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Meningite: doença preocupa autoridades de saúde

Especialista reforça a importância da imunização para evitar o surto

Geral
Por Kamilla Póvoa
31 de outubro de 2022 - 9h50
vacina contra meningite

A volta de atividades ao ar livre e o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras fizeram com que os brasileiros voltassem a conviver com outros problemas de saúde que vão além do coronavírus. Entre eles, está a circulação do meningococo, principal bactéria por trás da meningite.

Considerada uma doença endêmica no Brasil, que circula o ano todo, a meningite acomete principalmente bebês, crianças e adolescentes, mas pode ocorrer em pessoas de todas as idades. Uma em cada cinco pessoas que contraem a meningite meningocócica morrem, segundo a diretora médica da Vaccini e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a médica pediatra Isabella Ballalai. Para ela, além da alta letalidade, preocupa, também, o fato de que uma em cada cinco pessoas que sobrevivem à doença apresenta sequela grave, como amputação dos membros. Por isso, a especialista ressalta a importância da vacinação.

Médica | Isabella Ballalai

Mas, o que é, exatamente, a meningite? Por que a meningite meningocócica é considerada uma das mais graves? Quais os tipos, causas, sintomas, gravidade e consequências? A médica pediatra explica que a doença, além de grave, é causadora de surtos, e, com as coberturas vacinais baixas, mantém autoridades de Saúde em alerta no Brasil.

“A meningite é uma doença causada por vírus, fungos e bactérias. Aquelas causadas por bactérias são as mais graves. Dentre as bactérias, a que mais causa doença no nosso país é a chamada meningococo. Ela vive no nariz e na garganta de algumas pessoas. Cerca de três a cada 10 adolescentes e jovens de até 24 anos carregam essa bactéria na sua garganta e no nariz e, sem saber, transmitem a doença. É claro, qualquer pessoa pode carregar, inclusive crianças, apesar de ser mais raro, mas esse público dos jovens são mais transmissores”, explica. A médica ressalta, ainda, que são cinco tipos do meningococo: A, C,W, Y e B. Por isso, existem vacinas específicas contra cada um deles.

País em alerta
O recente aumento no número de casos e mortes por meningite na cidade de São Paulo fez com que governos estaduais despertassem a atenção da população para a prevenção à doença, para que ela não saia do controle. Para isso, a vacinação é de extrema importância.

“A meningite meningocócica preocupa as autoridades públicas. Por isso, desde 2010, o Ministério da Saúde vacina as crianças menores de 5 anos com a vacina meningocócica do tipo C, que era o que mais causava a doença naquela época. Desde então, o meningo B tem sido causa de 60% dos casos da doença entre crianças e adolescentes, seguido pelo meningo W. Hoje, o número de casos do meningo C em crianças e adolescentes caiu por conta da vacinação. Mas, o meningo C ainda circula entre nós e a gente tem visto, como em São Paulo agora, um surto de meningo C por conta da baixa procura vacinal”, aponta.

Importância da vacina e a preocupação com o surto
As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam as vacinas contra os tipos ACWY e contra o tipo B para crianças e adolescente de até 19 anos de idade. Além disso, destacam a necessidade de reforços para a vacina ACWY — ou mesmo a C — aos 5, 11 e 16 anos de idade. O Ministério da Saúde oferece, hoje, a vacina contra o meningo C para crianças menores de 5 anos de idade e a vacina ACWY para os adolescentes de 11 a 14 anos.

Apesar dos avanços obtidos pela saúde pública nos últimos anos, a meningite é uma doença que causa muitas mortes. Isso sinaliza a importância do conhecimento das pessoas sobre como prevenir a doença. A vacinação é a principal ferramenta para evitar epidemias de meningite meningocócica.

“A gente hoje não vive o surto da doença no país. A gente viveu no início do ano no Espírito Santo e agora vive em uma região de São Paulo. O número de casos aumenta porque voltamos a circular com as crianças e adolescentes, muitos não vacinados. Não podemos deixar acontecer o surto. As famílias de nossas crianças e adolescentes precisam levá-los para se vacinarem. Todos, a partir dos três meses de idade e, até pelo menos, os 19 anos precisam ser imunizados contra a meningite meningocócica. O número de casos no Estado do Rio aumentou, mas não é um surto. Temos que vacinar, para não deixar que isso ocorra!”, falou.

Transmissão
A transmissão da meningite bacteriana ocorre de pessoa para pessoa, por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta expelidas durante a fala, espirro ou tosse. Algumas pessoas podem transportar as bactérias causadoras da doença em seus corpos mesmo se não estiverem doentes, como explica a médica pediatra.

“A meningite pega no silêncio. Você não vê, não precisa encontrar uma pessoa com a doença, porque muitos carregam a bactéria sem apresentar nenhum sintoma e transmitem conversando, bebendo no mesmo copo, da mesma forma que a gente pega tantas outras infecções transmissíveis por vias respiratórias. Quando a gente estava na pandemia, em casa, ou mesmo saindo de máscara, o número de casos de meningite meningocócica caiu muito, porque não dava para saber quem estava transmitindo. Por isso é importante vacinar”, finalizou.