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Pesquisa em Campos aponta que a cada três moradores do município, dois não se interessam por política

Núcleo Norte Fluminense do Observatório das Metrópoles reúne representantes da Uenf, UFF, IFF e UCAM e traça perfil da cidade

Pesquisa
Por Redação
11 de abril de 2023 - 7h47
Imagem Ilustrativa/Arquivo

Pesquisa do Núcleo Norte Fluminense do Observatório das Metrópoles na área urbana de Campos dos Goytacazes indica que dois terços (66,7%) dos campistas não se interessam por política. Perguntados sobre seu posicionamento político-ideológico, 21,7% não souberam ou não quiseram responder. Entre os que responderam, 39,7% se identificam com a direita, cerca de um terço (31,6%) se identifica com o centro, e 28,7% com a esquerda. Apenas 13% dos entrevistados se identificam com algum partido político. Os resultados são representativos da área urbana do município como um todo.

O INCT Observatório das Metrópoles é uma rede de mais de 400 pesquisadores instalados em 18 regiões metropolitanas e centros regionais do Brasil. O Núcleo Norte Fluminense reúne pesquisadores da UENF, UFF, IFF e UCAM. A pesquisa foi coordenada pelos professores Luiz César de Queiroz Ribeiro (UFRJ), Wania Mesquita (UENF), Érica Tavares (UFF), Humberto Meza (UFRJ) e Joseane Souza (UENF).

O questionário foi aplicado em 392 domicílios nos meses de fevereiro e março de 2022 como parte das atividades do projeto “Como se governam as cidades? Os desafios institucionais para o desenvolvimento urbano do Estado do Rio de Janeiro”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O projeto atual atualiza dados de estudo anterior realizado em Campos e outros municípios.

Entre os que declararam identificar-se com a direita, pouco menos da metade (16% do total de entrevistados) se enquadra na extrema direita. No grupo dos que se identificam com a esquerda, metade (14,3% do total de entrevistados) se percebem na extrema esquerda. A pesquisa analisa a cultura política da população de Campos bem como suas condições sociais e econômicas, além de identificar sua percepção acerca das políticas públicas urbanas e da atuação do poder público.

Sobre o acesso aos serviços coletivos urbanos nos domicílios abordados, afirma Érica Tavares, nota-se que o percentual de acesso a serviços é elevado. No questionário foram abordados os serviços ligados abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, energia elétrica, telefonia e internet. Apesar de o percentual de atendimento do abastecimento água ser elevado — 96% dos domicílios pesquisados —, o percentual de atendimento adequado de esgotamento sanitário é menor (88%), o que revela uma situação mais problemática especialmente em algumas áreas da cidade.

Já os serviços de coleta de lixo e energia elétrica não apresentaram significativas diferenças entre os domicílios, uma vez que quase 100% dos domicílios pesquisados são atendidos por coleta de lixo (a maioria sendo coletada diretamente por serviço de limpeza) e por serviços de energia elétrica (através da companhia distribuidora). Os/as entrevistados/as também responderam sobre as condições do domicílio a respeito do acesso a serviços de telefonia e internet.

Outro ponto importante é que a população foi questionada se enfrenta problemas em relação a algum dos serviços. No primeiro e no segundo subdistrito (que abrange bairros desde a região da Pecuária, passando pelo Centro, até bairros do IPS, Turf Club, Jockey, Tarcísio Miranda e outros), o serviço citado como mais problemático foi a energia elétrica. Já no terceiro e quarto subdistritos (que correspondem aos bairros de Guarus e à região da Penha), os mais citados foram problemas relativos ao abastecimento de água.

“Relacionando com o foco da pesquisa relativo à política urbana, vemos que ambos os serviços são prestados por empresas privadas: a empresa Águas do Paraíba, no caso dos serviços de abastecimento de água, e a empresa Enel, no caso dos serviços de energia elétrica”, comenta Érica.

Cidadãos resistem ao associativismo, exceto o religioso

Sobre as formas de participação política, pode-se observar que a predisposição a participar varia significativamente entre as diversas ações, como assinatura de abaixo-assinado, participação em manifestação, comício ou reunião política, fóruns de discussão e greve, entre outras. Em geral, observa-se que a participação política efetiva (quem já fez/participou de alguma dessas ações) é muito baixa, em torno de 9% a 24%. As ações relativas a “assinar uma petição ou fazer abaixo-assinado” ou “participar de comício ou reunião política” apresentaram participação um pouco maior — 38,3% e 38,7%, respectivamente. Nota-se uma expressiva resistência em participar dessas ações.

Sobre a participação em grupos ou associações, a partir dos dados válidos (excluídos os casos de “não sabe/não respondeu”) e considerando a participação total (participa ativamente + participa não ativamente), observa-se que apenas 2,3% dos entrevistados participam de partidos políticos; 2,7% de alguma organização não governamental; 5% de sindicatos, grêmios ou associação profissional; 9,9% de grupo desportivo, cultural e recreativo. Seguindo uma tendência nacional, é muito maior (60,5%) o percentual de participação em alguma organização religiosa. A igreja se destaca não apenas pela maior participação ativa (37,2% dos entrevistados), como também por enfrentar a menor resistência à participação (14,4%).

Fonte: Ascom /Uenf