Por Clícia Cruz, Júlia Alves, Marcos Curvello e Ocinei Trindade
Sumaya Barcelos e Adriano Martins – Em 1975, os cantores e compositores Milton Nascimento e Caetano Veloso se juntaram para escrever a canção “Paula e Bebeto”. A história do casal ficou famosa pelo refrão “Ê vida, vida, que amor brincadeira, à vera. Eles amaram de qualquer maneira, à vera. Qualquer maneira de amor vale a pena. Qualquer maneira de amor vale amar”. Inspirada nesses sentimentos musicais, o J3News conta a história de quatro casais bem diferentes uns dos outros, em idades e conceitos sobre a vida a dois. Na semana em que se comemora o Dia dos Namorados, refletir sobre o amor é essencial.
Sumaya Barcelos e Adriano Martins Pessanha, ambos de 18 anos, se conheceram em Quissamã e iniciaram o namoro quando tinham 13 anos. O que parecia um flerte da época de escola foi se consolidando e o relacionamento criando laços cada vez mais fortes entre eles. Atualmente, Sumaya cursa o primeiro período de Odontologia, no Uniflu; e Adriano faz curso teórico de piloto privado, sonhando com voos mais altos.
Sumaya estuda em Campos e só vai para casa nos fins de semana. Adriano se mudou de Quissamã para Campos no início desse ano e tem planos de fazer a parte prática de sua formação no interior de São Paulo. “Começamos a namorar quando tínhamos apenas 13 anos. Perto dela, sou uma pessoa mais feliz. Isso faz toda a diferença”, frisou Adriano. “Temos planos distintos, em termos de profissão, mas nada abala nossa relação. Nem mesmo a distância que possa surgir em algum momento. Quando há amor, tudo fica mais fácil, até superar os obstáculos”, acrescentou Sumaya.
Anderson e Junior – Quem diria que uma solicitação de amizade numa rede social te faria encontrar o amor da sua vida? Essa é a história de Anderson Souza, de 34 anos, e Júnior Santos, de 43 anos. O casal está junto há dois anos e quatro meses. No dia 19 de fevereiro de 2021, o Júnior enviou a solicitação para Anderson, que aceitou logo depois. Em seguida, eles começaram a conversar, trocaram telefones, vieram os primeiros encontros e eles não se desgrudaram mais.
O pedido de namoro foi realizado em menos de um mês em um restaurante praiano durante uma viagem que o casal realizou. Apaixonados e com quatro meses de relacionamento, o casal resolveu morar junto. Anderson dá detalhes da afinidade entre eles, “a nossa relação é bem alto-astral, eu sou o mais brincalhão da relação, Júnior mais sério, mas se tornou uma pessoa bem carinhosa.”
Em abril aconteceu a cerimônia de casamento e o dia 15 ficará marcado para sempre na história do casal. Foi a realização de um sonho para Anderson, “era um sonho meu, o Júnior nunca pensava em casar, ter festa, ele entrou no meu sonho e conquistamos juntos”, conta Anderson. Durante a leitura dos votos, Júnior declara “agradeço pelo lindo caminho que percorremos até aqui e prometo construir a cada dia mais uma jornada de respeito, alegria e união” finaliza.
Ana Carolina Fernandes Berto e Luiz Fernando Dias Rocha se conheceram em 2003, em São João da Barra, durante os ensaios do grupo teatral Nós na Rua da tradicional opereta natalina Reisado das Pastorinhas. Ela tinha 14 anos e ele, 15. O contato diário fez surgir uma amizade entre os dois. No entanto, Nando, como é conhecido, queria mais. Em uma viagem do grupo a Quissamã, manifestou diante da trupe o desejo de namorar Ana Carolina, que foi categórica: “somos apenas amigos”. Duas décadas depois, o casal se prepara para trocar alianças em julho e relembra a forma inusitada como esse amor se construiu.
“O tempo passou, essa história ficou no passado. Continuamos no teatro. Fizemos muitas peças juntos. Morei no Rio, tivemos outros relacionamentos. Em 2021, combinamos de ir à praia com um grupo de amigos, mas eles furaram. Então, nós dois resolvemos ir assim mesmo e aí acabamos ficando”, recorda Ana Carolina, que hoje tem 33 anos.
“Ficamos meio sem entender o que estava acontecendo. O que vamos fazer?”, se perguntava Luiz Fernando, atualmente com 34 anos. Mas o tempo trouxe a resposta. “É a mulher da minha vida. A gente dá muito certo. Acho que nunca fui tão compatível com ninguém. A gente construiu nossa casa, marcou o casamento e estamos muito felizes”.
A atriz Lucia Talabi e o artista plástico Rafael Sánchez confessam que não costumam se lembrar do dia 12 de junho como data comemorativa. A celebração da vida e do amor é diária, há mais de 30 anos, dizem. Eles estão juntos desde 1988, quando se conheceram na montagem da peça “Os Negros”, de Jean Genet, no Rio de Janeiro. Tiveram dois filhos, Jasmin, 33 e Rudá, 31. O casal trabalha como arte-educadores. Uma negra brasileira e um mestiço argentino fogem de estereótipos e driblam preconceitos com muita sabedoria e consciência.
Os preconceitos, racial e de nacionalidade, em algum momento se manifestam, mesmo que seja de forma velada. “Conscientes de sermos mestiços, construímos estratégias para não sermos magoados e estamos em constante combate a este crime. Aos que interessam manter a hegemonia do hemisfério norte, buscam reforçar a imagem de que países como Brasil e Argentina sejam rivais. Assim como observamos posturas racistas e xenofóbicas, também observamos atração, admiração e tesão entre estes povos”, garantem.
Após tanto tempo juntos, o namoro se manifesta com grande diversidade de sentimentos e comportamentos na maturidade. Lucia e Rafael se consideram mais poéticos do que românticos. São festeiros e carnavalescos em diversas ocasiões da vida. Para ambos, a melhor declaração de amor a ser feita na vida de um casal é: “Cuide de si e cuide de mim. Que o sentimento de posse não nos paralise. E o respeito e a liberdade sejam mantras”, finalizam.