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Mãe de Letycia conta que sentiu desde o primeiro momento que genro era o mandante do crime

Cíntia contou ao J3News que a filha foi aluna de Diogo no IFF

Tragédia
Por Clícia Cruz
8 de março de 2023 - 14h09
Mãe conta detalhes do relacionamento da filha com Diogo (Fotos: Silvana Rust)

Um homem inteligente, com mestrado, doutorado, bem criado, sabia falar outras línguas e tinha conversas muito interessantes. Esse era o perfil de Diogo Viola de Nadai, o professor que conquistou a jovem Letycia Peixoto Fonseca, quando deu aulas para ela no IFF. Letícia foi assassinada no dia 3 , grávida de oito meses e o filho, Hugo, que estava no ventre dela morreu um dia depois. Segundo a mãe de Letycia, Cíntia Fonseca o relacionamento do casal teve início no IFF, quando ela cursava a faculdade de engenharia. Cíntia conversou nesta quarta-feira (8), com a reportagem do J3News, e disse que desde o primeiro momento acreditou que Diogo fosse o mandante da morte da filha.   

“Ele não olhava nos meus olhos. Eu sabia e ele sentia que eu sabia”, afirmou Cíntia, contando que quando ocorreu o crime ela havia acabado de voltar com a filha do apartamento para onde ela e Diogo teoricamente se mudariam nos próximos dias. Cíntia contou ainda, que a filha e o genro estavam hospedados na casa dela enquanto não se mudavam e que após o crime, Diogo voltou para a casa dela e continuou se comportando como membro da família. “Teve um momento que ele se sentou do meu lado e me pediu um abraço, mas não olhava no meu olho. Quando uma pessoa te pede um abraço ela olha pra você”, relata.

Sete anos de relacionamento
A mãe de Letycia também contou que durante os sete anos de relacionamento, a filha chegou a se separar de Diogo algumas vezes, porque ele se recusava a apresentá-la a família dele. “Quando ela exigia ser apresentada ele inventava que o pai estava doente, que a mãe estava doente, ele sempre tinha uma desculpa, mas Letycia disse que o nascimento de Hugo era o limite dessa situação, que se quando ele nascesse, se ele não os apresentasse, que seria o fim do relacionamento”, disse Cíntia.  

Cíntia conta que a filha era uma moça alegre, independente e que estava prestes a realizar o grande sonha da sua vida, que era ser mãe.

Ela destaca o comportamento do então genro, sempre aparentemente muito cortês com a vítima e com a família. “Minha filha sempre foi muito paparicada por mim e pelo pai, nós sempre a chamamos de Bebê e ele começou a chamá-la também de Bebê, de Bebênção. Parecia cuidar dela, perguntava o que queria comer, trazia bolo para mim, tratava a todos nós muito bem, mas realmente o achava frio com relação ao nascimento do filho. A única coisa que ele comprou pro filho foi uma roupinha do Vasco, mas não demonstrava tanta felicidade com a chegado do Hugo”, disse.

Bolo de Letycia (Foto: Reprodução)

Letycia fez aniversário no dia 2 de fevereiro, mas a mãe fez uma pequena comemoração em família para ela no dia 26, quando encomendou um bolo, que tinha uma bonequinha grávida e a inscrição “Vem Hugo”. Ela contou que a filha se emocionou muito quando viu o bolo e curiosamente, morreu como a bonequinha do bolo, com a mão na barriga.

Sonho com a tragédia
A mãe da engenheira também contou o sonho que teve dias antes do ocorrido. “Eu sonhei que minha filha descia do carro e era morta, que levava tiros no rosto e na barriga. Não quis contar a ela, porque pensei que pudesse impressioná-la. No meu sonho eu via minha filha morta e vi o rosto dele (Diogo)”, diz a mãe, que relata que acordou com taquicardia, com a sensação de que ia passar mal.

Cíntia diz que já havia sentido indícios de um comportamento muito forçado do genro, mas que jamais poderia imaginar que culminasse numa tragédia. “Um dia eu fui espantar um gato de Letycia que estava dentro de casa. Não fiz nada com o gato, ele na mesma hora reclamou, chegou a chorar. Eu achei a cena muito exagerada, mas não entendi”, diz a mãe, lembrando que a filha chegou a pedir pra que ela fosse mais sutil na presença de Diogo. “Se você falasse pra minha filha que ele havia maltratado qualquer criatura que seja, ela não ia acreditar”, afirma.     

Sobre Diogo possivelmente ter reatado o casamento, Cíntia alega desconhecer o fato, contando que ele estava presente a todas as ocasiões em que a família se reunia, em ocasiões festivas, como Natal, Ano Novo e aniversários. “Porém, ele viajava muito, segundo ele, pra jogar pôquer, então se ele tinha ainda esse outro relacionamento, ele mantinha nessas viagens”, afirma.

Por fim, Cíntia disse que espera que Diogo pague, vivo, por tudo o que ele fez contra a filha dela. “Eu quero pena máxima pra ele pra todos os envolvidos”, disse.

Delegada Natália Patrão abraça mãe de Letycia e se comove

Cíntia conversou com a nossa equipe no pátio da 134ª DP e da DEAM, onde estava sendo realizada uma cerimônia em celebração ao Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, a delegada titular da 134ª DP, Natália Patrão, explicou porque não fez a oitiva com ela. “Eu quero me desculpar com a mãe da Letycia, porque não fui eu quem fiz a oitiva com ela, mas eu precisava me manter um pouco distante para ter a clareza necessária para agir, porque eu já estava movida por uma emoção muito grande e eu precisava manter o foco na solução do crime”, disse a delegada, que após a cerimônia foi abraçar Cintia, que está numa cadeira de rodas, após levar um tiro ao tentar segurar o homem que atirou na filha.

“Eu estou há 13 anos na Polícia e é comum que dentro do trabalho a gente vá perdendo a sensibilidade com relação aos casos comuns da delegacia, mas eu sou mulher, sou mãe, só nós sabemos do que nós somos capazes por um filho. Eu, em determinado momento, quase perdi minha filha e eu não tenho como não me comover num caso como esses”, disse a delegada, emocionada.   


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DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Aconteceu na manhã desta quarta (8), uma solenidade em celebração ao Dia Internacional da Mulher. O evento foi conduzido pela delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), Madeleine Dykeman. As delegadas Natália Patrão (134ªDP) e Pollyana Henriques (146ª DP), foram homenageadas na ocasião. A solenidade também contou com a presença da primeira-dama, Tassiana Oliveira, da subsecretária Josiane Viana, e de uma das primeiras ativistas pelos direitos da mulher em Campos, Vera Coutinho, além de representantes da OAB e outras entidades.