O Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioambientais (NESA) da Universidade Federal Fluminense analisa os riscos relacionados aos desastres ambientais, como inundações e constantes alagamentos no município de Campos dos Goytacazes. Há pesquisas em áreas de Ponta Grossa, Morro do Coco, bairros de Guarus, Tapera, entre outros. Atualmente, a equipe da UFF faz estudos na localidade de Ururaí e no distrito de Santo Eduardo. A professora Erica Tavares é cientista social e especialista em Planejamento Urbano. Ela é uma das entrevistadas na reportagem de destaque do Jornal Terceira Via desta semana, “Casas sob constante risco às margens do Rio Paraíba do Sul”, (clique aqui). Erica avalia a situação de famílias de Campos que vivem em locais com algum tipo tipo de insegurança e riscos.
Como observa a situação de moradores em locais considerados de riscos em Campos?
Obviamente os riscos são de diversas ordens, envolvendo aspectos ambientais, mas também econômicos e sociais. A grande questão é que a definição do que seriam efetivamente os riscos geralmente passa por dimensões políticas. É muito importante que as percepções, experiências e vivências da população afetada sejam consideradas nas decisões e ações do poder público.
Em Campos, sabemos que há várias moradias em áreas sujeitas a inundações, alagamentos, próximas a rodovias, com precariedade de serviços de infraestrutura que remetem a vários tipos de riscos.
Quais soluções sobre moradias de risco poderiam ser apontadas?
Sobre as soluções para estes problemas, antes de qualquer intervenção, o poder público deve realizar estudos sobre as condições dessas áreas e avaliar as alternativas possíveis, com participação da população.
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Como analisa a atuação do poder público sobre moradias em risco?
As intervenções que temos conhecimento realizadas em Campos, principalmente através de políticas habitacionais, não consideraram a perpcepção dos afetados nem promoveram mecanismos de participação. Novas moradias em novas áreas podem ser a solução para algumas famílias, entretanto, para muitas delas, são necessárias políticas urbanas que considerem a possibilidade de permanência desses grupos sociais nos territórios em que sempre viveram, desde que haja melhoria das condições ambientais nesse entorno.
Há um número estimado de famílias que estariam vivendo em locais e em habitações impróprias no município de Campos?
Infelizmente não tenho conhecimento de uma estimativa precisa sobre a situação de moradias nessas condições em Campos dos Goytacazes, o que é outro problema – a falta de estudos que deem conta de avaliar esse cenário, que é um primeiro passo para implementação de qualquer medida.