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Arte urbana muda a paisagem de Campos

Progressivo Art Crew e o graffiti nas ruas da cidade

Cultura
Por Clube
21 de maio de 2023 - 0h01
A obra “Graffiti Bicentenário – Patrimônio Histórico Cultural de Campos dos Goytacazes” foi produzida por Anna Franthesca e pintada pelos artistas Andinho IDE!, Misterbod, Dom e Kane KS

Nas últimas décadas, Campos dos Goytacazes tem sofrido intervenções de artistas de rua que utilizam o graffiti para alterar parte da paisagem urbana. O Progressivo Art Crew é o primeiro coletivo da cidade com artistas de três gerações. As “crews” são coletivos ou grupos de grafiteiros que interagem com a cidade por meio da arte urbana, e que têm pertencimento com a rua. É importante ressaltar também o Lamparones Crew, coletivo de Campos que agrega todos os grafiteiros do município. Difícil é ficar indiferente às produções desses artistas em paredes, muros e edifícios da cidade.

Um dos mais recentes murais de Campos, pintado pelo coletivo Progressivo Art Crew, está em uma das paredes da Prefeitura Municipal. A obra “Graffiti Bicentenário – Patrimônio Histórico Cultural de Campos dos Goytacazes” foi produzida por Anna Franthesca e pintada pelos artistas Anderson Santos (Andinho IDE!), Jhony Siqueira (Misterbod), David Montezuma (Dom) e Killyacking Scoot (Kane KS).

São mais de 20 anos produzindo arte de rua como coletivo, desde o precursor do Graffiti no Norte Fluminense, Andinho IDE!, até as novas gerações de artistas que vieram depois. Além da região, os artistas participam de eventos de arte urbana nacionais e internacionais. Entre os principais trabalhos desenvolvidos em Campos nos últimos tempos estão o Festival Efeito 2022, realizado no bairro da Pecuária, onde foram pintadas três empenas (prédios) do conjunto habitacional Guadalajara (Pombal), o Mural Caligrafia Urbana 2021, no bairro do Jockey e o Mural Mata Atlântica Vive, em 2020, no bairro da Lapa, em parceria com a iniciativa privada.

As reações do público sobre a paisagem interferida com a arte do graffiti são distintas. “Existem as mais variadas reações, depende se o espectador gosta ou não do que o artista está pintando, mas na maioria das vezes as reações são de apoio, incentivo e admiração por parte do público”, cita Andinho IDE.

A produtora Anna Franthesca, inicialmente, pintava na rua, mas assumiu o trabalho de captar recursos via editais e profissionalizar a carreira do Progressivo Art Crew. “Já trabalho com a construção do nosso portfólio há 12 anos. Isso facilita muito a nossa carreira como artista, com a junção de bons artistas. Como produtora, já aprovamos editais como Prêmio FCJOL “Culture, Campos: Graffiti cultura nas ruas”, Sesc Pulsar, Rua Cultural, Cultura Presente nas Redes 2, Aldir Blanc 2, Cultura Presente nas Redes 1,
entre outros clientes de empresas públicas e privadas”, cita.

Empena do Conjunto Habitacional Guadalajara

Pichação X Grafitti

Ainda há associações do graffiti com a pichação nas ruas. A equipe do Progressivo Art se posiciona. “Para nós como artistas, o graffiti e a pichação fazem parte do mesmo universo. A diferença é que pelo código penal a pichação é considerada “vandalismo”, e o graffiti tem uma liberação da lei por atingir perante a sociedade o status de arte”, diz Anna Franthesca.

Conciliar arquitetura e urbanismo, o clássico e o tradicional, o moderno e o contemporâneo com graffiti coletivo pode ser um bom e belo desafio. “Um pichador uma vez disse ‘eu decoro a cidade de acordo com o meu gosto’. Nenhum agente urbano como um arquiteto, paisagista, engenheiro ou até mesmo os políticos, podem exercer nenhum controle sobre como a arte urbana interage com a cidade, seja ela área nobre, central ou periférica”, destaca Andinho IDE.

O custo para produzir painéis de graffiti depende do projeto e do layout. “É relativo, se é um muro ou uma empena, se é baixo ou alto, colorido ou monocromático. Cada projeto tem necessidades específicas para a realização desse cálculo ser precisa”, conta Jhony Siqueira.

Os painéis em muros e prédios têm durabilidade incerta. “Depende como foi finalizado, se a área sofre muita ou pouca exposição ao sol, se o mural foi impermeabilizado, se o suporte não sofre com infiltrações e fungos. Realizando o processo correto de preparação da superfície, pintando com uma tinta de qualidade e impermeabilizando, dura em média quatro anos”, comenta David Montezuma. Os murais são uma arte efêmera. “Quando sofrem a ação do tempo, têm que ser renovados. Não são como pinturas em tela que passam por restauração”, diz Kane KS.

Em uma sociedade cada vez mais urbana, as intervenções com arte de rua podem influenciar ou mudar a rotina das pessoas que transitam pelos ambientes públicos. “A arte, tanto dentro das galerias e museus, quanto na rua, traz uma reflexão e gera um pensamento crítico no espectador. A diferença é que no ambiente urbano todos têm acesso à arte, independentemente de classe, credo, raça, grau de escolaridade ou orientação sexual. Ela é pública, de fato”, conclui Andinho IDE.