O Governo do Estado anunciou a construção de quatro silos para atender a produção de grãos, principalmente soja e milho em Quissamã, no Norte do Estado. O investimento foi motivado após um estudo da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que apontou uma área de cerca de 320 mil hectares, na região, favorável à produção de grãos. Os produtores e prefeituras contarão com incentivo do Rio Milho, programa que tem o objetivo de criar um cinturão deste produto no Norte e Noroeste Fluminense. A obra tem orçamento inicial de cerca de R$ 10 milhões e, após iniciada, a expectativa é de cerca de seis meses para a conclusão.
“Hoje existe uma grande produção de soja e de milho em vários municípios fluminenses. Com isso, vimos a necessidade de condições melhores de armazenagem dos grãos e a região de Quissamã é estratégica porque atende muito bem as cidades tanto do Norte quanto do Noroeste do Estado. Além da proximidade com a BR para o escoamento dessa produção”, disse o secretário de Estado de Agricultura, Alex Grillo, na ocasião do anúncio.
Paulo Renato Marques, Presidente da Pesagro, explicou que a expectativa é de que essa produção atenda à necessidade de insumos na pecuária. Quissamã foi uma escolha estratégica para sediar o silo e também o projeto piloto de cultivo do programa Rio Milho.
“Esses grãos serão a base alimentar da produção de animais. Nós lançamos o programa com o governador, em Quissamã, onde a prefeita Fátima Pacheco comprou a ideia. Plantamos cerca de 300 hectares, para entender a resposta do solo a diversos cultivares de milho. Colhemos a primeira safra e, a partir daí, vamos incentivar que produtores do Norte e Noroeste possam plantar milho ou soja e esperamos que isso seja, efetivamente, a base de novas culturas. Só que, para que possamos dar essa tranquilidade, a Secretaria de Agricultura, no bojo desse projeto [Rio Milho], viu a necessidade de armazenagem e de secagem. Por isso, resolvemos criar uma instalação com esse perfil. Lançamos um edital e estamos, agora, no processo de finalização. A Prefeitura de Quissamã nos cedeu a área para instalar esses silos”, contou.
Segundo Paulo Renato, a estrutura, orçada em cerca de R$ 10 milhões, será uma instalação industrial composta por dois silos menores e dois grandes, com capacidade de receber até 3 mil toneladas de grãos.
“Estamos no processo de finalização da licitação para começar a construção naquela região, porque foi lá que identificamos, por meio dessa parceria, a possibilidade de ter um centro que pudesse irradiar essa cultura”, acrescentou o presidente.
Prefeita comemora novidade
A prefeita de Quissamã e presidente do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf), Fátima Pacheco, comemorou a novidade, que vai atender toda a região.
“Buscamos parcerias para a valorização das vocações do nosso município e região. A silagem garante que a perda nutricional da produção seja pequena e permite que o alimento seja armazenado por um longo período, graças a uma fermentação controlada durante o processo. É um investimento importante para auxiliar o trabalho do homem do campo, garantindo mais renda e empregos”, disse.
Benefícios para Campos
Segundo o secretário de Agricultura de Campos, Almy Júnior, alguns produtores do município já investem na produção de grãos. Ele alerta para a necessidade de implementação de seguros agrícolas que prevejam a instabilidade do clima na região e tragam segurança aos investimentos dos produtores.
“Nós temos vocação para a cultura do milho, além da soja e da cana. O custo dessa commodity é muito alto, compensa plantar e alguns produtores, com um nível de tecnologia mais alto, estão plantando. Na verdade, não é bem uma mudança de vocação. Nós temos estudos, da década de 1970, mostrando toda a viabilidade econômica de várias culturas, inclusive de soja e milho. A atividade agrícola reduziu muito, na cana, no leite e na produção de grãos, com essa necessidade de mudança no perfil da agricultura, onde agricultores grandes agora são menores, após as divisões de fazendas, mas temos produtores plantando milho. Tivemos um problema da seca severa, de abril até agora, e esse é o grande desafio. Se não montarmos grandes sistemas de irrigação, o produtor fica muito desprotegido. Aliado a isso, temos que ter uma política agrícola que considere o clima adverso para que o produtor tenha um seguro agrícola que compense quando ele perder tudo”, alertou o secretário.