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Febre maculosa ainda preocupa especialistas

Em Campos, o município aumentou a vigilância, com capacitação dos profissionais de saúde para lidar com a doença

Saúde
Por Mariane Pessanha
10 de outubro de 2022 - 0h02
Dr. Rodrigo Carneiro

Com oito notificações suspeitas, até agora, e uma morte (uma criança de 10 anos, moradora de Três Vendas, no mês passado), a febre maculosa tem preocupado especialistas em Campos. Seis casos já foram descartados no município. O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Rodrigo Carneiro, diz que entre as medidas tomadas pelo município para conter a doença está o aumento da sensibilidade da vigilância, por meio de capacitação dos profissionais de saúde, com treinamentos específicos para febre maculosa, podendo, assim, fazer o diagnóstico precocemente e instituir o tratamento. Também tem sido feito trabalho de campo, no qual o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza busca ativa para coleta de carrapatos para análise laboratorial. Essa análise é feita pelo Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).


“Informamos ainda que os Locais Prováveis de Infecção (LPI) dos casos notificados à subsecretaria receberam o trabalho de busca ativa do CCZ para identificação e recolhimento de amostras de carrapato para análise laboratorial. Também foram realizadas dedetização e orientação quanto à higienização do ambiente e animais domésticos”, esclarece o especialista.
A febre maculosa é transmitida por carrapato do gênero Amblyomma sculptum, mais conhecido como carrapato-estrela, infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. Ele pode ser encontrado em capivaras, cavalos e marsupiais, como gambá, e cães que circulam em regiões com infestação. A infecção ocorre com maior frequência em área rural devido à proximidade com o hospedeiro, mas também pode ocorrer em locais urbanos por causa do contato de animais com o carrapato infectado e, posteriormente, com o homem.
“No caso de encontrar carrapato fixado à pele, não espremer com as unhas, para não se contaminar. O ideal é retirá-lo com calma, com leves torções, com auxílio de uma pinça que deverá prender o aparelho bucal e não o corpo do carrapato. Feito isso, deve observar se terá os sinais e sintomas, como febre alta, dores de cabeça intensas, dor muscular e articular, dor abdominal, diarreia e exantema (manchas avermelhadas). Eles costumam aparecer entre dois e 14 dias após a picada do carrapato infectado. Caso a pessoa apresente sintomas, procure atendimento médico nas unidades de urgência e emergência, como, por exemplo, nas Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) e Hospital São José”, aconselha o subsecretário.

Carrapato-estrela transmite a doença

Notificação compulsória
De acordo com o Ministério da Saúde, todo caso de febre maculosa é de notificação obrigatória às autoridades locais de saúde. Deve-se iniciar a investigação epidemiológica em até 48 horas após a notificação, avaliando a necessidade de adoção de medidas de controle pertinentes. Os sintomas da doença são:  febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória.


Com a evolução da febre maculosa é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da Febre Maculosa é essencial para evitar formas mais graves da doença e até mesmo a morte. O tratamento é feito com antibiótico específico. Em determinados casos, pode ser necessária a internação. A medicação é ministrada por um período de 7 dias, devendo ser mantida por 3 dias, após o término da febre. Devem ser adotadas algumas medidas para evitar a doença, principalmente em locais onde haverá exposição a carrapatos, como, por exemplo, usar roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato. Os especialistas aconselham ainda o uso de calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas. É necessário evitar andar em locais com grama ou vegetação alta, usar repelentes de insetos e verificar se os animais de estimação estão com carrapatos.