada em quinto, o que significaria que o tricampeão teria de vencer e ainda torcer para Casagrande não pontuar para buscar seu quarto título.
Última disputa da temporada, a segunda prova deste domingo em Interlagos foi bastante mexida em razão de incidentes, como na primeira volta. Mas foi um acidente sofrido por Sergio Ramalho nas voltas finais mexeu com os rumos da corrida. O safety-car foi benéfico para Felipe Massa, que fez seu pit-stop obrigatório pouco antes do acionamento da bandeira amarela. O ex-piloto da Ferrari na Fórmula 1 venceu em Interlagos depois de 15 anos, marcou seu segundo triunfo na Stock Car, e viu Marcos Gomes (Cavaleiro Sports) finalizar em segundo depois de o campeão de 2015 ter largado de último. O também ex-Ferrari Rubens Barrichello (Mobil Ale Full Time) concluiu em terceiro.
Casagrande nem precisou pontuar para comemorar seu segundo título na Stock Car. O paranaense terminou em 21º e viu Serrinha concluir a Corrida 2 em 12º, resultado insuficiente para o piloto da Eurofarma RC buscar o tetra. Hoje foi o dia de Gabriel comemorar.
Muito equilíbrio — A Stock Car se notabilizou novamente pelo enorme equilíbrio de forças ao longo de toda a temporada. Uma dessas marcas está no empate sacramentado entre as montadoras Toyota e Chevrolet, que somaram 12 vitórias cada uma em 2023.
Outro número impressionante está na quantidade de pilotos que subiram ao pódio pelo menos uma vez no campeonato. Com os segundos lugares de Julio Campos e do campeão de 2015 Marcos Gomes nas corridas 1 e 2 deste domingo, respectivamente, foram 24 competidores que conseguiram se colocar no top-3 em uma das 22 provas da temporada. E 12 deles terminaram no alto do pódio pelo menos uma vez.
Depois do domingo de campeões, a Stock Car já vislumbra o futuro. A temporada 2024 começa em 3 de março no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia (GO).
Stock Car Pro Series, etapa 12, Interlagos, Super Final BRB
Corrida 1, resultado final:
1º – Ricardo Zonta (RCM Motorsport/Toyota Corolla), 19 voltas em 33min04s890
2º – Julio Campos (Lubrax Podium/Chevrolet Cruze), a 2s370
3º – Gabriel Casagrande (A.Mattheis Vogel/Chevrolet Cruze), a 3s636
4º – Rafael Suzuki (Pole Motorsport/Chevrolet Cruze), a 4s041
5º – Daniel Serra (Eurofarma RC/Chevrolet Cruze), a 8s520
6º – Thiago Camilo (Ipiranga Racing/Toyota Corolla), a 16s746
7º – Bruno Baptista (RCM Motorsport/Toyota Corolla), a 18s806
8º – Felipe Baptista (KTF Racing/Chevrolet Cruze), a 21s280
9º – Cesar Ramos (Ipiranga Racing/Toyota Corolla), a 22s172
10º – Átila Abreu (Pole Motorsport/Chevrolet Cruze), a 23s515
11º – Enzo Elias (Crown Racing/Toyota Corolla), a 26s168
12º – Lucas Foresti (A.Mattheis Vogel/Chevrolet Cruze), a 31s086
13º – Sergio Ramalho (Hot Car Competições/Chevrolet Cruze), a 32s869
14º – Felipe Massa (Lubrax Podium/Chevrolet Cruze), a 36s394
15º – Ricardo Maurício (Eurofarma RC/Chevrolet Cruze), a 40s875
16º – Lucas Kohl (Hot Car Competições/Chevrolet Cruze), a 42s549
17º – Dudu Barrichello (Mobil Ale/Toyota Corolla), a 43s598
18º – Rubens Barrichello (Mobil Ale/Toyota Corolla), a 44s387
19º – Allam Khodair (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), a 46s882
20º – Rodrigo Baptista (KTF Sports/Chevrolet Cruze), a 53s820
21º – Cacá Bueno (KTF Sports/Chevrolet Cruze), a 57s917
22º – Gianluca Petecof (Full Time Sports/Toyota Corolla), a 58s665
23º – Guilherme Salas (KTF Racing/Chevrolet Cruze), a 1min09s538
24º – Matías Rossi (Full Time Sports/Toyota Corolla), a 1min19s503
25º – Denis Navarro (Cavaleiro Sports/Chevrolet Cruze), a 1min43s084
26º – Tony Kanaan (Texaco Racing/Toyota Corolla), a 1 volta
27º – Nelson Piquet Jr. (Crown Racing/Toyota Corolla), a 2 voltas
28º – Sergio Jimenez (Scuderia Chiarelli/Toyota Corolla), a 5 voltas
Não completaram
Felipe Fraga (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), a 8 voltas
Felipe Lapenna (Scuderia Chiarelli/Toyota Corolla), a 11 voltas
Marcos Gomes (Cavaleiro Sports/Chevrolet Cruze), a 13 voltas
Corrida 2, resultado final:
1º – Felipe Massa (Lubrax Podium/Chevrolet Cruze), 17 voltas em 32min03s043
2º – Marcos Gomes (Cavaleiro Sports/Chevrolet Cruze), a 0s491
3º – Rubens Barrichello (Mobil Ale/Toyota Corolla), a 1s524
4º – Ricardo Maurício (Eurofarma RC/Chevrolet Cruze), a 2s267
5º – Bruno Baptista (RCM Motorsport/Toyota Corolla), a 3s613
6º – Thiago Camilo (Ipiranga Racing/Toyota Corolla), a 5s935
7º – Átila Abreu (Pole Motorsport/Chevrolet Cruze), a 6s335
8º – Nelson Piquet Jr. (Crown Racing/Toyota Corolla), a 7s070
9º – Felipe Fraga (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), a 7s578
10º – Ricardo Zonta (RCM Motorsport/Toyota Corolla), a 7s948
11º – Matías Rossi (Full Time Sports/Toyota Corolla), a 12s193
12º – Daniel Serra (Eurofarma RC/Chevrolet Cruze), a 12s840
13º – Felipe Baptista (KTF Racing/Chevrolet Cruze), a 15s285
14º – Cesar Ramos (Ipiranga Racing/Toyota Corolla), a 15s433
15º – Denis Navarro (Cavaleiro Sports/Chevrolet Cruze), a 16s998
16º – Rodrigo Baptista (KTF Sports/Chevrolet Cruze), a 18s091
17º – Felipe Lapenna (Scuderia Chiarelli/Toyota Corolla), a 18s710
18º – Enzo Elias (Crown Racing/Toyota Corolla), a 19s815
19º – Julio Campos (Lubrax Podium/Chevrolet Cruze), a 20s283
20º – Rafael Suzuki (Pole Motorsport/Chevrolet Cruze), a 22s322
21º – Gabriel Casagrande (A.Mattheis Vogel/Chevrolet Cruze), a 22s778
22º – Lucas Kohl (Hot Car Competições/Chevrolet Cruze), a 23s889
23º – Allam Khodair (Blau Motorsport/Chevrolet Cruze), a 26s312
24º – Sergio Ramalho (Hot Car Competições/Chevrolet Cruze), a 5 voltas
Não completaram
Cacá Bueno (KTF Sports/Chevrolet Cruze), a 6 voltas
Sergio Jimenez (Scuderia Chiarelli/Toyota Corolla), a 13 voltas
Tony Kanaan (Texaco Racing/Toyota Corolla), a 13 voltas
Lucas Foresti (A.Mattheis Vogel/Chevrolet Cruze), a 13 voltas
Guilherme Salas (KTF Racing/Chevrolet Cruze), a 15 voltas
Gianluca Petecof (Full Time Sports/Toyota Corolla), a 16 voltas
Dudu Barrichello (Mobil Ale/Toyota Corolla), excluído
Gabriel Casagrande
O caminho rumo ao título
Vitórias: 3 (Interlagos, Velopark e Buenos Aires)
Poles: 2 (Interlagos e Velopark)
Pódios: 7
Voltas mais rápidas: 2
Números na carreira
Corridas: 217
Vitórias: 10
Pódios: 39
Poles: 8
Voltas mais rápidas:12
Campeão em 2021 e 2023
Classificação final do campeonato
1º – Gabriel Casagrande, 308 pontos
2º – Daniel Serra, 296
3º – Ricardo Zonta, 280
4º – Thiago Camilo, 280
5º – Felipe Fraga, 265
6º – Rafael Suzuki, 263
7º – Rubens Barrichello, 260
8º – Ricardo Maurício, 231
9º – Felipe Baptista, 229
10º – Felipe Massa, 224
11º – Cesar Ramos, 209
12º – Guilherme Salas, 206
13º – Gianluca Petecof, 205
14º – Nelson Piquet Jr., 191
15º – Julio Campos, 185
16º – Bruno Baptista, 181
17º – Matías Rossi, 178
18º – Átila Abreu, 177
19º – Lucas Foresti, 167
20º – Gaetano Di Mauro, 148
21º – Dudu Barrichello, 140
22º – Allam Khodair, 122
23º – Cacá Bueno, 116
24º – Marcos Gomes, 105
25º – Denis Navarro, 101
26º – Enzo Elias, 81
27º – Rodrigo Baptista, 68
28º – Sergio Jimenez, 64
29º – Lucas Kohl, 47
30º – Tony Kanaan, 28
31º – Felipe Lapenna, 13
32º – Arthur Leist, 9
33º – Sergio Ramalho, 8
34º – Rafael Martins, 6
35º – Antônio Junqueira, 4
36º – Raphael Teixeira, 4
37º – Diego Nunes, 2
38º – Santiago Urrutia, 0
Classificação final do campeonato por equipes
1º – Eurofarma RC, 497
2º – Ipiranga Racing, 470
3º – RCM Motorsport, 459
4º – A.Mattheis Vogel, 458
5º – Pole Motorsport, 427
6º – KTF Racing, 407
7º – Lubrax Podium Stock Car Team, 400
8º – Blau Motorsport, 387
9º – Full Time Sports, 379
10º – Mobil Ale Full Time Sports, 367
11º – Crown Racing, 278
12º – Cavaleiro Sports, 206
13º – Hot Car Competições, 203
14º – KTF Sports, 184
15º – Scuderia Chiarelli, 85
16º – Texaco Racing, 37
Todos os campeões da Stock Car
1979 – Paulo Gomes
1980 – Ingo Hoffmann
1981 – Affonso Giaffone
1982 – Alencar Junior
1983 – Paulo Gomes
1984 – Paulo Gomes
1985 – Ingo Hoffmann
1986 – Marcos Gracia
1987 – Zeca Giaffone
1988 – Fábio Sotto Mayor
1989 – Ingo Hoffmann
1990 – Ingo Hoffmann
1991 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli
1992 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli
1993 – Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli
1994 – Ingo Hoffmann
1995 – Paulo Gomes
1996 – Ingo Hoffmann
1997 – Ingo Hoffmann
1998 – Ingo Hoffmann
1999 – Chico Serra
2000 – Chico Serra
2002 – Chico Serra
2022 – Ingo Hoffmann
2003 – David Muffato
2004 – Giuliano Losacco
2005 – Giuliano Losacco
2006 – Cacá Bueno
2007 – Cacá Bueno
2008 – Ricardo Maurício
2009 – Cacá Bueno
2010 – Max Wilson
2011 – Cacá Bueno
2012 – Cacá Bueno
2013 – Ricardo Maurício
2014 – Rubens Barrichello
2015 – Marcos Gomes
2016 – Felipe Fraga
2017 – Daniel Serra
2018 – Daniel Serra
2019 – Daniel Serra
2020 – Ricardo Maurício
2021 – Gabriel Casagrande
2022 – Rubens Barrichello
2023 – Gabriel Casagrande