O país não enfrenta seu pior momento e tampouco a pior crise. Longe disso. Outros episódios, como o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1954) – que virou o país de ponta-cabeça – bem como e a renúncia de Jânio Quadros (1961), que colocou na Presidência Jango Goulart e acabou desaguando no fatídico 1964, foram períodos de intensa insegurança institucional. A ditadura que se seguiu, nem se fala.
Da mesma forma os impeachments de Collor e Dilma, é certo que em menor escalada que os acima citados, chacoalharam a política e deixaram a economia no fio da navalha. Felizmente, foram superados antes que pudessem produzir danos mais rigorosos.
Também não cabe incluir a odiosidade gerada pela disputa eleitoral entre Bolsonaro e Lula como algo devastador. Poderia, até, ter sido. Mas, não foi. Muita tensão, famílias divididas, amigos separados, ofensas e baixarias sem precedentes – a Internet ‘prestando’ um desserviço assombroso – mas, ao fim e ao cabo, a eleição transcorreu com certa normalidade. Lula venceu o pleito e tomou posse.
Mas, e agora?
É bom lembrar que toda crise política reflete na economia e das consequências – de maior ou menor dano; ou dano devastador – só se conhece depois. Daí, o perigo.
O ponto que se deseja chegar é que em todos os momentos críticos, por pior que fossem, havia, de forma clara, o pensamento, ou projeto, de como o Brasil tentaria sair da crise.
Na luta contra a ditadura, na superação de Collor, na recessão de Dilma – podendo ou não dar certo – o país olhava para frente em busca de soluções. Mas estamos fazendo isso hoje? Ou a conjuntura política está refém do Congresso – por apoios prometidos – e a economia ainda não enxergou a luz no final do túnel?
No mandato de oito semestre, o 1º já foi. E já ali na esquina, termina o segundo, concluindo 25% do período do governo Lula.
R$ 150 bilhões – Vejamos: como principal ação do governo na área econômica, temos o arcabouço fiscal – por sinal muito criticado. Entretanto, a ministra do Planejamento, Simone Tebet disse, que o governo precisa de R$ 150 bilhões para viabiliza-lo: “sozinho, não faz milagre”. Agora! Isso não deveria ter sido calculado antes de lançado?
A briga com o BC – O governo também não se acerta com Campos Neto, presidente do BC, argumentando que a inflação caiu, mas os juros de 13,75% (Selic) emperram a economia. Ok. Mas será que a inflação teria caído se a taxa tivesse baixado antes da hora?
A favor do governo, é razoável dizer que Campos Neto errou ao não sinalizar que apesar de manter os 13,75%, em breve a taxa iria cair, o que daria ânimo aos investidores, etc. Mas parece claro que a ‘briga’ do governo com Campos Neto o real.
O que conta – A política é um meio, cuja finalidade é o bem estar do povo. Um país não é apenas um pedaço de terra. Um país é governado por aqueles que o povo escolhe, os quais deverão montar estrutura de serviços essenciais para garantir saúde, educação, segurança, habitação, saneamento, transporte, etc. Desenvolvimento para gerar emprego possibilitando que todos tenham renda para a alimentação, vestuário, lazer e prosperidade familiar.
No Brasil, 30 milhões passam fome e ¼ da população vivem abaixo da linha da pobreza ou pobreza extrema. É um crime contra o povo.
Mudança – O governo Lula e os que virão adiante têm a de obrigação de reverter esse quadro. O presidente não pode dizer que agro é fascista; que quando governou “deu juro de 2% ao agro” – quando sempre esteve acima de 5% –; que não há ditadura na Venezuela ou questionar a autonomia do BC presente nos países que ‘vivem’ no século 21. Também não tem que se envolver nos temas sensíveis a outras nações, com falas fora de propósito como na ‘opinião que deu sobre a guerra na Ucrânia.
O governo deve cuidar de seu povo e deixar de lado revanchismos e rixas do passado. E, no que diz respeito as acusações e processos contra Bolsonaro, que cuide a Justiça.